A questão seguinte é baseada em excertos do texto, mas não é questão de interpretação. Sua resolução, porém, deve ser feita considerando os fragmentos no contexto do texto.
Assinale a alternativa em que, retirando-se o acento, a palavra destacada muda de classe gramatical (independente do contexto):
A questão se refere ao estudo do texto abaixo:
O HOMEM E SEU ESPELHO
Cecília Meireles
Vou contar uma história que parece da Carochinha. Era uma voz. por esses Brasis. um pobre homem que vivia numa pobre Choupana. No melo de tanta pobreza, o homem possuía um tesouro: possuía um grande espelho. muito claro e Iuminoso. Como o tem arrumado, não me disseram: pertencera, town. a algum antepassado rico. ou resultam de alguma barganha. ou calm da Lua (tal a sua claridade). embora, na verdade, se trata-se de um espelho de Veneza.
Vivia, pois. o pobre homem com o seu formo- so espelho pendente de um prego na parede de Dano da habitação, que se enchia de luz com o renome dos dies e das noites na sua superfície.
Mas um dia o pobre homem adoeceu greve- mente. Como as ervas e benzeduras já não pro- duzissem nenhum efeito. foi preciso (muito e contragosto) chamar um médico. E o médico chamado era um coração de santo, com certeza, mes também uma elmo de ordem. E, atóm disso, um colecionador de antiguidades.
Veio, pois, o módico e a primeira coisa que viu - Deus Ihe perdoe! - não foi o doente, mas o seu espelho. cintilante e límpido. E começou a tratar do homem. Honra lhe seja feite que o tratava com e maior dedicação. Mas pensava no espelho. Não falava nisso. porém, porque o homem estava muito mal, e o tempo não era para conversa.
O tratamento foi longo e difícil. Mae o médico empenhava-se em salvar o pobre homem, de cuja família ninguém tinha notícias. O homem não tinha mesmo outra famila além do seu espelho.
Passam-se os dias. o homem melhora, levanta-se, põe-se e andar e a conversar. Conversa vai, conversa vem, o médico pergunta-lhe se não quer vender aquele espelho. Para que conserva-lo naquele prego, exposto a cair de repente. a transformar-se em pó impalpável? Com o dinheiro daquele espelho poderia viver muito tempo. sem precisar trabalhar. ele, que andava tao fraco...
O homem considerou aquelas palavras do médico, na sua solidão. no fundo desses Brasis. ainda inocentes e meigos, e delicadamente se recusou a fazer qualquer negócio. Os pobres sentimentais são assim: têm vergonha de falar em dinheiro. O dinheiro assusta-os como uma coisa indigna. imoral.
O médico em uma pessoa direita: oferecia ao seu cliente um paço adequado. (Nem ele imaginaria que o seu espelho valesse tanto!) Procurou convencê-lo da honestidade do aos propósitos: amava aquele espelho desde que o vira pela primeira vez. No verdade, a conversa pare- de um pedido de casamento. O preço era outra história: mas não se discutia o preço.
Então, o homem, já acostumado ao convívio do médico. com uma sinceridade do pessoa honesta (acostumada a viver diante de um espelho) confessou-lho a causa do tanta relutância: É que quando ou olho para este espelho, doutor. veio a minha cara repetida cinquenta vezes“
Era mesmo assim: entre a larga superfície de cristal e a moldura, o espelho possuía como um cordão de pequenos hemisférios convexos. que multiplicavam a imagem refletida. O homem dera-se ao trabalho de contar: a imagem repetia-se, na verdade. cinquenta vezes.
Ora, eu também fiz como todo o mundo e fui ver como ficava o meu rosto. nessa multiplicação. E aconteceu-mo o imprevisto: quando me fixei naquela sucessão do espelhinhos convexos, que de longe pareciam bolinhos em relevo, encontrei não o, mas o rosto do antigo dono (que eu nem sei como era!) com esse ar um pouco de saudade e um pouco de sabedoria e renúncia que antigamente se encontrava na boa gente humilde desses Brasis.
