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Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 1 6707209
UNIFIMES 2022Considere a tirinha de Laerte.
Mantendo o sentido original, a expressão “Por incrível que pareça” pode ser substituída por:
Questão 7 5674572
EAM 2021Texto
Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de
fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus
porque não pode perder o tempo da viagem. À comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar O dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que
precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. À ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir
publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam
na luz natural. As bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Jornal do Brasil, 19/2.
A polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir multiplicidade de sentido, que só se explica dentro do contexto.
Com base nessa afirmação, assinale a opção em que ambas as palavras destacadas têm significado equivalentes.
Questão 4 6131233
UEA - SIS Etapa 3 2021Leia o trecho do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum, para responder a questão.
A partida de Yaqub foi providencial para mim. Além dos livros usados, ele deixou roupas velhas que anos depois me serviriam: três calças, várias camisetas, duas camisas de gola puída, dois pares de sapato molambentos. Quando ele viajou para São Paulo, eu tinha uns quatro anos de idade, mas a roupa dele me esperou crescer e foi se ajustando ao meu corpo; as calças, frouxas, pareciam sacos; e os sapatos, que mais tarde ficaram um pouco apertados, entravam meio na marra nos pés: em parte por teimosia, e muito por necessidade. O corpo é flexível. Inflexível foi o próprio Yaqub, que enfrentou a resistência da mãe quando informou no Natal de 1949, que ia embora de Manaus. Disse isso à queima roupa, como quem transforma em ato uma ideia ruminada até a exaustão. Ninguém desconfiava de seus planos; ele era evasivo nas respostas, esquivo até nas miudezas do cotidiano, indiferente às diabruras do irmão, que soltava as rédeas no Galinheiro dos Vândalos.
Yaqub quase nada revelava sobre sua vida no sul do Líbano. Rânia, impaciente com o silêncio do irmão, com o pedaço de passado soterrado, espicaçava-o com perguntas. Ele disfarçava. Ou dizia, lacônico: “Eu cuidava do rebanho. Eu, o responsável pelo rebanho. Só isso”. Quando Rânia insistia, ele se tornava áspero, quase intratável, contrariando a candura de gestos e a altivez e aderindo talvez à rudeza que cultivara na aldeia. No entanto, havia acontecido alguma coisa naquele tempo de pastor. Talvez Halim soubesse, mas ninguém, nem mesmo Zana, arrancou do filho esse segredo. Não, de Yaqub não saía nada. Ele se retraía, encasulava-se no momento certo. Às vezes, ao sair do casulo, surpreendia. [...]
Yaqub vinha ruminando a mudança para São Paulo. Foi o padre Bolislau quem o aconselhou a partir. “Vá embora de Manaus”, dissera o professor de matemática. “Se ficares aqui, serás derrotado pela província e devorado pelo teu irmão.”
Um bom mestre, um exímio pregador, o Bolislau. A mãe se desnorteou com a notícia da viagem de Yaqub. O pai, ao contrário, estimulou o filho a ir morar em São Paulo, e ainda lhe prometeu uma parca mesada.
(Dois irmãos, 2006.)
• “Ninguém desconfiava de seus planos; ele era evasivo nas respostas, esquivo até nas miudezas do cotidiano, indiferente às diabruras do irmão, que soltava as rédeas no Galinheiro dos Vândalos.” (1º parágrafo)
• “Yaqub vinha ruminando a mudança para São Paulo.” (3º parágrafo)
“A mãe se desnorteou com a notícia da viagem de Yaqub.” (4º parágrafo)
Os termos sublinhados estão empregados, respectivamente, em sentido
Questão 6 6319900
UNICENTRO 2020TEXTO:
A maioria das pessoas acredita que a Floresta
Amazônica é o pulmão do planeta e que, se ela
desaparecer, o aquecimento global vai se acelerar
de modo calamitoso. Quanto a isso, vale uma
[5] ressalva. Para merecer o título de pulmão do planeta,
a região precisaria parar de envenenar a atmosfera
com gases de efeito estufa. Atualmente, as 260
usinas termelétricas em operação em sete estados
amazônicos, a grande maioria movida a óleo diesel,
[10] lançam, todo ano, na atmosfera, milhões de toneladas
de dióxido de carbono (CO2), principal gás que causa
o aquecimento global. Parece pouco diante dos 770
milhões de toneladas de CO2 emitidas anualmente
pelo desmatamento e pelas queimadas na floresta.
