SEMELHANÇA POUCA É BOBAGEM
O que são gerações e quais podemos encontrar no Brasil contemporâneo? Para Sidnei Oliveira, geração é uma definição dada aos movimentos comportamentais da sociedade, baseada na data de nascimento das pessoas. “Os períodos são considerados tendo como referência a idade de 20 anos, momento da vida em que o indivíduo se torna adulto. Nesses períodos, aglomeram-se semelhanças comportamentais, culturais e sociais. Classifico uma nova geração a cada 20 anos. Hoje, no Brasil, podemos encontrar cinco gerações: os veteranos, nascidos entre 1920 e 1939; baby boomers, nascidos entre 1940 e 1959; geração X, nascidos entre 1960 e 1979; geração Y, nascidos entre 1980 e 1999; e geração Z, que são os que chegaram ao mundo a partir de 2000 até 2019.”
Com cinco gerações compartilhando o mesmo espaço físico em diferentes atividades do dia a dia, é normal e saudável que aconteçam mais conflitos geracionais do que se imagina. “Eles acontecem devido às mudanças na expectativa de vida da população e na velocidade com que cada geração reage às transformações da atualidade, principalmente as tecnológicas.
Para Jairo Bouer, o maior desafio de lidar com tais conflitos é refinar a comunicação e conscientizar ambos os blados de que há contribuições mútuas. “Conviver com os jovens é sempre renovador. Eles estão sempre buscando a diferença, a novidade, o inusitado, tentando achar seu lugar no mundo”.
Eles por eles mesmos
Thalia Silva tem 16 anos e mora em Manaus com seus pais. Vai para a escola de manhã, faz curso de inglês e academia à tarde e à noite faz seus trabalhos escolares. Nos fins de semana de manhã, ajuda a mãe a arrumar a casa e à noite sai com os amigos. “Gosto de ir à escola, porque aprendo assuntos novos e interessantes que me fazem ficar curiosa e querer aprender mais, e fico fascinada pelo modo como meus professores explicam. No futuro, me enxergo na faculdade de medicina, quero me tornar médicaanestesista”. Online cerca de 5 horas por dia, Thalia acreditaque a internet é importante para fazer suas pesquisas de trabalho ou tirar dúvidas quando não sabe algo, mas as redes sociais só servem para se comunicar com amigos ou parentes que estão longe. “Já o celular me mantém ligada no que está acontecendo com o mundo. Não conseguiria ficar sem o aparelho!”
Mariana também confessa que não conseguiria ficar nem um dia sem celular. “Com certeza, ele é muito importante para mim! Não consigo ficar longe dele até em minha própria casa (risos). Meu celular tem tudo de que preciso, e sem ele fico realmente na mão! Nós, adolescentes, precisamos nos comunicar, desabafar, conversar com os amigos, tirar fotos! Assim, gastamos nossas energias no que gostamos”.
Juventude à flor da pele
Mas é possível classificar o adolescente de hoje de alguma forma? “Há muitos ‘jovens’ nos dias de hoje. Muitas possibilidades, muitas alternativas. É difícil rotular todos eles, mas, em linhas gerais, acho que é um jogo conectado, informado, precoce, mais individualista, mais preocupado em achar seu lugar em um mundo competitivo. As causas sociais parecem agora dar sinal de vida, mas permaneceram muito tempo ‘escondidas’ embaixo do travesseiro”, reflete Jairo.
Cursando o primeiro semestre da faculdade de jornalismo no Recife, onde reside, Larissa Araújo, 19, se considera uma escrava do telefone celular e acredita que os jovens de sua geração são “impacientes, teimosos, impulsivos, se acham os donos da verdade, não percebem as besteiras que fazem na hora, são inocentes e esperançosos, acham que não têm medo de nada, mas têm!”. Para ela, não existe uma definição exata, depende de cada um, mas “têm os mais maduros, os mais imaturos, mas no fim, temos necessidades que às vezes a sociedade e os adultos não entendem”. Em relação aos jovens de outras gerações, Larissa é enfática: “Somos mais abertos que antes. Mais ‘de boa’, procuramos não encucar tanto com a vida e, se tivermos que encucar, vamos fazer de modo mais engraçado e alto astral, sempre procurando amigos e apoio. Somos mais sedentos de informação também. Não paramos só com uma explicaçãozinha. Vamos atrás de tudo, a fundo, e acreditamos fielmente no que entendemos do assunto. Somos menos inocentes”.
Mas não eram as gerações regressas iguais em sentimentos e anseios? Sidnei Oliveira afirma que o que diferencia as gerações são as características comportamentais que os jovens adotam diante dos desafios que são apresentados de tempos em tempos. Ansiedade, falta de foco e rebeldia não se aplicam exclusivamente a uma geração, fazem parte dos jovens de qualquer época. “As diferenças se manifestam na forma como as pessoas reagem diante dos cenários transformados pelos avanços tecnológicos e sociais. O caso mais visível atualmente tem relação com o surgimento da internet, que é mais facilmente absorvida pelos mais jovens e certamente reflete a maior diferenciação comportamental entre as gerações”.
ZANUTTO, Clariana. Disponível em:. Acesso em: 21 set .2015. (Adaptado).
No primeiro parágrago, a referência à classificação de grupos sociais por faixa etária tem a finalidade de