Questões de Português - Gramática - Morfologia
Texto
Fomo, Fobo e Jomo: conheça as síndromes que podem surgir com o uso excessivo dos aparelhos eletrônicos
A internet e as redes sociais aumentaram a
velocidade em que as informações são atualizadas e
provocaram, consequentemente, uma necessidade
de conexão e atualização permanente na
[5] humanidade. Segundo o Estudo Longitudinal da
Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), a pandemia
aumentou em mais de 62% dos brasileiros o tempo
de exposição contínua a telas. De acordo com Ticiana
Macedo, médica psiquiatra e diretora do Nosso Lar
[10] Hospital, esse aumento pode acarretar implicações
para a saúde mental, e alguns termos como Fomo,
Fobo e Jomo surgiram para definir fenômenos
comportamentais decorrentes dessa
hiperconectividade.
[15] A Fomo, sigla advinda da expressão em inglês
“fear of missing out” – traduzida para o português
significa “medo de ficar de fora” – é caracterizada
por sentimentos de ansiedade decorrentes da
sensação de estar perdendo a vivência de
[20] experiências satisfatórias de outras pessoas.
“É aquela necessidade de estar por dentro de
tudo que acontece, o medo e ansiedade vêm quando
pensam estar perdendo algo importante. Essa
síndrome faz com que sentimentos de inferioridade,
[25] inveja e o receio de estar sendo excluído de qualquer
ocasião surjam”, explica a psiquiatra.
De acordo com a especialista, é fundamental
prestar atenção em sinais que podem indicar Fomo,
como a necessidade de checagem frenética das
[30] mídias sociais, o desejo de permanecer
constantemente conectado e a intensificação do uso
dos aplicativos de comunicação, na tentativa de
aliviar o sofrimento causado por eles, caracterizando
o início de um ciclo vicioso.
[35] Já a Fobo, sigla que vem da expressão “fear of
a better option" – que significa medo de uma opção
melhor – gera um sentimento de ansiedade pelo
excesso de opções e informações disponibilizadas
online, ocasionando o medo de escolher algo que
[40] não seja perfeito e a dificuldade de tomar decisões.
“Sempre parece existir uma oportunidade
melhor. A pessoa vive em constantes
questionamentos sobre o que poderia ter acontecido
e o que pode acontecer, não se atenta ao presente e
[45] vive em atormentações de possibilidades. Perguntas
como “e se?” e “mas talvez?” se tornam frequentes”,
explica Ticiana Macedo.
O portador de Fobo também costuma cancelar
compromissos no último minuto, por preferir outra
[50] opção e tem dificuldade de iniciar e finalizar planos.
Diferente de Fomo e Fobo, o termo Jomo não
representa uma síndrome, mas um estilo de vida em
contraposição às síndromes citadas, pregando o
prazer em não estar conectado a todo momento e a
[55] valorização da vida fora das telas. A prática está
ligada às mudanças de hábitos com melhoria da
produtividade, qualidade de vida, redução da
procrastinação e desenvolvimento das relações
sociais.
[60] Segundo ela, por evitar a comparação típica
das redes sociais e diminuir as chances do
desenvolvimento de ansiedade e depressão, a
prática traz benefícios para a saúde, em especial a
mental. Para inserir a prática Jomo na rotina,
[65] algumas dicas como diminuir o tempo nos
aplicativos, estabelecer metas diárias de tempo fora
do celular ou computador e determinação de
horários para desligar-se completamente do mundo
virtual podem ser seguidas. A psiquiatra orienta
[70] inserir na rotina atividades sem telas que
proporcionem prazer e evitar checar notificações do
celular em momentos de descontração.
Para Ticiana, dialogar sobre bem-estar e saúde
emocional na era da conexão e imersão digital é
[75] extremamente necessário. A psiquiatra atenta, no
entanto, para a importância de procurar ajuda e
orientação profissional caso esses sinais e sintomas
se tornem frequentes e comecem a atrapalhar a
rotina.
[80] “O estresse causado pela necessidade de estar
participando de tudo ao mesmo tempo gerou
consequências que afetam relações no geral”,
comenta. A psiquiatra alerta que a falta de foco nas
atividades, o não estar presente nas interações e a
[85] baixa produtividade foram os sintomas mais citados
nos últimos tempos.
