
Faça seu login
Acesse GrátisQuestões de Português - Sintaxe
Questão 10 297954
Unisinos Verão 2018Nas falas do personagem Armandinho, no primeiro e no segundo quadrinhos, temos a mesma justificativa para o emprego da vírgula. Qual a função sintática, presente nos dois enunciados, que caracteriza a necessidade da referida pontuação?
Questão 52 177003
UnB 1° Dia 2017Rondó dos cavalinhos
[1] Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
[4] Acabou me enlouquecendo.
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
[7] O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!
Os cavalinhos correndo,
[10] E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reyes partindo,
E tanta gente ficando...
[13] Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
[16] A Europa se avacalhando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
[19] O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
[22] O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!
Manuel Bandeira. Antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 104.
Acerca do poema Rondó dos cavalinhos, de Manuel Bandeira, publicado originalmente em 1936, em outra versão, com o título Rondó do Jockey Club, julgue o item.
No verso 15, a palavra “grosso” exerce a função de adjunto adverbial e expressa o modo como falava a Itália.
Questão 8 631658
UFN Verão 2016“Selfio, logo existo”
Juan Arias
Será o ‘selfie’ uma forma freudiana de luta contra a
solidão e de busca de um sentido para a vida?
O Brasil passa por um momento paradoxal. Tem-se
a impressão de que é um vidro quebrado. A crise econô-
[5] mica que gerou a política ou, talvez, o contrário, inflama
os ânimos. Ressoam palavras duras como "ódio", "vi-
gança" ou "traição". É o gosto amargo da divisão, do "nós
contra eles", ou da queixa "deles contra nós". E, no en-
tanto, como em um mundo que vibra simultaneamente em
[10] outro diapasão, os brasileiros nunca gostaram tanto
quanto hoje de estar juntos, de ser fotografados se abra-
çando, de fazer um selfie.
Estarão essas duas sociedades condenadas a ser uma
assíntota da hipérbole, essas duas linhas que, mesmo ca-
[15] minhando juntas, nunca se encontrarão? […] Há 400 anos,
o filósofo francês Descartes, o pai da filosofia e da mate-
mática moderna, precursor do idealismo, resumiu seu
pensamento na famosa frase: "Penso, logo existo". Hoje
nosso mundo, que tem pouco a ver com o do filósofo (não
[20] sei se mais profundo e iluminado ou mais superficial),
pode dizer: "Selfio, logo sou". Refiro-me a essa febre do
autorretrato analisada por sociólogos e psicólogos, e por
aqueles que se dedicam a farejar as tendências da socie-
dade.
[25] Essa moda do selfie servirá para entender melhor o
sentido da vida de hoje, com suas contradições, sofrimen-
tos e glórias? Há poucos dias, outro filósofo francês, Cha-
rles Taylor, afirmava em uma entrevista para Frances Ar-
royo neste jornal que "as pessoas hoje não têm claro o sen-
[30] tido da vida". […] Melhor ou pior, o mundo de hoje é, no
entanto, o nosso, e não podemos fingir que não existe. E
é um mundo diferente daquele dos filósofos gregos ou la-
tinos, embora às vezes com as mesmas contradições e dú-
vidas. As crianças do futuro talvez não voltarão a escrever
[35] com as mãos. As de hoje já sabem fotografar com o celu-
lar aos 2 anos. Mudamos porque continuamos vivos. Só
os mortos não mudam.
Essa moda do selfie, que dominou com força todo o
planeta e também o Brasil, é antes de tudo algo democrá-
[40] tico, já que é usada por cidadãos de todas as categorias
sociais e de todas as classes econômicas. Do presidente da
República ao garçom do bar, do milionário ao trabalhador
pobre das favelas.
Será mais do que uma moda? Etimologicamente, o
[45] selfie, que já transformamos em verbo, era um ato indivi-
dualista, um autorretrato. Aquele narcisismo inicial deu
lugar, no entanto, a algo mais importante: à socialização
da fotografia. O selfie individual foi pluralizado. Agora
predominam os retratos de dois ou em grupo. Será uma
[50] forma inconsciente, freudiana, de lutar contra a solidão e
para estar ciente do eu também existo? Precisamos de al-
guém ao nosso lado, sem o qual nosso narcisismo inicial
ficaria vazio, puro vício solitário?
Alguém me fez observar que, enquanto nos selfies
[55] individuais podem existir fotos mais sérias, praticamente
não há selfies de casais ou de grupo nos quais os interes-
sados não estejam sorrindo. Existe uma cumplicidade es-
pontânea nesses retratos? Mesmo em selfies com uma per-
sonalidade importante, que deveriam ser sérios, as pes-
[60] soas sempre estão sorrindo.
Os selfies nos ajudam a tomar consciência em uma
sociedade de anônimos, de que somos, de que valemos
algo, embora seja através da sombra de alguém mais im-
portante do que nós? Quando o selfie ocorre entre casais
[65] que se amam, entre pais e mães encantados com seus pe-
quenos ou entre amigos, nos dá uma convicção interior de
que não apenas existimos, mas que também somos, que
nos amam, que não rejeitam nossa presença e até querem
perpetuá-la.
[70] Já sei que muitos pensarão que a filosofia e a estética
moderna do selfie parecem mais uma banalidade em com-
paração à antiga e inteligente filosofia dos gregos e roma-
nos. No entanto, não nos esqueçamos de que nosso mundo
de hoje, tão criticado pela superficialidade e injustiças, é
[75] infinitamente melhor, quase em tudo, do que o de apenas
cem anos atrás. […] Os sorrisos festivos dos selfies pode-
riam ser até uma bela profecia do desejo inconsciente de
querer buscar um sentido menos doloroso e bélico para a
vida.
[80] […] Um selfie com os leitores? Obrigado.
Fonte: EL PAÍS Brasil - 21 AGO 2015 - http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/21/opinion/1440181987_784618.html
No período “Etimologicamente, o selfie, que já transformamos em verbo, era um ato individualista, um autorretrato.”, (. 44-46), a oração sublinhada tem função sintática de
Questão 3 496011
UCPEL 2016Leia o texto a seguir.
Pingo
Passava de 22h, quando o casal, que vinha do
cinema, viu no meio-fio uma pequena forma
escura, sobre a qual se debruçavam três moças.
[5] A rua era tranquila, dessas que, mesmo
desembocando em outras de agudo movimento,
conservam sua placidez de província, alheias a toda
emoção fora de pauta. Um ponto escuro na calçada,
àquela hora de domingo, e a presença de moças
[10] em torno constituíam, pois, algo extraordinário,
cuja importância o casal intuiu devidamente.
A pequena sombra movia-se. Era gente,
mantinha a cabeça baixa, e suas mãos de menino
tenro lidavam com um caixotinho que iam
[15] convertendo em gravetos. Parecia muito
preocupado com a tarefa, de sorte que se manteve
alheio à exposição feita por uma das moças,
moradora na vizinhança.
Contava ela que, passando com duas amigas,
[20] também fora atraída pela coisinha movediça, no
recanto menos iluminado da rua. Aproximandose,
pôs-se a observar o garoto, que tremia de frio,
mas não abandonava seu trabalho. Perguntou-lhe
por que estava ali, já tarde, solito, desmanchando
[25] tabuinhas. E ele, que não se revelou amigo de
conversa, a custo, foi soltando sua explicação.
O pai deixara-o naquele ponto, recomendandolhe
que não saísse do lugar. Tinha que fazer e
voltaria mais tarde para buscá-lo.
[30] - E para onde foi seu pai?
- Eu é que sei?
- A que hora ficou de voltar?
- Não disse.
- E você vai ficar aí jogado até que ele volte?
[35] - Fico fazendo lenha, ué.
