Questões de Português - Gramática - Sintaxe - Adjunto adnominal
Texto para a questão.
Mudanças climáticas: população relaciona mais a hábitos individuais do que à política ou às empresas, diz pesquisa do Fórum
Entrevistados reconhecem a emergência ambiental e demonstram preocupação. No entanto, a maioria se sente impotente frente ao problema
A responsabilidade pelas mudanças climáticas é mais do indivíduo do que de instituições públicas e empresas. Essa é a percepção com o maior número de menções feitas pelas pessoas entrevistadas pela pesquisa “Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Econômico: Percepções da População da Região Metropolitana do Rio”, realizada pelo laboratório Conexão do Clima. Depois dos consumidores, as indústrias são mais citadas como causadoras das alterações no clima. O agronegócio foi apontado pouquíssimas vezes.
A percepção majoritária sobre as causas das mudanças climáticas está relacionada ao consumo e a hábitos individuais. “O pior é o homem: induz consumo, ninguém se preocupa, quer comprar um carro melhor, quer conforto, não se preocupa em como se produz as coisas, vai comprando…”, disse um homem com idade entre 35 e 50 anos.
Para uma entrevistada, o problema é a educação. “Falta consciência… a gente compra compulsivamente. Eu adoro comprar em bazar, brechó, não uso copo descartável. E, se eu não consumo o produto, a fábrica não precisa produzir”.
Uma parte significativa do grupo de entrevistados afirmou que adota medidas para reduzir os impactos do consumo no meio ambiente. Foram citadas, majoritariamente, iniciativas relacionadas ao descarte de lixo e à prática do consumo consciente.
Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, analisou que o tema das mudanças climáticas “preocupa, mas não mobiliza”. Segundo ela, a estratégia de comunicação dos movimentos ambientalistas é falha, porque não consegue apresentar à população maneiras de agir ou de a convidar para a ação. “Há um potencial grande de comunicar que a gente não aproveita. Diversos problemas se relacionam às mudanças climáticas como os aumentos dos preços da energia e dos alimentos, por exemplo”.
Já Fábio Scarano, professor de Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ, avaliou que o fato de não ter acontecido algum fato ambiental semelhante no passado atrapalha a compreensão das pessoas no presente. “Essa fase é estranha, porque não conseguimos enxergar o que vem depois”, explica.
De acordo com a pesquisa, os desastres naturais como enchentes e deslizamento de terra foram os mais lembrados pelas pessoas entrevistadas como fenômenos causados pelas mudanças climáticas. “Ao mesmo tempo em que há a percepção de que a chuva forte e as enchentes são problemas antigos, desde a época de Dom Pedro, a maioria identifica que esses fenômenos estão mais recorrentes”, destacou Tatiana Roque.
As falas das pessoas ouvidas pela pesquisa confluem na avaliação de que a população mais pobre é quem mais sofre com os desastres naturais, uma vez que costuma viver em locais com menos infraestrutura e conta com menos recursos para enfrentar os desafios impostos pelas tragédias.
Disponível em: https://forum.ufrj.br/. Acesso em: 22 jul. 2023. (Adaptado)
Levando-se em consideração os contextos dos trechos a seguir, analise os aspectos gramaticais e sintáticos e as observações feitas sobre as expressões destacadas.
I. Em “Entrevistados reconhecem a emergência ambiental e demonstram preocupação. No entanto, a maioria se sente impotente frente ao problema”, os termos destacados são classificados sintaticamente como objetos diretos.
II. Em “Depois dos consumidores, as indústrias são mais citadas como causadoras das alterações no clima”, o verbo “ser” introduz um predicativo do sujeito.
III. Em “Há um potencial grande de comunicar que a gente não aproveita”, o verbo “haver” estabelece sujeito oculto; e o adjetivo “grande” é classificado sintaticamente como adjunto adnominal.
IV. Em “Essa fase é estranha, porque não conseguimos enxergar o que vem depois”, o pronome destacado exerce a função de adjunto adnominal; o adjetivo, a função de predicativo do objeto; e o verbo é transitivo indireto.
Está correto o que se afirma em
TEXTO
É proibido achar
Chego em casa à noite, exausto. A mesa vazia. Nada sobre o fogão. Nem no forno. Nem na
geladeira. Não há jantar. Pior! Os ovos, sempre providenciais, acabaram. Sou forçado a me contentar
com um copo de leite e bolachas. No dia seguinte, revolto-me diante da empregada.
— Passei fome!
[5] — Ih! Achei que o senhor não vinha jantar!
Solto faíscas que nem um fio desencapado ao ouvir o verbo “achar” em qualquer conjugação.
