Mais Uma Vez
Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei.
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã,
Espera que o Sol já vem.
Tem gente que está do mesmo lado que você,
Mas deveria estar do lado de lá.
Tem gente que machuca os outros,
Tem gente que não sabe amar,
Tem gente enganando a gente,
Veja a nossa vida como está,
Mas eu sei que um dia a gente aprende,
Se você quiser alguém em quem confiar,
Confie em si mesmo,
Quem acredita sempre alcança!
[...]
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo,
Ou que você nunca vai ser alguém.
Tem gente que machuca os outros,
Tem gente que não sabe amar,
Mas eu sei que um dia a gente aprende.
Se você quiser alguém em quem confiar,
Confie em si mesmo.
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança! [...]
VENTURINI, Flávio; RUSSO, Renato (Comp.) Mais uma vez. Intérprete: Renato Russo. Disponível em: https://www.letras.mus.br. Acesso em: set. 2022.
Esse poema-canção
Segundo o enunciador do discurso, uma vantagem de ser um profissional de saúde, entre as razões subentendidas, consiste
Quando eu era menino, na escola, as professoras me ensinaram que o Brasil estava destinado a um futuro grandioso porque as suas terras estavam cheias de riquezas: ferro, ouro, diamantes, florestas e coisas semelhantes. Ensinaram errado. O que me disseram equivale a predizer que um homem será um grande pintor por ser dono de uma loja de tintas. Mas o que faz um quadro não é a tinta: são as ideias que moram na cabeça do pintor. São as ideias dançantes na cabeça que fazem as tintas dançar sobre a tela.
Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre, somos pobres em ideias. Não sabemos pensar. Nisso nos parecemos com os dinossauros, que tinham excesso de massa muscular e cérebros de galinha.
Hoje, nas relações de troca entre os países, o bem mais caro, o bem mais cuidadosamente guardado, o bem que não se vende, são as ideias. É com as ideias que o mundo é feito. Prova disso são os tigres asiáticos, Japão, Coréia, Formosa, que pobres de recursos naturais, se enriqueceram por ter se especializado na arte de pensar.
Minha filha me fez uma pergunta: “O que é pensar?”. Disse-me que essa era uma pergunta que o professor de Filosofia havia imposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns. Primeiro, por ter ido diretamente à questão essencial. Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta. Porque se tivesse dado a resposta, teria com ela cortado as asas do pensamento. O pensamento é como a águia que só alça voo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.
E, no entanto, não podemos viver sem respostas. As asas, para o impulso inicial do voo, dependem dos pés apoiados na terra firme. Os pássaros, antes de saber voar, aprendem a se apoiar sobre os seus pés. Também as crianças, antes de aprender a voar têm de aprender a caminhar sobre a terra firme.
Terra firme: os milhares de perguntas para as quais as gerações passadas já descobriram as respostas. O primeiro momento da educação é a transmissão desse saber. Nas palavras de Roland Barthes: “Há um momento em que se ensina o que se sabe…” E o curioso é que esse aprendizado é justamente para nos poupar da necessidade de pensar.
As gerações mais velhas ensinam às mais novas as receitas que funcionam. Sei amarrar os meus sapatos, automaticamente, sei dar o nó na minha gravata automaticamente: as mãos fazem o trabalho com destreza enquanto as ideias andam por outros lugares. Aquilo que um dia eu não sabia me foi ensinado; eu aprendi com o corpo e esqueci com a cabeça. E a condição para que as minhas mãos saibam bem é que a cabeça não pense sobre o que elas estão fazendo. Um pianista que, na hora da execução, pensa sobre os caminhos que seus dedos deverão seguir, tropeçará fatalmente.
O sabido é o não pensado, que fica guardado, pronto para ser usado como receita, na memória desse computador que se chama cérebro.
Aqui se encontra o perigo das escolas: de tanto ensinar o que o passado legou – e ensinou bem – fazem os alunos se esquecer de que o seu destino não é passado cristalizado em saber, mas um futuro que se abre como vazio, um não saber que somente pode ser explorado com as asas do pensamento.
ALVES, Rubem. Pensar. Disponível em: https://rubemalves.wordpress.com/page/2. Acesso em: set. 2022. Adaptado.
De acordo com o texto, o cronista
Quando eu era menino, na escola, as professoras me ensinaram que o Brasil estava destinado a um futuro grandioso porque as suas terras estavam cheias de riquezas: ferro, ouro, diamantes, florestas e coisas semelhantes. Ensinaram errado. O que me disseram equivale a predizer que um homem será um grande pintor por ser dono de uma loja de tintas. Mas o que faz um quadro não é a tinta: são as ideias que moram na cabeça do pintor. São as ideias dançantes na cabeça que fazem as tintas dançar sobre a tela.
Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre, somos pobres em ideias. Não sabemos pensar. Nisso nos parecemos com os dinossauros, que tinham excesso de massa muscular e cérebros de galinha.
Hoje, nas relações de troca entre os países, o bem mais caro, o bem mais cuidadosamente guardado, o bem que não se vende, são as ideias. É com as ideias que o mundo é feito. Prova disso são os tigres asiáticos, Japão, Coréia, Formosa, que pobres de recursos naturais, se enriqueceram por ter se especializado na arte de pensar.
Minha filha me fez uma pergunta: “O que é pensar?”. Disse-me que essa era uma pergunta que o professor de Filosofia havia imposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns. Primeiro, por ter ido diretamente à questão essencial. Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta. Porque se tivesse dado a resposta, teria com ela cortado as asas do pensamento. O pensamento é como a águia que só alça voo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.
E, no entanto, não podemos viver sem respostas. As asas, para o impulso inicial do voo, dependem dos pés apoiados na terra firme. Os pássaros, antes de saber voar, aprendem a se apoiar sobre os seus pés. Também as crianças, antes de aprender a voar têm de aprender a caminhar sobre a terra firme.
Terra firme: os milhares de perguntas para as quais as gerações passadas já descobriram as respostas. O primeiro momento da educação é a transmissão desse saber. Nas palavras de Roland Barthes: “Há um momento em que se ensina o que se sabe…” E o curioso é que esse aprendizado é justamente para nos poupar da necessidade de pensar.
As gerações mais velhas ensinam às mais novas as receitas que funcionam. Sei amarrar os meus sapatos, automaticamente, sei dar o nó na minha gravata automaticamente: as mãos fazem o trabalho com destreza enquanto as ideias andam por outros lugares. Aquilo que um dia eu não sabia me foi ensinado; eu aprendi com o corpo e esqueci com a cabeça. E a condição para que as minhas mãos saibam bem é que a cabeça não pense sobre o que elas estão fazendo. Um pianista que, na hora da execução, pensa sobre os caminhos que seus dedos deverão seguir, tropeçará fatalmente.
O sabido é o não pensado, que fica guardado, pronto para ser usado como receita, na memória desse computador que se chama cérebro.
Aqui se encontra o perigo das escolas: de tanto ensinar o que o passado legou – e ensinou bem – fazem os alunos se esquecer de que o seu destino não é passado cristalizado em saber, mas um futuro que se abre como vazio, um não saber que somente pode ser explorado com as asas do pensamento.
ALVES, Rubem. Pensar. Disponível em: https://rubemalves.wordpress.com/page/2. Acesso em: set. 2022. Adaptado.
A partir da leitura e análise do texto, é correto afirmar que essa crônica se caracteriza como
Ser médico nunca foi tarefa fácil. Sempre se exigiu do indivíduo que pretendesse exercer o ofício de médico, não importando o tempo e as circunstâncias sociais envolvidas, um talhe social diferenciado. Se, no princípio, éramos tidos e aceitos como intermediários entre os homens e os deuses, o que originou parte do conceito de ser a Medicina um sacerdócio, hoje nos é cobrado o papel de depositários de um desejado, por infinito, conhecimento científico que vence todas as doenças e afasta o inevitável e derradeiro confronto da humanidade individual: a morte. E tudo isso em apenas um único ser humano.
Companheira do homem em sua jornada terrestre, a Medicina tem sido responsável por grande parte do sucesso alcançado pela humanidade na melhoria da qualidade e quantidade de vida experimentada pelo homem. Nos últimos anos, seus avanços ajudaram a duplicar o tempo médio de vida: dos 35 anos previstos na sociedade industrial inglesa do início do século passado passamos para os 65 anos previstos atualmente para o nosso Brasil. Junto a esse tempo adicional de vida agregou-se qualidade pelo controle das doenças.
Como um guardião de tão belo patrimônio deve se comportar em sua defesa é questão posta a todos nós, médicos brasileiros. Aos médicos são exigidos três níveis de comportamento. Um médico estará incompleto se descurar do necessário aprimoramento técnico. O saber, primeira exigência de qualidade profissional, dá ao médico as primeiras pedras do alicerce onde se assenta o prestígio e a respeitabilidade da profissão. Tarefa difícil, permanente e em constante mutação, nos exige esforço persistente e imorredouro. Como estímulo a esse árduo e necessário trabalho, cabe lembrar que o conhecimento liberta e o conhecimento médico mais, transforma.
Mas o conhecimento médico não é apenas um deleite do espírito humano; ele é transformador por ser um instrumento de trabalho, uma ferramenta operativa, um arado a abrir sulcos na terra e a plantar esperanças. Assim, deve o médico ser operante; ser um trabalhador; ser a mão que segura o arado e, se preciso, como um dia Oswaldo Cruz o foi, a mão que guia, o próprio arado e a força motriz que abre as veias por onde deverão passar livres os sonhos de um futuro melhor e mais justo. É preciso saber, e com o saber, fazer.
Ser médico é algo extremamente complexo, porém necessário. É algo arriscado, porém preciso. É algo difícil, porém possível. É algo sofrido, porém fonte de felicidade para quem gosta de gente e de observar no outro o sonho de ver em cada um a extensão de sua própria humanidade.
ANDRADE, Edson de Oliveira. Como vejo a Medicina e os médicos. Disponível em:https://www.scielo.br . Acesso em: set. 2022. Adaptado.
O enunciador do discurso, em seu pronunciamento,
Ser médico nunca foi tarefa fácil. Sempre se exigiu do indivíduo que pretendesse exercer o ofício de médico, não importando o tempo e as circunstâncias sociais envolvidas, um talhe social diferenciado. Se, no princípio, éramos tidos e aceitos como intermediários entre os homens e os deuses, o que originou parte do conceito de ser a Medicina um sacerdócio, hoje nos é cobrado o papel de depositários de um desejado, por infinito, conhecimento científico que vence todas as doenças e afasta o inevitável e derradeiro confronto da humanidade individual: a morte. E tudo isso em apenas um único ser humano.
Companheira do homem em sua jornada terrestre, a Medicina tem sido responsável por grande parte do sucesso alcançado pela humanidade na melhoria da qualidade e quantidade de vida experimentada pelo homem. Nos últimos anos, seus avanços ajudaram a duplicar o tempo médio de vida: dos 35 anos previstos na sociedade industrial inglesa do início do século passado passamos para os 65 anos previstos atualmente para o nosso Brasil. Junto a esse tempo adicional de vida agregou-se qualidade pelo controle das doenças.
Como um guardião de tão belo patrimônio deve se comportar em sua defesa é questão posta a todos nós, médicos brasileiros. Aos médicos são exigidos três níveis de comportamento. Um médico estará incompleto se descurar do necessário aprimoramento técnico. O saber, primeira exigência de qualidade profissional, dá ao médico as primeiras pedras do alicerce onde se assenta o prestígio e a respeitabilidade da profissão. Tarefa difícil, permanente e em constante mutação, nos exige esforço persistente e imorredouro. Como estímulo a esse árduo e necessário trabalho, cabe lembrar que o conhecimento liberta e o conhecimento médico mais, transforma.
Mas o conhecimento médico não é apenas um deleite do espírito humano; ele é transformador por ser um instrumento de trabalho, uma ferramenta operativa, um arado a abrir sulcos na terra e a plantar esperanças. Assim, deve o médico ser operante; ser um trabalhador; ser a mão que segura o arado e, se preciso, como um dia Oswaldo Cruz o foi, a mão que guia, o próprio arado e a força motriz que abre as veias por onde deverão passar livres os sonhos de um futuro melhor e mais justo. É preciso saber, e com o saber, fazer.
Ser médico é algo extremamente complexo, porém necessário. É algo arriscado, porém preciso. É algo difícil, porém possível. É algo sofrido, porém fonte de felicidade para quem gosta de gente e de observar no outro o sonho de ver em cada um a extensão de sua própria humanidade.
ANDRADE, Edson de Oliveira. Como vejo a Medicina e os médicos. Disponível em:https://www.scielo.br . Acesso em: set. 2022. Adaptado.
Quanto aos termos destacados nos fragmentos transcritos, está correto o que se afirma em