Questões de Filosofia - Filosofia antiga
Assim como seu mestre Platão, a visão é valorizada por Aristóteles. Sobre o tema, leia o texto a seguir.
Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si mesmas, independentemente da sua utilidade e amam, acima de todas, a sensação da visão. [...] E o motivo está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimentos do que todas as outras sensações e nos torna manifestas numerosas diferenças entre as coisas. Os animais são naturalmente dotados de sensação; mas em alguns, da sensação não nasce a memória, ao passo que em outros nasce. [...] Nos homens a experiência deriva da memória. De fato, muitas recordações do mesmo objeto chegam a constituir uma experiência única. [...] Com efeito, os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência.
Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. Marcelo Perine da tradução italiana de Giovanni Reale. Loyola: São Paulo, 2002. p.3-4. Volume II.
Sobre o processo de conhecimento em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
Em A República, diálogo de Platão (séc. IV a. C.), mais especificamente no Livro V, é apresentada, pela primeira vez, uma visão sobre gêneros, na qual o referido filósofo vai destacar o papel da mulher na estrutura da pólis (cidade). Para ele, se a alma é só uma, enquanto constituição, não se difere em suas potencialidades, independente do corpo ser masculino ou feminino.
[...] Portanto - prossegui eu - se se evidenciar que, ou o sexo masculino, ou o feminino, é superior um ao outro no exercício de uma arte ou de qualquer outra ocupação, diremos que se deverá confiar essa função a um deles. Se, porém, se vir que a diferença consiste apenas no facto de a mulher dar à luz e o homem procriar, nem por isso diremos que está mais bem demonstrado que a mulher difere do homem em relação ao que dizemos, mas continuaremos a pensar que os nossos guardiões e as suas mulheres devem desempenhar as mesmas funções. (A República, V, 454d-e).
Se, para o referido filósofo, as potências dos gêneros são as mesmas, de que forma, em sua filosofia, Platão propõe solucionar as funções a serem desempenhadas pelos dois gêneros?
“A relação que constatamos entre o nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão não é para nos surpreender. A Cidade (pólis) realiza no plano das formas sociais uma separação entre a sociedade e a natureza; e essa separação pressupõe, no plano das formas mentais, o exercício de um pensamento racional. Com a Cidade, a ordem política se separou da organização cósmica; a Cidade aparece como objeto de uma constante indagação e reflexão, de uma discussão apaixonada e, ao mesmo tempo, argumentada”.
VERNANT, J.-P. A formação do pensamento positivo na Grécia arcaica. In: Mito e pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 462-263. (Texto adaptado)
Com base na citação anterior, é correto afirmar que a filosofia grega nasceu
Leia o texto.
O CONHECIMENTO: NOÇÃO DE CONHECIMENTO: A ALMA
O ser humano do mundo contemporâneo cada vez mais se transforma num formato tecnológico e pragmático. Ainda temos espaços para alma no mundo contemporâneo? Platão apresenta o conceito de Alma como centro do filosofar, pois é o que fundamenta a Teoria das Ideias: O conjunto de uma alma e um corpo chama-se homem. A alma humana é, pois, uma natureza intermediária entre o divino e o mundo, destinada ao conhecimento, mas por sua ligação com o corpo também pode cair no erro e ser arrastada pelas paixões, que a distanciam de sua destinação natural. Psykhé é princípio da vida mental e espiritual ou o princípio cognoscente. A alma é o que, em nós, conhece e permite conhecer.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. VOEGELIN, Eric. Ordem e História: Platão e Aristóteles. Vol. III. São Paulo: Editora Loyola, 2009. REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Vol. 2. São Paulo: Editora Paulus, 2003.
Sobre a concepção de alma pode-se afirmar que
“Se as coisas são indiferentes, imensuráveis e indiscerníveis e se, por consequência, sentido e razão não podem dizer nem verdade nem falsidade, a única atitude correta que o homem pode ter é a de não conceder nenhuma confiança aos sentidos nem à razão, mas permanecer adoxastos, vale dizer, sem opinião, ou seja, abster-se do juízo (o opinar é sempre um julgar), e, consequentemente, permanecer sem qualquer inclinação (não inclinar-se para uma coisa mais do que para outra), e permanecer sem agitação, ou seja, não deixar-se abalar por qualquer coisa, vale dizer, ficar indiferente.”
(REALE, Giovanni. História da filosofia antiga vol. III. São Paulo: Loyola, 1994, p. 409.)
A elucidação descreve uma famosa corrente filosófica da antiguidade clássica: o ceticismo. Então, para os céticos:
Leia com atenção a seguinte citação:
“É no plano político que a razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social pôde tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida”.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. – 2ª ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Difel, 1977, p. 42.
Considerando a passagem acima, assinale a opção que corresponde à explicação da tese de Jean-Pierre Vernant de que a filosofia “é filha da pólis”.