Mas o que não consegui saber é por que o amigo dono do espelho gostava tanto de se ver refletido cinquenta vezes. Pesava-lhe a solidão do tal maneira que se consolasse com o seu próprio reflexo, naquele abandono em que vivia? Conversaria com a sua imagem? Canaria a si mesmo, como a um amigo intimo suas melancolias e esperanças? Que dizia aquele homem ao seu retrato multiplicado? O que não atuaria jamais dizer ao melhor amigo? (Os espelhos têm essa propriedade maravilhosa de nada reterem, de nada escravizarem. Refletem todas as confidências, e logo as apagam. Sabem guardar segredos.)
In: PERSUHN, Janice J. Escrevivendo: comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1980, p. 192.
Assinale a alternativa que está de acordo com o texto.
A questão se refere ao estudo do texto abaixo:
O HOMEM E SEU ESPELHO
Cecília Meireles
Vou contar uma história que parece da Carochinha. Era uma voz. por esses Brasis. um pobre homem que vivia numa pobre Choupana. No melo de tanta pobreza, o homem possuía um tesouro: possuía um grande espelho. muito claro e Iuminoso. Como o tem arrumado, não me disseram: pertencera, town. a algum antepassado rico. ou resultam de alguma barganha. ou calm da Lua (tal a sua claridade). embora, na verdade, se trata-se de um espelho de Veneza.
Vivia, pois. o pobre homem com o seu formo- so espelho pendente de um prego na parede de Dano da habitação, que se enchia de luz com o renome dos dies e das noites na sua superfície.
Mas um dia o pobre homem adoeceu greve- mente. Como as ervas e benzeduras já não pro- duzissem nenhum efeito. foi preciso (muito e contragosto) chamar um médico. E o médico chamado era um coração de santo, com certeza, mes também uma elmo de ordem. E, atóm disso, um colecionador de antiguidades.
Veio, pois, o módico e a primeira coisa que viu - Deus Ihe perdoe! - não foi o doente, mas o seu espelho. cintilante e límpido. E começou a tratar do homem. Honra lhe seja feite que o tratava com e maior dedicação. Mas pensava no espelho. Não falava nisso. porém, porque o homem estava muito mal, e o tempo não era para conversa.
O tratamento foi longo e difícil. Mae o médico empenhava-se em salvar o pobre homem, de cuja família ninguém tinha notícias. O homem não tinha mesmo outra famila além do seu espelho.
Passam-se os dias. o homem melhora, levanta-se, põe-se e andar e a conversar. Conversa vai, conversa vem, o médico pergunta-lhe se não quer vender aquele espelho. Para que conserva-lo naquele prego, exposto a cair de repente. a transformar-se em pó impalpável? Com o dinheiro daquele espelho poderia viver muito tempo. sem precisar trabalhar. ele, que andava tao fraco...
O homem considerou aquelas palavras do médico, na sua solidão. no fundo desses Brasis. ainda inocentes e meigos, e delicadamente se recusou a fazer qualquer negócio. Os pobres sentimentais são assim: têm vergonha de falar em dinheiro. O dinheiro assusta-os como uma coisa indigna. imoral.
O médico em uma pessoa direita: oferecia ao seu cliente um paço adequado. (Nem ele imaginaria que o seu espelho valesse tanto!) Procurou convencê-lo da honestidade do aos propósitos: amava aquele espelho desde que o vira pela primeira vez. No verdade, a conversa pare- de um pedido de casamento. O preço era outra história: mas não se discutia o preço.
Então, o homem, já acostumado ao convívio do médico. com uma sinceridade do pessoa honesta (acostumada a viver diante de um espelho) confessou-lho a causa do tanta relutância: É que quando ou olho para este espelho, doutor. veio a minha cara repetida cinquenta vezes“
Era mesmo assim: entre a larga superfície de cristal e a moldura, o espelho possuía como um cordão de pequenos hemisférios convexos. que multiplicavam a imagem refletida. O homem dera-se ao trabalho de contar: a imagem repetia-se, na verdade. cinquenta vezes.
Ora, eu também fiz como todo o mundo e fui ver como ficava o meu rosto. nessa multiplicação. E aconteceu-mo o imprevisto: quando me fixei naquela sucessão do espelhinhos convexos, que de longe pareciam bolinhos em relevo, encontrei não o, mas o rosto do antigo dono (que eu nem sei como era!) com esse ar um pouco de saudade e um pouco de sabedoria e renúncia que antigamente se encontrava na boa gente humilde desses Brasis.
Mas o que não consegui saber é por que o amigo dono do espelho gostava tanto de se ver refletido cinquenta vezes. Pesava-lhe a solidão do tal maneira que se consolasse com o seu próprio reflexo, naquele abandono em que vivia? Conversaria com a sua imagem? Canaria a si mesmo, como a um amigo intimo suas melancolias e esperanças? Que dizia aquele homem ao seu retrato multiplicado? O que não atuaria jamais dizer ao melhor amigo? (Os espelhos têm essa propriedade maravilhosa de nada reterem, de nada escravizarem. Refletem todas as confidências, e logo as apagam. Sabem guardar segredos.)
In: PERSUHN, Janice J. Escrevivendo: comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1980, p. 192.
Assinale a alternativa que comprova a resposta à pergunta anterior:
A questão se refere ao estudo do texto abaixo:
O HOMEM E SEU ESPELHO
Cecília Meireles
Vou contar uma história que parece da Carochinha. Era uma voz. por esses Brasis. um pobre homem que vivia numa pobre Choupana. No melo de tanta pobreza, o homem possuía um tesouro: possuía um grande espelho. muito claro e Iuminoso. Como o tem arrumado, não me disseram: pertencera, town. a algum antepassado rico. ou resultam de alguma barganha. ou calm da Lua (tal a sua claridade). embora, na verdade, se trata-se de um espelho de Veneza.
Vivia, pois. o pobre homem com o seu formo- so espelho pendente de um prego na parede de Dano da habitação, que se enchia de luz com o renome dos dies e das noites na sua superfície.
Mas um dia o pobre homem adoeceu greve- mente. Como as ervas e benzeduras já não pro- duzissem nenhum efeito. foi preciso (muito e contragosto) chamar um médico. E o médico chamado era um coração de santo, com certeza, mes também uma elmo de ordem. E, atóm disso, um colecionador de antiguidades.
Veio, pois, o módico e a primeira coisa que viu - Deus Ihe perdoe! - não foi o doente, mas o seu espelho. cintilante e límpido. E começou a tratar do homem. Honra lhe seja feite que o tratava com e maior dedicação. Mas pensava no espelho. Não falava nisso. porém, porque o homem estava muito mal, e o tempo não era para conversa.
O tratamento foi longo e difícil. Mae o médico empenhava-se em salvar o pobre homem, de cuja família ninguém tinha notícias. O homem não tinha mesmo outra famila além do seu espelho.
Passam-se os dias. o homem melhora, levanta-se, põe-se e andar e a conversar. Conversa vai, conversa vem, o médico pergunta-lhe se não quer vender aquele espelho. Para que conserva-lo naquele prego, exposto a cair de repente. a transformar-se em pó impalpável? Com o dinheiro daquele espelho poderia viver muito tempo. sem precisar trabalhar. ele, que andava tao fraco...
O homem considerou aquelas palavras do médico, na sua solidão. no fundo desses Brasis. ainda inocentes e meigos, e delicadamente se recusou a fazer qualquer negócio. Os pobres sentimentais são assim: têm vergonha de falar em dinheiro. O dinheiro assusta-os como uma coisa indigna. imoral.
O médico em uma pessoa direita: oferecia ao seu cliente um paço adequado. (Nem ele imaginaria que o seu espelho valesse tanto!) Procurou convencê-lo da honestidade do aos propósitos: amava aquele espelho desde que o vira pela primeira vez. No verdade, a conversa pare- de um pedido de casamento. O preço era outra história: mas não se discutia o preço.
Então, o homem, já acostumado ao convívio do médico. com uma sinceridade do pessoa honesta (acostumada a viver diante de um espelho) confessou-lho a causa do tanta relutância: É que quando ou olho para este espelho, doutor. veio a minha cara repetida cinquenta vezes“
Era mesmo assim: entre a larga superfície de cristal e a moldura, o espelho possuía como um cordão de pequenos hemisférios convexos. que multiplicavam a imagem refletida. O homem dera-se ao trabalho de contar: a imagem repetia-se, na verdade. cinquenta vezes.
Ora, eu também fiz como todo o mundo e fui ver como ficava o meu rosto. nessa multiplicação. E aconteceu-mo o imprevisto: quando me fixei naquela sucessão do espelhinhos convexos, que de longe pareciam bolinhos em relevo, encontrei não o, mas o rosto do antigo dono (que eu nem sei como era!) com esse ar um pouco de saudade e um pouco de sabedoria e renúncia que antigamente se encontrava na boa gente humilde desses Brasis.
Mas o que não consegui saber é por que o amigo dono do espelho gostava tanto de se ver refletido cinquenta vezes. Pesava-lhe a solidão do tal maneira que se consolasse com o seu próprio reflexo, naquele abandono em que vivia? Conversaria com a sua imagem? Canaria a si mesmo, como a um amigo intimo suas melancolias e esperanças? Que dizia aquele homem ao seu retrato multiplicado? O que não atuaria jamais dizer ao melhor amigo? (Os espelhos têm essa propriedade maravilhosa de nada reterem, de nada escravizarem. Refletem todas as confidências, e logo as apagam. Sabem guardar segredos.)
In: PERSUHN, Janice J. Escrevivendo: comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1980, p. 192.
Para tentar adquirir o espelho, o médico recorreu a alguns argumentos para expor ao velho, EXCETO:
A questão se refere ao estudo do texto abaixo:
O HOMEM E SEU ESPELHO
Cecília Meireles
Vou contar uma história que parece da Carochinha. Era uma voz. por esses Brasis. um pobre homem que vivia numa pobre Choupana. No melo de tanta pobreza, o homem possuía um tesouro: possuía um grande espelho. muito claro e Iuminoso. Como o tem arrumado, não me disseram: pertencera, town. a algum antepassado rico. ou resultam de alguma barganha. ou calm da Lua (tal a sua claridade). embora, na verdade, se trata-se de um espelho de Veneza.
Vivia, pois. o pobre homem com o seu formo- so espelho pendente de um prego na parede de Dano da habitação, que se enchia de luz com o renome dos dies e das noites na sua superfície.
Mas um dia o pobre homem adoeceu greve- mente. Como as ervas e benzeduras já não pro- duzissem nenhum efeito. foi preciso (muito e contragosto) chamar um médico. E o médico chamado era um coração de santo, com certeza, mes também uma elmo de ordem. E, atóm disso, um colecionador de antiguidades.
Veio, pois, o módico e a primeira coisa que viu - Deus Ihe perdoe! - não foi o doente, mas o seu espelho. cintilante e límpido. E começou a tratar do homem. Honra lhe seja feite que o tratava com e maior dedicação. Mas pensava no espelho. Não falava nisso. porém, porque o homem estava muito mal, e o tempo não era para conversa.
O tratamento foi longo e difícil. Mae o médico empenhava-se em salvar o pobre homem, de cuja família ninguém tinha notícias. O homem não tinha mesmo outra famila além do seu espelho.
