Questões de Português - Gramática - Semântica - Paráfrase
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão
TEXTO
A partir de 1º de agosto de 2023, as farmácias podem realizar exames de análises clínicas. Antes, esses locais só estavam autorizados a fazer testes de Covid-19 e de glicemia. A medição de pressão arterial — permitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009 — consta na lista de procedimentos. Os exames não servem para diagnóstico, somente triagem, ou seja, facilitam a detecção de doenças, mas não devem ser usados de forma isolada para a tomada de decisões clínicas.
O anúncio, feito em maio pela Anvisa, atualiza uma norma que já existia. “A resolução aprovada substitui a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 302/2005, uma vez que a evolução do setor de diagnósticos, assim como dos produtos e instrumentos para diagnóstico, é evidente, e a defasagem da norma frente à realidade tecnológica já era apontada desde a abertura do processo regulatório, em 2017”, afirma o texto da resolução.
Pela nova regra, as farmácias estão habilitadas a realizar exames de análises clínicas a partir de material biológico primário, desde que todas as etapas sejam feitas após a coleta no próprio estabelecimento e não necessite de instrumento para leitura, interpretação ou visualização do resultado. É proibido guardar, transportar, receber ou enviar material biológico para outros serviços, bem como realizar punção venosa e arterial. [...]
Segundo a agência, as farmácias que oferecerem os procedimentos — adesão não é obrigatória — deverão ter profissionais habilitados (responsável técnico ou farmacêutico) e treinados para a coleta.
Os resultados que indiquem doenças de notificação compulsória, como Covid-19, gripe, dengue etc, deverão ser notificados ao Ministério da Saúde, conforme previsto na legislação brasileira.
Quanto aos preços, estão sujeitos à livre concorrência das farmácias, segundo a Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias).
PASQUINI, P. Farmácias podem fazer exames de análise clínica. Folha de S. Paulo. 1º ago. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/08/ farmacias-do-pais-comecam-a-fazer-exames-de-analiseclinica.shtml. Acesso em: 13 ago. 2023. [Fragmento adaptado]
Assinale a alternativa em que a reescrita não é paráfrase na dupla de enunciados.
Texto
Da solidão
Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão.
Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se
manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para
que delas se apodere imensa angústia: como se o peso do
[5] céu desabasse sobre sua cabeça, como se dos horizontes
se levantasse o anúncio do fim do mundo.
No entanto, haverá na terra verdadeira solidão?
Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por
infinitas formas da Natureza e o nosso mundo particular
[10] não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios,
de ideias, que impedem uma total solidão?
Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora
com vida e voz que não são humanas, mas que podemos
aprender a escutar, porque muitas vezes essa linguagem
[15] secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como
aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros,
podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse
aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sentiremos
enriquecidos.
[20] Pintores e fotógrafos andam em volta dos objetos
à procura de ângulos, jogos de luz, eloquência de formas,
para revelarem aquilo que lhes parece não só o mais
estático dos seus aspectos, mas também o mais
comunicável, o mais rico de sugestões, o mais capaz de
[25] transmitir aquilo que excede os limites físicos desses
objetos, constituindo, de certo modo, seu espírito e sua
alma.
Façamo-nos também desse modo videntes:
olhemos devagar para a cor das paredes, o desenho das
[30] cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos
tecidos sem maiores pretensões. Não procuremos neles a
beleza que arrebata logo o olhar, o equilíbrio de linhas, a
graça das proporções: muitas vezes seu aspecto – como o
das criaturas humanas – é inábil e desajeitado. Mas não é
[35] isso que procuramos, apenas: é o seu sentido íntimo que
tentamos discernir. Amemos nessas humildes coisas a
carga de experiências que representam, e a repercussão,
nelas sensível, de tanto trabalho humano, por infindáveis
séculos.
[40] Amemos o que sentimos de nós mesmos, nessas
variadas coisas, já que, por egoístas que somos, não
sabemos amar senão aquilo em que nos encontramos.
Amemos o antigo encantamento dos nossos olhos infantis,
quando começavam a descobrir o mundo: as nervuras das
[45] madeiras, com seus caminhos de bosques e ondas e
horizontes; o desenho dos azulejos; o esmalte das louças;
os tranquilos, metódicos telhados... Amemos o rumor da
água que corre, os sons das máquinas, a inquieta voz dos
animais, que desejaríamos traduzir.
[50] Tudo palpita em redor de nós, e é como um dever
de amor aplicarmos o ouvido, a vista, o coração a essa
infinidade de formas naturais ou artificiais que encerram
seu segredo, suas memórias, suas silenciosas experiências.
A rosa que se despede de si mesma, o espelho onde pousa
[55] o nosso rosto, a fronha por onde se desenham os sonhos
de quem dorme, tudo, tudo é um mundo com passado,
presente, futuro, pelo qual transitamos atentos ou
distraídos. Mundo delicado, que não se impõe com
violência: que aceita a nossa frivolidade ou o nosso
[60] respeito; que espera que o descubramos, sem anunciar
nem pretender prevalecer; que pode ficar para sempre
ignorado, sem que por isso deixe de existir; que não faz da
sua presença um anúncio exigente " Estou aqui! estou
aqui! ". Mas, concentrado em sua essência, só se revela
[65] quando os nossos sentidos estão aptos para descobrirem.
E que em silêncio nos oferece sua múltipla companhia,
generosa e invisível.
Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai
atenção, em redor de vós, a essa prestigiosa presença, a
[70] essa copiosa linguagem que de tudo transborda, e que
conversará convosco interminavelmente.
MEIRELES, Cecília. Da solidão. In: MEIRELES, Cecília. Janela Mágica. São Paulo: Global, 2016, pp. 71-74.
A expressão destacada no trecho “Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos tecidos sem maiores pretensões.” (linhas 28-31) pode ser substituída sem mudança de sentido por
Leia o excerto de Milton Santos para responder à questão.
Após a Segunda Guerra Mundial, tem início o período técnico-científico, devido à profunda interação da ciência e da técnica. A união entre a técnica e a ciência vai dar-se sob a égide* do mercado que, graças à ciência e à técnica, torna-se um mercado global. A ideia da ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente. Além disso, as mudanças que ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica.
Nesse período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento é também a informação. Estamos diante de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico-científicoinformacional.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo, SP. EDUSP, 2002. Adaptado.
*Égide (s.f.): escudo; por derivação, o que protege, ampara.
Parafrasear é reescrever um texto utilizando uma linguagem diferente, mas mantendo seu sentido original.
Assinale a alternativa que apresenta a paráfrase correta da passagem destacada no texto.
Texto
No toque do tempo
Batida do tambor
marcando o tempo
Sentir os acontecimentos
[125] entre a batida e
outra, um meio tempo
preparando um outro tempo.
tempo de deixar no ponto
corpo pro Santo descer
[130] para luz acender amparar
com cuidado a criança,
que vai nascer.
tempo que assenta sentimentos
fazendo a gente sentir que sente.
[135] sentindo a sinergia da barca
lotada que vai e vem
atravessando a baía.
tempo da cigarra prever o tempo
e morrer.
[140] Tempo do artista encontrar
suas suaves cores vivas.
Tempo pro Ser compreender
Suas emoções,
Se alforriar
[145] E cessar.
CRUZ, Ana. No Toque do tempo. In: Com perdão da palavra, p. 69.
No verso “tempo da cigarra prever o tempo e morrer” (linhas 138-139), o poema faz referência à fábula A Cigarra e a Formiga, de Esopo.
Esse recurso que utiliza, no processo de composição textual, referência a um texto pré-existente é denominado de
A frase que melhor expressa a essência dessa mensagem é a transcrita em
Para responder à questão, leia a crônica “O retorno”, de Manuel Bandeira, que integra a coletânea Flauta de papel, publicada originalmente em 1957.
Meu amigo Sizenando é homem de cor, mas a cor nunca lhe deu nem sombra de recalque. É, aliás, um mestiço eugênico1, alto, robusto, bem formado e quase belo. Tem sido, por todas essas qualidades físicas e mais por uma lábia amorosa verdadeiramente infernal, tem sido amado até o delírio por grandes mulheres de todas as cores e todos os matizes. Sua esposa legítima é branca. Sua amante, também legítima, é outra branca. Com esta vinha ele passando, ultimamente, a maior parte de seus dias, o que acabou levando a mulher legítima a uma expedição ao quartel-general daqueles amores clandestinos. Chegou lá, bateu, a porta entreabriu-se, mas, reconhecido o inimigo, logo se fechou, para dar tempo a que meu amigo se escondesse num armário. Então, aberta de novo e rasgadamente a porta, começou o ajuste de contas entre as duas mulheres. A amante convidou a esposa a debaterem o caso na rua, não só para evitarem o escândalo naquele edifício de apartamentos superlotado, como para salvar Sizenando de uma possível morte por sufocação dentro do armário. Chegadas à porta da rua, tomaram à direita e enfiaram pela primeira transversal.
Tranquilizado pelo silêncio que se seguiu à partida das mulheres, saiu Sizenando de seu esconderijo, despiu o pijama, vestiu a roupa e deixou o apartamento. À porta de entrada do edifício, espiou a um lado e outro, não viu as mulheres, consultou a intuição, para onde terão ido? para a esquerda? para a direita? A intuição respondeu que para a esquerda. Sizenando rumou para a direita e foi cair na boca do lobo. Das lobas, pois deu com as duas mulheres empenhadas num entrevero, as quais, ao verem-no, vieram para ele, tomadas ambas da maior indignação.
Foi então que Sizenando usou de um golpe genial, dizendo-lhes reprovativamente e com grande calma: — Mas vocês, duas brancas, brigando por causa de um preto?! E afastou- -se rápido.
Desfecho: Sizenando, naquela noite, foi pernoitar em casa da mulher legítima, que o recebeu de braços abertos. Passou com ela o dia e a noite seguintes. No terceiro dia, procurou a amante. Duas noites de cão passara ela. Mas quando abriu a porta e viu diante dela o meu eugênico amigo com seu plácido sorriso, abriu-lhe, também, como a outra, os braços de Severina. E os dois se encaminharam para o interior do apartamento: era o movimento de retorno aos quadros constitucionais vigentes.
(Seleta de prosa, 1997.)
1eugênico: indivíduo apto à produção de boa prole.
Em “Sizenando rumou para a direita e foi cair na boca do lobo” (2º parágrafo), a expressão sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Faça seu login GRÁTIS
Minhas Estatísticas Completas
Estude o conteúdo com a Duda
Estude com a Duda
Selecione um conteúdo para aprender mais: