No anúncio, publicado em 1939, as diferenças de grafia em relação à língua padrão atual revelam que
As personagens principais da obra de Veronica Stigger são inspiradas em dois artistas do século XX: Roman Opalka, pintor polonês, autor de uma série de imagens denominada Opsianie Świata, e Raul Bopp, poeta-viajante brasileiro, autor do poema Cobra Norato. Na temática do livro, essas referências são responsáveis pela
Com Bopp em cima de si, Opalka não conseguia se concentrar na leitura, mas seguia fingindo que lia atentamente. Bopp abaixou a cabeça até perto do jornal, como se tivesse dificuldade para enxergar as pequenas letras impressas. Opalka revirou os olhos e suspirou fundo. Bopp se curvou ainda mais, interpondo-se quase totalmente entre Opalka e o jornal. [...].
– Onde foi mesmo que o senhor aprendeu português?
Opalka respirou fundo e encarou Bopp, que continuava em pé à sua frente, quase em cima de si devido ao espaço reduzido da cabine.
– No Brasil – respondeu.
– No Brasil? Que interessante! – disse Bopp, todo sorridente, acrescentando, orgulhoso. – Eu sou de lá.
– Não me espanta – falou Opalka, circunspecto.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 37-38. (Adaptado)
Considerando o contexto da narrativa, a reação de Opalka ao final do fragmento explora um humor estereotipado, ao associar o povo brasileiro a um comportamento
– Obrigado pelo guia – disse subitamente Opalka. – Mas não vou ao Brasil a passeio.
– Ah, não? – retrucou Bopp, saindo de seu ensimesmamento.
– Mas pode ficar com ele mesmo assim. Pode ser que o senhor tenha alguma folga no trabalho e queira dar uma volta.
– Tampouco vou ao Brasil a trabalho.
– Ah, não? Então – Bopp deu um sorrisinho e piscou o olho para Opalka – vai ver o sapo-cururu? Ah, não há como resistir ao sapocururu.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 42.
No diálogo, a expressão “sapo-cururu” é uma metáfora para
A questão refere-se ao texto a seguir.
O tipo era atarracado, braços e pernas como pequenas toras. [...] A parte inferior da barriga protuberante não se continha dentro da camisa vermelho-sangue: saltava para fora por baixo e pelas aberturas entre os botões produzidas pela pressão do corpo roliço sob a justeza do tecido. [...] Embora fizesse calor naquele mês de agosto, trazia sobre a camisa vermelho-sangue e a calça clara de linho um longo quimono de seda espalhafatosamente estampado, que, de tão comprido, arrastava no chão e levava consigo poeira, areia, pedrinhas e toda sorte de detritos que porventura encontrasse pelo caminho. Levava, com esforço, quatro malas de tamanhos diferentes: duas em cada uma das mãos e duas debaixo dos braços troncudos. Ao ver Opalka sentado num dos bancos da estação, lendo compenetrado o jornal, sorriu feliz. Acelerou o passinho, tropeçou na barra do quimono e se espatifou no chão a apenas alguns passos do banco.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 23.
No fragmento, a apresentação da personagem ressalta sua
A questão refere-se ao texto a seguir.
O tipo era atarracado, braços e pernas como pequenas toras. [...] A parte inferior da barriga protuberante não se continha dentro da camisa vermelho-sangue: saltava para fora por baixo e pelas aberturas entre os botões produzidas pela pressão do corpo roliço sob a justeza do tecido. [...] Embora fizesse calor naquele mês de agosto, trazia sobre a camisa vermelho-sangue e a calça clara de linho um longo quimono de seda espalhafatosamente estampado, que, de tão comprido, arrastava no chão e levava consigo poeira, areia, pedrinhas e toda sorte de detritos que porventura encontrasse pelo caminho. Levava, com esforço, quatro malas de tamanhos diferentes: duas em cada uma das mãos e duas debaixo dos braços troncudos. Ao ver Opalka sentado num dos bancos da estação, lendo compenetrado o jornal, sorriu feliz. Acelerou o passinho, tropeçou na barra do quimono e se espatifou no chão a apenas alguns passos do banco.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 23.
Ao ver Opalka sentado num dos bancos da estação, lendo compenetrado o jornal, sorriu feliz. Acelerou o passinho, tropeçou na barra do quimono e se espatifou no chão a apenas alguns passos do banco.
Sobre esse trecho, afirma-se que
I- o termo ‘feliz’ modifica o sentido do verbo ‘sorrir’.
II- o advérbio ‘apenas’ pode ser substituído por ‘simplesmente’, mantendo-se o sentido da frase.
III- o emprego do diminutivo em ‘passinho’ manifesta uma intenção humorística do narrador.
Estão corretas as afirmativas