[15] O CO2 produzido pelas termelétricas amazônicas,
contudo, equivale ao dobro das emissões produzidas
no mesmo período pela frota de veículos da cidade
de São Paulo, a maior do país.
Manaus abriga uma das mais bem-sucedidas
[20] experiências de desenvolvimento sustentável, a Zona
Franca, que produz riqueza sem precisar destruir
um só graveto da floresta. Para movimentar suas
indústrias, no entanto, a cidade depende quase que
integralmente da queima de óleo. As termelétricas
[25] respondem por 85% por cento da eletricidade
consumida no Amazonas, 70% no caso do Acre e
60% no Amapá. O pulmão do mundo encontra-se
intoxicado pela fumaceira.
Numa região rica em recursos hídricos, não
[30] é nada demais esperar que, pelo menos, 90%
da energia elétrica consumida em suas cidades
venha de fontes limpas, como as hidrelétricas. “As
termelétricas, além de poluidoras, não são confiáveis.
Há grandes oscilações de energia ao longo do dia e,
[35] às vezes, falta luz. Isso representa um custo imenso
para as empresas que instalam geradores próprios
para se precaver da falta de energia”, diz o diretor do
Centro de Indústrias do Estado do Amazonas.
É preciso, pois, tirar do papel os projetos de
[40] grande porte, como as hidrelétricas, e apostar nas
energias alternativas para livrar a Amazônia da
fumaceira poluente e cara do óleo diesel.
SOARES, Ronaldo. O pulmão intoxicado pelo diesel. Veja, São Paulo: Abril, ed. 2130, ano 42. n. 37. p. 42-47, s/d. Especial Amazônia. Adaptado.
A alternativa em que a alteração proposta não mantém o seu sentido original é a
Questão 22 987309
UERJ 2020/1O CONTO A SEGUIR FOI RETIRADO DO LIVRO HORA DE ALIMENTAR SERPENTES, DE MARINA COLASANTI.
PESCANDO NA MARGEM DO RIO
Era um homem muito velho, que cada manhã acordava certo de que aquela seria a última. E porque
seria a última, pegava o caniço, a latinha de iscas, e ia pescar na beira do rio. As poucas pessoas
que ainda se ocupavam dele reclamaram, a princípio. Que aquilo era perigoso, que ficava muito só,
que poderia ter um mal súbito. Depois, considerando que um mal súbito seria solução para vários
[5] problemas, deixaram que fosse, e logo deixaram de reparar quando ia. O velho entrou, assim, na
categoria dos ausentes.
Ausente para os outros, continuava docemente presente para si mesmo.
Ia ao rio com a alma fresca como a manhã. Demorava um pouco a chegar porque seus passos eram
lentos, mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer. Não havia nada ali que não
[10] conhecesse, as pedras, as poças, as árvores, e até o sapo que saltava na poça e as aves que cantavam
nos galhos, tudo lhe era familiar. E embora a natureza não se curvasse para cumprimentá-lo, sabia-se
bem-vindo.
O dia escorria mais lento que a água. Quando algum peixe tinha a delicadeza de morder o seu
anzol, ele o limpava ali mesmo, cuidadoso, e o assava sobre um fogo de gravetos. Quando nenhuma
[15] presença esticava a linha do caniço, comia o pão que havia trazido, molhado no rio para não ferir
as gengivas desguarnecidas.
À noite, em casa, ninguém lhe perguntava como havia sido o seu dia.
Fazia-se mais fraco, porém.
E chegou a manhã em que, debruçando-se sobre a água antes mesmo de prender a isca na barbela
[20] afiada, viu faiscar um brilho novo. Apertou as pálpebras para ver melhor, não era um peixe. Movido
pela correnteza, um anzol bem maior do que o seu agitava-se, sem isca. Por mais que se esforçasse,
não conseguiu ver a linha, enxergava cada vez menos. Nem havia qualquer pescador por perto.
O velho não descalçou as sandálias, as pedras da margem eram ásperas.
Entrou na água devagar, evitando escorregar. Não chegou a perceber o frio, o tempo das percepções
havia acabado. Alongou-se na água, mordeu o anzol que havia vindo por ele, e deixou-se levar.
Ausente para os outros, continuava docemente presente para si mesmo. (l. 7)
Uma reformulação que mantém sentido equivalente ao da frase acima é:
Questão 31 1514744
ETEC 2020/1Leia o diálogo entre Menipo e Hermes para responder à questão
O diálogo, desenvolvido entre as personagens Menipo e Hermes, faz parte do livro Diálogo dos Mortos, do escritor Luciano de Samósata.
Menipo – Onde estão os belos e as belas, Hermes1? Leva-me até eles, pois eu sou novato aqui.
Hermes – Não tenho tempo, Menipo. Mas, olha aquilo ali, à direita: ali está Jacinto, também Narciso e Nireu e Aquiles2 ; e ainda Tiró, Helena3 , Leda, em suma, todas as beldades antigas.
Menipo – Eu estou vendo só ossos e crânios desprovidos de carnes, a maioria desses semelhantes.
Hermes – Contudo, aqueles são os ossos que todos os poetas admiram e que tu pareces desprezar.
Menipo – Mesmo assim, mostra-me Helena, pois eu não saberia reconhecê-la.
Hermes – Esse crânio aí é Helena.
Menipo – Então é por causa disso aí que foram lotados milhares de navios da Grécia inteira e tombaram tantos gregos e bárbaros, e tantas cidades foram arrasadas!
Hermes – Mas, Menipo, tu não viste essa mulher em vida; senão tu também terias dito que não merece castigo “sofrer dores por muito tempo por uma mulher”, porque também as flores secas, se alguém as contempla depois que elas perdem o viço, é evidente que lhe parecerão murchas; mas enquanto florescem e mantêm o colorido, elas são muito belas.
Menipo – Pois é isso mesmo que me causa admiração, Hermes: que os Aqueus4 não perceberam que estavam sofrendo por uma coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.
Luciano de Samósata, Diálogo dos Mortos. Trad. Henrique G. Murachco. Edusp: São Paulo, p. 67.
1. Hermes: divindade grega posteriormente assimilada à representação do deus Mercúrio, pela mitologia romana. Na cena, Hermes entrega as almas a Caronte, que se encarrega de fazê-las atravessar o Aqueronte, rio que separa o mundo dos vivos e dos mortos.
2. Aquiles: filho de Peleu e Tétis, o mais valente dos heróis na guerra de Troia, de cabeleira dourada. É jovem, forte e belo. Morre em plena juventude; por isso ele está ao lado de beldades, tais como Jacinto e Narciso.
3. Helena: mulher de Menelau, raptada por Páris, filho de Príamo, rei de Troia, foi a causa da guerra que levou ao Hades milhares de almas de heróis, segundo Homero.
4. Aqueu: relativo aos aqueus, um dos quatro ramos do povo grego antigo, ou indivíduo dos aqueus, relativo à Acaia (antiga Grécia), ou ao seu natural ou habitante.
Observe a passagem:
“...os Aqueus não perceberam que estavam sofrendo por uma coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.”
São sinônimas dos termos destacados, respectivamente, as palavras