Passam-se os dias. o homem melhora, levanta-se, põe-se e andar e a conversar. Conversa vai, conversa vem, o médico pergunta-lhe se não quer vender aquele espelho. Para que conserva-lo naquele prego, exposto a cair de repente. a transformar-se em pó impalpável? Com o dinheiro daquele espelho poderia viver muito tempo. sem precisar trabalhar. ele, que andava tao fraco...
O homem considerou aquelas palavras do médico, na sua solidão. no fundo desses Brasis. ainda inocentes e meigos, e delicadamente se recusou a fazer qualquer negócio. Os pobres sentimentais são assim: têm vergonha de falar em dinheiro. O dinheiro assusta-os como uma coisa indigna. imoral.
O médico em uma pessoa direita: oferecia ao seu cliente um paço adequado. (Nem ele imaginaria que o seu espelho valesse tanto!) Procurou convencê-lo da honestidade do aos propósitos: amava aquele espelho desde que o vira pela primeira vez. No verdade, a conversa pare- de um pedido de casamento. O preço era outra história: mas não se discutia o preço.
Então, o homem, já acostumado ao convívio do médico. com uma sinceridade do pessoa honesta (acostumada a viver diante de um espelho) confessou-lho a causa do tanta relutância: É que quando ou olho para este espelho, doutor. veio a minha cara repetida cinquenta vezes“
Era mesmo assim: entre a larga superfície de cristal e a moldura, o espelho possuía como um cordão de pequenos hemisférios convexos. que multiplicavam a imagem refletida. O homem dera-se ao trabalho de contar: a imagem repetia-se, na verdade. cinquenta vezes.
Ora, eu também fiz como todo o mundo e fui ver como ficava o meu rosto. nessa multiplicação. E aconteceu-mo o imprevisto: quando me fixei naquela sucessão do espelhinhos convexos, que de longe pareciam bolinhos em relevo, encontrei não o, mas o rosto do antigo dono (que eu nem sei como era!) com esse ar um pouco de saudade e um pouco de sabedoria e renúncia que antigamente se encontrava na boa gente humilde desses Brasis.
Mas o que não consegui saber é por que o amigo dono do espelho gostava tanto de se ver refletido cinquenta vezes. Pesava-lhe a solidão do tal maneira que se consolasse com o seu próprio reflexo, naquele abandono em que vivia? Conversaria com a sua imagem? Canaria a si mesmo, como a um amigo intimo suas melancolias e esperanças? Que dizia aquele homem ao seu retrato multiplicado? O que não atuaria jamais dizer ao melhor amigo? (Os espelhos têm essa propriedade maravilhosa de nada reterem, de nada escravizarem. Refletem todas as confidências, e logo as apagam. Sabem guardar segredos.)
In: PERSUHN, Janice J. Escrevivendo: comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1980, p. 192.
Analise as seguintes afirmações:
I - Por um tempo, o velho hesitou se devia ou não vender o espelho ao médico.
II - O médico tentou prejudicar o velho doente ao propor-lhe o preço.
III - O amor à primeira vista do médico pelo espelho era fingido, pois visava ao seu valor pecuniário.
IV - A relutância do velho em vender o espelho era tática: esperava melhor barganha.
Podemos dizer que:
A questão se refere ao estudo do texto abaixo:
O HOMEM E SEU ESPELHO
Cecília Meireles
Vou contar uma história que parece da Carochinha. Era uma voz. por esses Brasis. um pobre homem que vivia numa pobre Choupana. No melo de tanta pobreza, o homem possuía um tesouro: possuía um grande espelho. muito claro e Iuminoso. Como o tem arrumado, não me disseram: pertencera, town. a algum antepassado rico. ou resultam de alguma barganha. ou calm da Lua (tal a sua claridade). embora, na verdade, se trata-se de um espelho de Veneza.
Vivia, pois. o pobre homem com o seu formo- so espelho pendente de um prego na parede de Dano da habitação, que se enchia de luz com o renome dos dies e das noites na sua superfície.