A moça viu logo que a primeira providência
era dar alimento e agasalho ao guri. Foi a casa,
correndo, trouxe um saco de biscoitos e um suéter
tanto mais admirável quanto estava exatamente na
[40] medida, como feito na previsão de uma criança de
cinco anos, que fosse encontrada ao abandono, em
noite de frio, na calçada.
Ele se deixou vestir, comeu com gosto e sem
pressa. Mas, enquanto comia, procurava despregar
[45] mais uns pedacinhos de madeira.
A moça pensou em recolhê-lo em casa, à espera
dos acontecimentos. Mas se o pai viesse e não
encontrasse o garoto no meio-fio, como restituílo?
Nessa fiúza, estavam já havia uma hora. Por
[50] outro lado, era estranho aquele pai que assim
deixava o filho atirado na rua, ao relento, sem
explicação. Voltaria? Nunca mais, talvez.
Restava o recurso de tomar um carro e ir
campear o barracão do menino, mas ele falava em
[55] sítios confusos, parecendo incapaz de localizá-los,
ou pouco disposto a isso. Apelar para a Delegacia
ou o Juízo de Menores, àquela hora da noite, seria
inútil. Na pior hipótese, a moça o guardaria em
casa, e amanhã se dá um jeito.
[60] Examinava-se o que convinha fazer, em
definitivo, quando outro grupo assomou à esquina,
e, vendo o ajuntamento, dele se aproximou. Eram
domésticas e operárias, que vinham rindo,
satisfeitas com o domingo bem vivido, ou por coisa
[65] nenhuma. Curvando-se, reconheceram logo um
irmão:
- É o Pingo!
Era Pingo, amigo de todas, domiciliado na Praia
do Pinto. Pai? Não tinha pai, pelo menos que
[70] alguma delas soubesse. A mãe era lavadeira, e
Pingo gostava de sair à aventura, percorrendo
mundo. Pingo é muito levado, tem imaginação.
Então a moça samaritana pediu às vizinhas de
Pingo que o levassem. Elas concordaram, e Pingo
[75] não fez oposição. Queria apenas carregar as
tabuinhas com que faria, em casa, um grande fogo.
Juntaram-se os fragmentos, e o bando partiu com
a mesma algazarra feliz, comboiando Pingo de
suéter novo, com as tabuinhas e os biscoitos
[80] remanescentes na mão.
- Você vai para o céu, Iolanda! – comentou o
casal, a uma voz.
Mas Iolanda seguia com os olhos o grupo de
raparigas e se preocupava. “Essa gente é meio
[85] maluca, sei lá se elas levam mesmo o garoto para
casa?”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Em “- Você vai para o céu, Iolanda!”(linha 81), a função sintática da palavra sublinhada é
Questão 61 251249
UNITINS 2015Aquela mulher estava bem séria e nervosa com o filho que não parava de jogar bola. Ela o chamou várias vezes e ele nem atendia. Desta vez ela gritou:
– Venha logo, meu filho! Venha já para dentro, criatura de Deus! Seu tio, o Toninho, já está chegando para nos levar até a casa de sua avó, Maria Joaquina.
Os termos destacados do texto exercem, respectivamente, as funções sintáticas de
Questão 3 496239
UCPEL 2015Leia o texto a seguir.
Mania de Perseguição
Não sei se sou azarado ou sortudo. Se é verdade
que, numa boa parte da vida, comi do pão que o
diabo amassou, devo admitir, hoje, vendo de longe,
[5] que foi melhor comer isso que nada.
De qualquer modo, por essa ou outra razão
qualquer, ando ultimamente com uma espécie de
miniparanoia, considerando-me, mais que os outros,
vítima frequente da Lei de Murphy. Por exemplo:
[10] no momento mesmo em que, aproveitando que os
carros vêm longe, atravesso a rua, tem sempre um
outro cara que decide atravessar, no mesmo instante,
em sentido contrário e na minha direção! Sou, então,
obrigado a desviar dele e já aí os carros se
[15] aproximaram ameaçadoramente, deixando-me
assustado e tenso. Por que isso? Querem outro
exemplo? Digamos que eu esteja com pressa e
caminho velozmente pela calçada da Avenida
Copacabana: surgirá em minha frente um sujeito
[20] empurrando vagarosamente uma carrocinha de
sorvete e, se tento ultrapassá-lo pela direita, ele vira
para a direita; se tento pela esquerda, ele vira para
a esquerda! Parece perseguição, penso comigo,
esforçando-me para afastar a ideia maluca de que
[25] sou perseguido por alguma entidade maligna. Isso
me faz lembrar o caso de um sujeito que não saía
de casa com medo de sofrer algum acidente fatal.
Um dia, ele saiu e foi vítima de uma bala perdida.
Nada a ver comigo, que estou sempre na rua,
[30] como já se viu. E, se é na rua que essas coisas me
acontecem, nem por isso penso em me trancar em
casa. Mas, voltando à paranoia, meu carro agora
deu para furar o pneu. Faz seis meses, fui visitar
um amigo em Santa Teresa e deixei o carro junto
[35] ao meio-fio. Quando voltava para casa, percebi que
o pneu estava vazio e tive que trocá-lo sem ajuda
de ninguém, pois era tarde da noite e a rua estava
deserta.
Pois bem, a mesma coisa aconteceu-me semana
[40] passada, mas com uma pequena diferença: chovia,
ou melhor, caía um pé-d’água. A Cláudia estava
comigo e tínhamos ido ao lançamento do livro de
um amigo no Leblon. Para chegar à livraria, já foi
um desespero, porque, além de chover, era no
[45] começo da noite: engarrafamento para todos os
lados. É verdade que eu, mais uma vez, errei o
caminho, e por isso nos metemos numa enrascada
ainda maior. Na hora de estacionar, claro, não havia
lugar. Dei outra volta no quarteirão e consegui
[50] finalmente uma vaga para deixar o carro. E
exatamente lá havia um prego à minha espera. A
caminho de casa, mal andamos cinco quarteirões,
percebi que uma das rodas da frente apresentava
algum problema...
[55] – Pneu furado de novo? – pensei comigo. Não
acredito! Parece perseguição!
Meu primeiro impulso foi encostar o carro em
qualquer lugar, abandoná-lo ali e seguir para casa
de táxi. Mas logo pensei nas consequências futuras
[60] e me submeti: parei o carro e tratei de trocar o pneu
furado. É aquele negócio: afrouxa os parafusos,
levanta o carro com o macaco, tira o pneu furado...
Só que, quando peguei o estepe, verifiquei que ele
também estava vazio.
[65] – Não acredito – gritei – e sentei no meio-fio, a
ponto de começar a chorar. A chuva começou a cair
mais forte ainda.
Foi quando apareceram sete pessoas vestidas de
vermelho. Uma delas aproximou-se de mim e
[70] perguntou se eu precisava de ajuda.
– Somos os Anjos da Guarda – disse-me ele. E,
de fato, no peito de cada um deles havia a inscrição
“Anjos da Guarda”.
Esses anjos providenciais foram comigo até um
[75] posto de gasolina que havia a quatro esquinas dali,
enchemos o estepe e voltamos sorrindo debaixo do
aguaceiro. Eles puseram o pneu no lugar, guardaram
o furado e as ferramentas na mala do carro.
– Tudo pronto, amigo.
[80] Apertei-lhes a mão, mas a minha vontade era
beijá-los, um a um.
– Estamos sempre nas ruas para combater o
crime e prestar socorro a quem necessite – disse o
que falava português, porque os demais falavam
[85] espanhol e japonês.
– Foi muita sorte – disse Cláudia.
– Mas tenho que tomar cuidado – respondi. –
Todo o mundo só tem direito a um anjo da guarda.
Eu acabo de dispor de sete. Estourei minha cota!
GULLAR, Ferreira. Poesia completa, teatro e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
Em “Tudo pronto, amigo.” (linha 79), a função sintática da palavra sublinhada é