Questões de Filosofia - Filosofia contemporânea
O homem que não tem a menor noção da filosofia caminha pela vida afora preso a preconceitos derivados do senso comum, das crenças habituais da sua época e do seu país, e das convicções que cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento deliberado de sua razão. Para tal homem, o mundo tende a tornar-se finito, definido, óbvio. Ao contrário, quando começamos a filosofar, imediatamente nos damos conta de que mesmo as coisas mais vulgares levantam problemas para os quais só podemos dar respostas muito incompletas. A filosofia livra-nos da tirania do hábito.
(Bertrand Russell. Os problemas da filosofia, 1972. Adaptado.)
De acordo com o filósofo Bertrand Russell nesse excerto, o enfrentamento da “tirania do hábito” pela filosofia contribui para
(...) “o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade.”
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. 9.)
Segundo a citação, é CORRETO afirmar.
Em sua obra "O Ser e o Nada", o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905 -1980) trata da condição humana, mais precisamente, da liberdade.
Para o referido filósofo, o homem, pela sua condição de ser homem, é ser livre e, portanto, ele, o homem, é fruto de sua liberdade porque, no seu dia a dia, escolhe as ações que fará. Dessa forma, a liberdade não é uma conquista humana, mas é uma condição da própria existência dele, do homem.
Explica o filósofo que “Com efeito, sou um existente que aprende sua liberdade através de seus atos; mas sou também um existente cuja existência individual e única temporaliza-se como liberdade [...] Assim, minha liberdade está perpetuamente em questão em meu ser; não se trata de uma qualidade sobreposta ou uma propriedade de minha natureza; é bem precisamente a textura de meu ser.”
Jean-Paul Sartre. Ser e o Nada. (Adaptado)
De acordo com o referido filósofo, se somos livres, temos sempre de escolher.
Ao analisar essa premissa, como condição em uma sociedade capitalista, afirma-se que “Se você fracassa, as escolhas foram suas.” Essa afirmação mais popular decorrente da premissa de Sartre está centrada no entendimento de que
O consumidor em uma sociedade de consumo é uma criatura acentuadamente diferente dos consumidores de quaisquer outras sociedades até aqui. Se os nossos ancestrais filósofos, poetas e pregadores morais refletiram se o homem trabalha para viver ou vive para trabalhar, o dilema sobre o qual mais se cogita hoje em dia é se é necessário consumir para viver ou se o homem vive para poder consumir. Isto é, se ainda somos capazes e sentimos a necessidade de distinguir aquele que vive daquele que consome.
(Zygmunt Bauman. Globalização: as consequências humanas, 1999.)
De acordo com o excerto, a sociedade atual, chamada por Bauman de pós-moderna, diferencia-se das suas predecessoras, pois
Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína sobre o sistema nervoso central, especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indígenas da Amazônia se beneficiavam das propriedades desta substância no alívio da fadiga, por meio do emprego do guaraná, sem necessariamente compreender sua composição química ou outras possibilidades terapêuticas.
(Ediara R. G. Rios et al. “Senso comum, ciência e filosofia – elo dos saberes necessários à promoção da saúde”. Ciência & Saúde Coletiva, 2007. Adaptado.)
O excerto ressalta um aspecto importante para o estudo do conhecimento, segundo o qual
Sempre que a relevância do discurso entra em jogo, a questão torna-se política por definição, pois é o discurso que faz do homem um ser político. E tudo que os homens fazem, sabem ou experimentam só tem sentido
na medida em que pode ser discutido. Haverá, talvez, verdades que ficam além da linguagem e que podem ser de grande relevância para o homem no singular, isto é, para o homem que, seja o que for, não é um ser político. Mas homens no plural, isto é, os homens que vivem e se movem e agem neste mundo, só podem experimentar o significado das coisas por poderem falar e ser inteligiveis entre si e consigo mesmos.
ARENDT, H. À condição humana. Rio da Janeiro: Forense Universitária, 2004.
No trecho, a filósofa Hannah Arendt mostra a importância da linguagem no processo de