“É importante citar que as redes sociais têm
um impacto negativo quando consumidas em
excesso. Por isso, é ideal impor limites para o uso
[90] excessivo e que cause dependência”, finaliza.
BRUNO, Elias. Fomo, Fobo e Jomo: conheça as síndromes que podem surgir com o uso excessivo dos aparelhos eletrônicos.
Disponível em https://www.segs.com.br/demais/352747-fomofobo-e-jomo-conheca-as-sindromes-que-podem-surgir-com-o-usoexcessivo-dos-aparelhos-eletronicos
O objetivo do texto é
Texto
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
[5] Eu não tinha estas mãos tão sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
[10] Tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou retida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Retrato. In: Viagem [1939]. Rio de Janeiro, Ed. Global, 2012, p. 29
No excerto “Eu não tinha estas mãos tão sem força, Tão paradas e frias e mortas” (linhas 61-62), a adjetivação significa
Nos versos "Soa quando no fundo dos espelhos / Me é estranha e longínqua a minha face", o vocábulo "estranha" deve ser classificado como:
Leia o diálogo entre Menipo e Hermes para responder à questão
O diálogo, desenvolvido entre as personagens Menipo e Hermes, faz parte do livro Diálogo dos Mortos, do escritor Luciano de Samósata.
Menipo – Onde estão os belos e as belas, Hermes1? Leva-me até eles, pois eu sou novato aqui.
Hermes – Não tenho tempo, Menipo. Mas, olha aquilo ali, à direita: ali está Jacinto, também Narciso e Nireu e Aquiles2 ; e ainda Tiró, Helena3 , Leda, em suma, todas as beldades antigas.
Menipo – Eu estou vendo só ossos e crânios desprovidos de carnes, a maioria desses semelhantes.
Hermes – Contudo, aqueles são os ossos que todos os poetas admiram e que tu pareces desprezar.
Menipo – Mesmo assim, mostra-me Helena, pois eu não saberia reconhecê-la.
Hermes – Esse crânio aí é Helena.
Menipo – Então é por causa disso aí que foram lotados milhares de navios da Grécia inteira e tombaram tantos gregos e bárbaros, e tantas cidades foram arrasadas!
Hermes – Mas, Menipo, tu não viste essa mulher em vida; senão tu também terias dito que não merece castigo “sofrer dores por muito tempo por uma mulher”, porque também as flores secas, se alguém as contempla depois que elas perdem o viço, é evidente que lhe parecerão murchas; mas enquanto florescem e mantêm o colorido, elas são muito belas.
Menipo – Pois é isso mesmo que me causa admiração, Hermes: que os Aqueus4 não perceberam que estavam sofrendo por uma coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.
Luciano de Samósata, Diálogo dos Mortos. Trad. Henrique G. Murachco. Edusp: São Paulo, p. 67.
1. Hermes: divindade grega posteriormente assimilada à representação do deus Mercúrio, pela mitologia romana. Na cena, Hermes entrega as almas a Caronte, que se encarrega de fazê-las atravessar o Aqueronte, rio que separa o mundo dos vivos e dos mortos.
2. Aquiles: filho de Peleu e Tétis, o mais valente dos heróis na guerra de Troia, de cabeleira dourada. É jovem, forte e belo. Morre em plena juventude; por isso ele está ao lado de beldades, tais como Jacinto e Narciso.
3. Helena: mulher de Menelau, raptada por Páris, filho de Príamo, rei de Troia, foi a causa da guerra que levou ao Hades milhares de almas de heróis, segundo Homero.
4. Aqueu: relativo aos aqueus, um dos quatro ramos do povo grego antigo, ou indivíduo dos aqueus, relativo à Acaia (antiga Grécia), ou ao seu natural ou habitante.
Observe a passagem:
“...os Aqueus não perceberam que estavam sofrendo por uma coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.”
São sinônimas dos termos destacados, respectivamente, as palavras
Transforme as locuções adjetivas destacadas em adjetivos, optando por uma das sugestões entre parênteses.