É um perigo achar. Não no sentido de expressar uma opinião, mas de supor alguma coisa. Tenho
trauma, é verdade! Tudo começou aos 9 anos de idade. Durante a aula, fui até a professora e pedi:
— Posso ir ao banheiro?
[10] Ela não permitiu. Agoniado, voltei à carteira. Cruzei as pernas. Cruzei de novo. Torci os pés.
Impossível escrever ou ouvir a lição. Senti algo morno escorrendo pelas pernas. Fiz xixi nas calças!
Alguém gritou:
— Olha, ele fez xixi!
Dali a pouco toda a classe ria. E a professora, surpresa:
[15] — Ih… eu achei que você pediu para sair por malandragem!
Vítima infantil, tomei horror ao “achismo”. Aprendi: sempre que alguém “acha” alguma coisa,
“acha” errado. Meu assistente, Felippe, é mestre no assunto.
— Não botei gasolina no carro porque achei que ia dar! — explica, enquanto faço sinais na
estrada tentando carona até algum posto.
[20] Inocente não sou. Traumatizado ou não, também já achei mais do que devia. Quase peguei
pneumonia na Itália por supor que o clima estaria ameno e não levei roupa de inverno. Palmilhei
mercadinhos de cidades desconhecidas por imaginar que hotéis ofereceriam pasta de dente. Deixei de
ver filmes e peças por não comprar ingressos com antecedência ao pensar que estariam vazios. Fiquei
encharcado ao apostar que não choveria, apesar das previsões do tempo. Viajei quilômetros faminto
[25] por ter certeza de que haveria um bar ou restaurante aberto à noite em uma estrada desconhecida.
Há algum tempo vi um livro muito interessante em um antiquário. Queria comprá-lo. Como ia
passar por outras lojas, resolvi deixar para depois.
— Ninguém vai comprar esse livro justo agora! — disse a mim mesmo.
Quando voltei, fora vendido. Exemplar único.
[30] — O senhor podia ter reservado — disse o antiquário.
— É, mas eu achei…
Mas eu me esforço para não achar coisa alguma. Quem trabalha comigo não pode mais achar.
Tem de saber. Mesmo assim, vivo enfrentando surpresas. Nas relações pessoais é um inferno: encontro
pessoas que mal falavam comigo porque achavam que eu não gostava delas. Já eu não me aproximava
[35] por achar que não gostavam de mim! Acompanhei uma história melancólica.
Dois colegas de classe se encontraram trinta anos depois. Ambos com vida amorosa péssima,
casamento desfeito. Com a sinceridade que só a passagem do tempo permite, ele desabafou:
— Eu era apaixonado por você naquela época. Mas nunca me abri. Achei que você não ia querer
nada comigo. Ela suspirou, arrasada.
[40] — Eu achava você o máximo! Como nunca se aproximou, pensei que não tinha atração por
mim!
Os dois se encararam arrasados. E se tivessem namorado? Talvez a vida deles fosse diferente!
É óbvio, poderiam tentar a partir de agora. Mas o que fazer com os trinta anos passados, a bagagem de
cada um?
[45] Quando alguém me diz:
— Eu acho que…
Respondo:
— Não ache, ninguém perdeu nada.
Adianta? Coisa nenhuma! Vivo me dando mal porque alguém achou errado! Sempre que posso,
[50] insisto:
— Se não sabe, pergunte! É o lema que adotei: melhor que achar, sempre é verificar!
CARRASCO, Walcyr. Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cidades/cronica-proibido-achar/. Acesso em: 07 set. 2019.
Assinale a sequência que identifica CORRETAMENTE as funções dos termos destacados:
I. Chego em casa à noite, exausto.
II. Olha, ele fez xixi!
III. “... tomei horror ao ‘achismo’”
IV. “... haveria um restaurante aberto à noite...”
V. “Acompanhei uma história melancólica”
VI. “Eu achava você o máximo!”
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
ANOTAÇÕES SOBRE INOCÊNCIO DA PAIXÃO, UM HIPOCONDRÍACO
Inocêncio Paixão era hipocondríaco e viciado em remédios. Sofria de 39 doenças imaginárias, algumas tão raras que desafiavam as maiores autoridades no assunto. Bastava alguém espirrar perto para Inocêncio da Paixão ficar gripado. E não era uma gripezinha boba que vitamina C e cama curavam, não. Era gripe com direito a febre de 40 graus e a delírio. Molhava pijamas e mais pijamas, de tanto que suava, e, em seus delírios, via-se de novo na casa da mãe, na rua Paraíba.
A casa tinha um quintal, onde um sabiá cantava, e galinhas ciscavam a terra. E Prima Mariana vinha. Prima Mariana era morena, verdes, feiticeiros olhos, e já vestida de noiva, com véu e grinalda, deixou o pobre Inocêncio esperando na igreja, no dia do casamento, e disse aos pais e às amigas:
– Eu, hein Rosa, só se eu fosse uma louca de casar com Primo Inocêncio: ele ama mais os remédios que a mim: a aspirina é mulher de sua vida.
O perfume preferido de Inocêncio era o cheiro de remédio, cheiro de farmácia. Ah, com que sofreguidão Inocêncio ia às farmácias para ver os últimos lançamentos dos laboratórios. Ficava horas e horas cheirando os frascos dos novos medicamentos e ia para casa levando remédios para todos os males. Inocêncio era um ávido leitor. Mas não pensem que lia os livros mais vendidos ou indicados pelos amigos. Os best-sellers na estante de Inocêncio eram as bulas de remédios. Sabia de cor e salteado as bulas e declamava a fórmula dos medicamentos como se declamasse um poema de Adélia Prado ou de Manoel Barros.
Quando ficou noivo de Prima Mariana, Inocêncio comprou uma aliança de brilhantes e mandou flores com um cartão em que dizia: “Mariana, você é a vitamina que eu pedi a Deus.” Não por acaso, Prima Mariana era médica. Passou, por sinal, a maior parte do tempo do noivado, já formada em medicina, cuidando da hipocondria do noivo. Até essa época, Inocêncio sofria, como já foi dito, de 39 doenças imaginárias. Bastava ouvir alguém falar numa doença que sentia logo todos os sintomas. Alguém estava com úlcera? Inocêncio logo passava a cultivar uma úlcera como uma flor. Diabetes? Lá ia Inocêncio prescrevendo a si mesmo regime alimentar que quase o matava de inanição. Cortou o açúcar de sua vida e enviou flores a Prima Mariana com este cartão:
– Você é o que restou de doce em minha vida, Prima Mariana.
Uma vez, Inocêncio achou que estava sofrendo de Aids. Não, não era de nenhum grupo de risco, não. Nem era dado ao uso de droga alguma, quanto mais através de pico. Aconteceu que Inocêncio foi ao Rio de Janeiro e ficou hospedado num famoso hotel, o que não impediu que os pernilongos não o deixassem dormir. No meio da insônia, Inocêncio suspeitou que o apartamento em questão tinha sido ocupado, dois dias antes, por um famoso roqueiro, que estava com Aids. Prima Mariana foi acordada em casa, em Belo Horizonte, por um telefonema de Inocêncio perguntando:
– Pernilongo transmite Aids?
Estava certo de que os pernilongos tinham ferroado o roqueiro e, agora, transmitiam a Aids. Pobre Prima Mariana. Nunca ficou livre de Inocêncio. Noites dessas, foi acordada por Inocêncio, que ia se internar num famoso hospital. Não, desta vez não sofria mais um infarto imaginário. Desta vez sentia todos os sintomas da febre amarela. Preparou-se para morrer. Quando a equipe médica chefiada por Prima Mariana examinou-o e disse que estava são como um coco, Inocêncio ficou desolado. Consolou-se com a suspeita de que já estava na idade de ter problemas com a próstata.
(DRUMMOND, Roberto. Melhores crônicas. São Paulo: Global, 2005, p.83-85.)
É CORRETO afirmar que os termos grifados possuem a mesma função sintática em
Nas falas do personagem Armandinho, no primeiro e no segundo quadrinhos, temos a mesma justificativa para o emprego da vírgula. Qual a função sintática, presente nos dois enunciados, que caracteriza a necessidade da referida pontuação?
Marque a opção em que a expressão destacada possui valor adjetivo.
No blogue do jornalista humorístico José Simão, foi publicado um meme que traz a imagem de um homem com barriga bastante saliente, trajando uma farda policial, acompanhada da seguinte frase, assinalada por vírgula: “Pela volta do regime, militar”.
Sobre o humor contido nesse meme, analise as assertivas seguintes.
I. O humor do meme provém exclusivamente da ambiguidade da frase, independendo da relação entre o texto e a imagem do homem com acúmulo de gordura abdominal.
II. Ocorre uma quebra da expectativa referente à frase sem vírgula “Pela volta do regime militar”, em que “regime” significaria sistema de governo e “militar” é um adjetivo que funciona como adjunto adnominal de “regime”, manifestando um desejo pelo regresso da ditadura militar no país.
III. Na frase que compõe o meme, a vírgula transforma a palavra “militar” em substantivo com função de vocativo, sugerindo à personagem obesa retratada na imagem que volte a fazer um “regime”, ou seja, uma reeducação alimentar para diminuir sua barriga.
Encontra-se correto o que se comenta
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