INSTRUÇÃO: Leia o Texto para responder à questão.
TEXTO
Crise hídrica? Que crise? Não existe nenhuma crise hídrica!
Ao contrário do que governos, imprensa e até organizações ambientalistas afirmam, não existe nenhuma crise hídrica no Brasil. Classificar o que está acontecendo com os recursos hídricos nos maiores estados do país como “crise” é reduzir e limitar a real compreensão dos fatos.
Crises são acontecimentos abruptos e momentâneos. Um momento difícil na existência, quando enfrentamos – na maioria das vezes – situações quase sempre alheias a nossa vontade.
[...] Podemos ter uma “crise no casamento” quando os cônjuges descobrem segredos ocultos ou quando se desentendem por alguma razão. [...] Crises, como dito, são manifestações que nos pegam de surpresa, no pulo.
Outra característica de uma crise é a sua temporalidade. Crises sempre acabam. Para o mal ou para o bem, em algum momento cessam. Crise que não cessa não é crise. Crise contínua não é crise, é doença crônica. Na relação conjugal, ou acaba a crise ou acaba o casamento.
[...]
A falta de água não é uma “crise”, porque ela não é fruto de um acontecimento imprevisível. Não se trata de um capricho de São Pedro que, de uma hora para outra, resolveu castigar a Região Sudeste. Há mais de 10 anos os governos tinham informações técnicas confiáveis de que as torneiras iriam secar a médio prazo.
A falta de água não é uma “crise” porque ela não será passageira. Os fatores que levaram ao esvaziamento das represas não cessarão subitamente. Recuperar as matas ciliares que protegem os rios do assoreamento, reflorestar grandes áreas para manter a perenidade das nascentes, cessar o desmatamento da Mata Atlântica e da Amazônia, substituir uma prática agrícola predatória e, principalmente, adotar um novo modelo de desenvolvimento não são medidas fáceis de serem adotadas e muito menos elas se encontram presentes na agenda dos atuais governantes. Quem acreditar nisso estará sendo, no mínimo, ingênuo. No caso dos políticos que tentam se justificar – chamando de crise o que permanente será – é pura leviandade mesmo.
[...]
Se não é uma crise, o que são então aquelas imagens de represas e açudes vazios? Simples a resposta: um colapso. Um “Colapso Hídrico”! Um colapso significa falência, esfacelamento e esgotamento. O colapso, ao contrário de uma crise, não é passageiro. O colapso, ao contrário de uma crise, é perfeitamente previsível. O “Colapso Hídrico” se instalou porque esgotamos o atual modelo de desenvolvimento, que privilegia a distribuição de lucros em detrimento dos investimentos em pesquisa e conservação ambiental.
[...]
O Brasil está começando a vivenciar o seu primeiro colapso ambiental. Outros virão. E as consequências são imprevisíveis. Um país que reduz 95% da Mata Atlântica, que incentiva a emissão de gases poluentes, através de políticas fiscais que estimulam o uso do transporte individual, que ignora a sistemática redução dos biomas, que mantém uma produção agrícola ultrapassada, que produz leis como o Código Florestal e, principalmente, que elege políticos que não têm nenhum compromisso, a não ser com a perpetuação do poder para sustentar suas máquinas partidárias, está fadado a colapsar.
A primeira – e a mais importante – medida que devemos adotar agora é assumir a realidade como ela é. Devemos ser francos e admitir que o que estamos vivendo não é uma crise, e sim um colapso. O fim de um ciclo econômico que falhou.
Não compreender – e aceitar – a diferença entre uma crise e um colapso é o mesmo que tratar gripe e câncer com chazinho caseiro. A gripe até pode passar, o câncer não. Ele sempre evolui. E para pior.
[...]
Mas a verdade é que o sonho acabou. Ou mudamos ou sumimos. Simples assim.
Disponível em: http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ dener-giovanini/crise-hidrica-que-crise-nao-existe-nenhumacrise-hidrica/. Acesso em: 31 mar. 2015 (Adaptação).
Segundo o texto, são causas do atual desabastecimento de água enfrentado por alguns dos principais estados do país, EXCETO: