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Acesse GrátisQuestões de Literatura
Questão 9 6272523
UNESP 2022/2Carpe diem. É um lema latino que significa, lato sensu, “aproveita bem o dia” ou “aproveita o momento fugaz”. Esta expressão tem paralelo em línguas modernas, como no inglês: “Take time while time is, for time will away”.
(Carlos Alberto de Macedo Rocha. Dicionário de locuções e expressões da língua portuguesa, 2011. Adaptado.)
Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes versos de Fernando Pessoa
Questão 16 6303260
UFT Manhã 2022Leia o fragmento de Vidas secas, de Graciliano Ramos, para responder à QUESTÃO.
A vida na fazenda se tornara difícil. Sinha Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre.
Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 117.
Sobre o fragmento, é CORRETO afirmar que o narrador conta a história para:
Questão 1 6307806
EEAR 2022 A linguagem — a fala humana — é uma inesgotável
riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do
homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o
instrumento graças ao qual o homem modela seu
[5]pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços,
sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele
influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da
sociedade humana. Mas é também o recurso último e
indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em
[10] que o espírito luta com a existência, e quando o conflito se
resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador.
Antes mesmo do primeiro despertar de nossa consciência, as
palavras já ressoavam à nossa volta, prontas para envolver os
primeiros germes frágeis de nosso pensamento e a nos
[15] acompanhar inseparavelmente através da vida, desde as mais
humildes ocupações da vida quotidiana aos momentos mais
sublimes e mais íntimos dos quais a vida de todos os dias
retira, graças às lembranças encarnadas pela linguagem, força
e calor. A linguagem não é um simples acompanhante, mas
[20] sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento;
para o indivíduo, ela é o tesouro da memória e a consciência
vigilante transmitida de pai para filho.
Hjelmslev, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem.
A questão refere-se ao texto acima.
Em qual trecho evidencia-se que a linguagem precede a consciência humana?
Questão 16 6272534
UNESP 2022/2Para responder a questão, leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 1943.
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto.
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam.
Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso.
Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares.
Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime, infeliz consequência da paixão.
Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio.
Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação.
(Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.)
Na crônica, o Dr. França é caracterizado como
Questão 13 6303240
UFT Manhã 2022Leia o poema Vozes-mulheres, de Conceição Evaristo, para responder à QUESTÃO.
Vozes-mulheres
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexo
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe
em sia fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.
Fonte: EVARISTO, Conceiçã
o. Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 24-25.
Sobre o poema, assinale a alternativa INCORRETA:
Questão 8 6307815
EEAR 2022Considere as orações subordinadas adverbiais nos versos seguintes.
“Ainda que eu falasse línguas,
as dos homens e dos anjos
se eu não tivesse amor,
seria como sino ruidoso
ou como címbalo estridente.”
Marque a alternativa que apresenta a classificação ausente no trecho