Mas um dia o pobre homem adoeceu greve- mente. Como as ervas e benzeduras já não pro- duzissem nenhum efeito. foi preciso (muito e contragosto) chamar um médico. E o médico chamado era um coração de santo, com certeza, mes também uma elmo de ordem. E, atóm disso, um colecionador de antiguidades.
Veio, pois, o módico e a primeira coisa que viu - Deus Ihe perdoe! - não foi o doente, mas o seu espelho. cintilante e límpido. E começou a tratar do homem. Honra lhe seja feite que o tratava com e maior dedicação. Mas pensava no espelho. Não falava nisso. porém, porque o homem estava muito mal, e o tempo não era para conversa.
O tratamento foi longo e difícil. Mae o médico empenhava-se em salvar o pobre homem, de cuja família ninguém tinha notícias. O homem não tinha mesmo outra famila além do seu espelho.
Passam-se os dias. o homem melhora, levanta-se, põe-se e andar e a conversar. Conversa vai, conversa vem, o médico pergunta-lhe se não quer vender aquele espelho. Para que conserva-lo naquele prego, exposto a cair de repente. a transformar-se em pó impalpável? Com o dinheiro daquele espelho poderia viver muito tempo. sem precisar trabalhar. ele, que andava tao fraco...
O homem considerou aquelas palavras do médico, na sua solidão. no fundo desses Brasis. ainda inocentes e meigos, e delicadamente se recusou a fazer qualquer negócio. Os pobres sentimentais são assim: têm vergonha de falar em dinheiro. O dinheiro assusta-os como uma coisa indigna. imoral.
O médico em uma pessoa direita: oferecia ao seu cliente um paço adequado. (Nem ele imaginaria que o seu espelho valesse tanto!) Procurou convencê-lo da honestidade do aos propósitos: amava aquele espelho desde que o vira pela primeira vez. No verdade, a conversa pare- de um pedido de casamento. O preço era outra história: mas não se discutia o preço.
Então, o homem, já acostumado ao convívio do médico. com uma sinceridade do pessoa honesta (acostumada a viver diante de um espelho) confessou-lho a causa do tanta relutância: É que quando ou olho para este espelho, doutor. veio a minha cara repetida cinquenta vezes“
Era mesmo assim: entre a larga superfície de cristal e a moldura, o espelho possuía como um cordão de pequenos hemisférios convexos. que multiplicavam a imagem refletida. O homem dera-se ao trabalho de contar: a imagem repetia-se, na verdade. cinquenta vezes.
Ora, eu também fiz como todo o mundo e fui ver como ficava o meu rosto. nessa multiplicação. E aconteceu-mo o imprevisto: quando me fixei naquela sucessão do espelhinhos convexos, que de longe pareciam bolinhos em relevo, encontrei não o, mas o rosto do antigo dono (que eu nem sei como era!) com esse ar um pouco de saudade e um pouco de sabedoria e renúncia que antigamente se encontrava na boa gente humilde desses Brasis.
Mas o que não consegui saber é por que o amigo dono do espelho gostava tanto de se ver refletido cinquenta vezes. Pesava-lhe a solidão do tal maneira que se consolasse com o seu próprio reflexo, naquele abandono em que vivia? Conversaria com a sua imagem? Canaria a si mesmo, como a um amigo intimo suas melancolias e esperanças? Que dizia aquele homem ao seu retrato multiplicado? O que não atuaria jamais dizer ao melhor amigo? (Os espelhos têm essa propriedade maravilhosa de nada reterem, de nada escravizarem. Refletem todas as confidências, e logo as apagam. Sabem guardar segredos.)
In: PERSUHN, Janice J. Escrevivendo: comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1980, p. 192.
Nitidamente, a autora atribui o fato de o velho homem ser um pobre sentimental, sem vaidades de ostentação, ao fato de ele: