Amazônia, a cobiça inteligente
Nos manuais de História da Ciência, a Teoria da Evolução é atribuída ao inglês Charles Darwin. Mas a lupa da memória britânica revela que outro inglês, Alfred Russel Wallace, sistematizou, em suas andanças amazônicas, paradigmas mais robustos para a teoria da origem e mutação das espécies. Alfred veio para o Rio Negro, em 1948, coletar espécies da fauna e da flora para vender a colecionadores e instituições europeias de História Natural. Coletou milhares de espécies e cartografou a etnobiogeografia regional.
O acervo sequestrado foi monumental, somando com a investida de seus conterrâneos Henry Bates e Richard Spruce. Após a divulgação desses tesouros, os empreendedores ingleses incrementaram investimentos na região, com soluções logísticas de transporte, na inovação tecnológica da defumação do látex, na intervenção diplomática, e na legislação internacional. Tem início, a partir daí, a movimentação para o Ciclo da Borracha, que agregou, em 30 anos, 60% de valor ao PIB da Rainha.
É emblemático recordar que o Museu Botânico de Kew Gardens, do Reino Unido, possui um dos maiores acervos de informações sobre a Amazônia. Ali os britânicos chegaram a recriar uma floresta tropical, num espaço de 20 mil metros quadrados de aço e cristal, para ilustrar o apreço científico e empresarial que a Amazônia representa.
Multiplicam-se, no Brasil de hoje, ações para adensar e estreitar o relacionamento da academia brasileira com a Amazônia, sua história, possibilidades e promessas. Há centenas de pesquisas em andamento sobre temas amazônicos. USP, Universidade de São Paulo, e UEA, Universidade do Estado do Amazonas, estreitam colaboração com esse fim e muitos frutos começam a brotar.
O curso Pioneirismo Empresarial Brasileiro e o Estado do Amazonas, realizado na FEA/USP, revela uma curiosidade promissora e fecunda do meio científico pela bioecologia e biogeografia e negócios da Amazônia. A biodiversidade da Hileia deixa de ser apologia da poesia natural para ser economia de oportunidades.
Do extrativismo do látex, da castanha, de resinas, de oleaginosas, sairão fármacos e fitoterápicos de que o mundo precisa para se manter saudável e perenizar sua juventude com a indústria da nutracêutica*. Emerge, pois, fortemente a necessidade de disseminar e regionalizar essa consciência, para integrar o País das Amazonas que o olhar estrangeiro, e sua a cobiça inteligente, há séculos, está a desejar.
(Alfredo R. M. Lopes. www.emtempo.com.br, 05.08.2014. Adaptado.)
O termo “academia”, em destaque no quarto parágrafo, refere-se