I Não se impressione, são apenas chuvas de verão. (verânicas, estivais, pluviais)
II Faça a catalogação dos livros por faixa de idade, pois isso facilita a consulta. (etária, vital, hereditária)
III Desculpe, mas seu comportamento foi de criança. (senil, pueril, inadequado)
IV Diferentemente de ontem, as águas do rio estão turvas. (hidroviais, rivais, fluviais)
V Foram lindos encontros de irmãos motivados pela mesma fé. (irmanados, fraternos, magistrais)
A resposta correta, de cima para baixo, é:
Leia o trecho da crônica Boca de Luar, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
– Você tem boca de luar, disse o rapaz para a namorada, e a namorada riu, perguntou ao rapaz que espécie de boca é essa, o rapaz respondeu que é uma boca toda enluarada, de dentes muito alvos e leitosos, entende? Ela não entendeu bem e tornou a perguntar, desta vez que lua correspondia à sua boca, se era crescente, minguante, cheia ou nova. Ao que o rapaz disse que minguante não podia ser, nem crescente, nem nova, só podia ser lua cheia, uai. Aí a moça disse que mineiro tem cada uma, onde é que viu boca de lua cheia, até parece boca cheia de lua, uma bobice. O rapaz não gostou de ser chamada de bobice a sua invenção, exclamou meio espinhado que boca de luar, mesmo sendo de luar de lua cheia, é completamente diferente – insistiu: com-ple-ta-men-te – de boca cheia de lua; é uma imagem poética e daí isso não tem nada que ver com mineiro, [...] Ah, disse a moça, você ficou zangado comigo, diga, ficouzinho? bobo, te chamo de bobo como te chamo meu bem, fica nervosinho não, eu agora estou sentindo que o que você falou é uma graça, boca de luar é legal, olha aqui, vou te dar um beijo superluar, você quer? Ele ensaiou uma cara de quem não quer ser beijado, mas os lábios da moça estavam já assumindo forma de beijo, avançavam para ele num movimento que parecia comandar e concentrar todo o corpo, como resistir? Pois resistiu, se bem que com intenção de ceder: daí a pouco. [...] Então, é assim? falou baixinho a moça, você não quer o meu beijo oferecido de coração, pois não vai ter mais nenhum nem agora, nem depois de amanhã nem nunca, ouviu, seu bolha? [...] E eu vou sofrer com isso? o moço não disse mas falou consigo mesmo, que bem me importa se ela não quer mais me beijar? eu beijo outras, beijo a prima dela, beijo milhões e acabou-se. Mas a moça, que despachara os lábios para o sem-fim, continuava diante dele, muito saborosa e séria, séria e saborosa, aquela pele fina e dourada, aqueles olhões, aquele busto, aquilo tudo de primeiríssima beleza, sem falar na boca ausente mas presente, sabe como é? Ele não sabia, mas a vontade de provar o beijo reapareceu depois que o beijo fora recusado para todo o sempre, e o rapaz avançou o braço direito para pegar docemente no queixo da moça, quem disse que o queixo cedeu? Ele fez um gesto mais positivo, tentando segurar o ombro da moça, o ombro esquivou-se ao toque, embora ela não recuasse. Continuavam próximos um do outro, a uma distância infinita do entendimento. [...] A moça visivelmente esperava o ataque, ele visivelmente se proibia de atacar, isso durou um tempão, com o beijo parado em potencial entre os poucos centímetros de uma boca a outra, eis senão quando – ui! – uma formiga, não mais que uma formiguinha, vinda de não se sabe que subterrâneo preparado para expedi-la, em momentos que tais, começou a subir ziguezagueando pelo pescoço da moça, ela deu um grito, ele se precipitou para caçar a formiguinha, os rostos tocaram-se, os lábios também, e o beijo desabrochou, flor na ponta de duas hastes conjugadas, superlunar e inevitável, beijo fluido e forte, resultante da incompreendida imagem poética ou da formiguinha encomendada, quem sabe, pelo rapaz ou pela moça?
(Boca de Luar. 1984)
O termo “superlunar”, no contexto em que foi empregado no texto, pode ser entendido como:
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