TEXTO:
[1] A abrangência que o conceito de patrimônio adquiriu
pode ser explicada pela dicotomia na relação entre o
global e o local. De um lado, o avanço do fenômeno da
globalização e do sistema capitalista nas cidades como
[5] discurso homogeneizante de valores e modos de vida
ameaçou as culturas e tradições locais. Por outro lado,
o “contramovimento” de revalorização da tradição e da
cultura que surge no âmbito das microrregiões do
planeta. Ou seja, a relação dialética entre tradição e
[10] transformação. Assim, o conceito de patrimônio passa
por uma considerável ampliação de seu sentido,
sobretudo diante das contribuições da reformulação do
olhar acadêmico das Ciências Sociais, o qual despertou
o interesse por novos objetos, sujeitos sociais e
[15] temáticas culturais antes mantidos à margem da
sociedade.
Nessa perspectiva, foram lançados pela UNESCO
os projetos Recomendação sobre a Salvaguarda da
Cultura Tradicional Popular (1989) e Convenção para a
[20] Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003), com
diretrizes que orientavam e atribuíam ao conceito de
patrimônio a categoria de imaterial ou intangível.
Desde então, foi possível elevar à categoria de
patrimônio cultural da humanidade ou da nação
[25] elementos que — na visão mais tradicional do conceito
de patrimônio — eram descartados, como danças típicas,
ritos, expressões religiosas, além de práticas cotidianas
de reprodução da cultura e da vida.
Assim, de um discurso patrimonial baseado na
[30] ideia do “monumento histórico e artístico”, que se referia
aos grandes monumentos do passado, passou-se, em
nossa era, para uma concepção do patrimônio entendido
como o conjunto de “bens culturais” referentes às
diversas identidades coletivas.
BLACH, Mateus. Patrimônio Cultural, parte II: a contemporaneidade. Disponível em:<http://www.sobrehistoria.org/conceito-de-patrimoniocultural/>. Acesso em: 9 nov. 2014.
Sobre o texto, é correto afirmar: