Em relação às propriedades e aos comportamentos magnéticos dos ímãs, das bússolas e do nosso planeta, é Correto afirmar que
A questão refere-se ao texto a seguir.
Texto I
A evolução das teorias
Os cientistas têm todo tipo de explicação para o surgimento dos humanos – da dança à rebeldia adolescente. Alguma delas vai resistir à pressão seletiva?
[1] O que nos tornou humanos? Até pouco tempo atrás, havia poucas
teorias para explicar o salto evolutivo que conferiu a nossos ancestrais
a capacidade de raciocinar. O polegar opositor era uma candidata –
deu a um grupo de hominídeos a chance de fazer movimentos de
[5] pinça, com os quais pôde produzir ferramentas. Outra tese era a
linguagem. A possibilidade de falar nos fez criar símbolos, a essência
de uma cultura. Uma terceira teoria era a vida em grupo. A necessi-
dade de memorizar rostos e saber quem era fiel, quem traía, quem
estava acima ou abaixo na hierarquia social teria dado origem a nossa
[10] inteligência.
Todas essas teses são ótimas. Mas não chamam mais a atenção.
Em seu lugar, uma série de hipóteses mais ousadas tem ganhado
espaço no meio científico. A mais recente é que devemos nossa inte
ligência... aos animais. Em artigo na revista Current Antropology, a
[15] americana Pat Shipman, da Universidade da Pensilvânia, diz que
nossos ancestrais tiveram de entender o comportamento dos animais
porque eram presas e, a partir da criação de ferramentas, também
predadores. “Esse entendimento levou à linguagem e, em um último
estágio, à domesticação dos animais”, me disse Shipman por e-mail.
[20] Se você acha essa ideia esquisita, que tal a tese de que nós
viramos humanos porque aprendemos a cozinhar? Ou porque
gostamos de música? Ou – a minha preferida – porque nossos
adolescentes são mais chatos que os adolescentes dos outros ani
mais? Todas elas foram defendidas nos últimos dois anos.
[25] A evolução das teorias sobre nossa evolução tem um motivo: a
seleção natural das pautas de revistas científicas. Quanto mais
inusitada a proposta, mais chance de chamar a atenção – e de ser
publicada.
Isso não quer dizer que elas não tenham mérito. Se não soubés-
[30] semos cozinhar, por exemplo, nosso maxilar teria de ser muito mais
desenvolvido para mastigar alimentos duros e nosso estômago teria
de ser maior (como o dos chimpanzés). Sobrariam menos espaço e
energia para o cérebro.
O problema não é com as teorias inusitadas em si, mas com o
[35] próprio fato de procurar a atividade isolada que nos tornou humanos.
“Procurar por um único aspecto é perda de tempo”, diz o psicólogo
americano Michael Gazzaniga, da Universidade da Califórnia. “Posso
falar porque já tentei”. E ainda tenta. Gazzaniga hoje aposta que nos
tornamos humanos ao aprender a controlar impulsos e postergar o
[40] prazer.
“Cada evento em nossa evolução, seja cantar, cozinhar ou domes
ticar animais, é consequência de uma necessidade, que levou à
outra”, diz o etólogo Eduardo Ottoni, da Universidade de São Paulo.
E a necessidade de criar teorias, de onde terá vindo?
BUSCATO, Marcela. Revista Época, Rio de Janeiro, 23 ago. 2010, n. 640, p. 132.
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