A internet se espalhou em menos tempo que outras mídias, mas, ao atingir a marca dos 50 milhões de usuários, estava bem menos presente nos lares do que qualquer um dos outros sistemas. É claro que hoje ainda há no mundo muito mais telefones e bem mais aparelhos de rádio e tevê do que internautas surfando. E isso não vai mudar num futuro próximo, até porque telefones, rádios e tevês são (e serão), por algum tempo ainda, muito mais baratos que um computador. No começo do século 21, contam-se no mundo 7 bilhões de humanos e cerca de 600 milhões de internautas. Cerca de 50% da população mundial ainda não tem telefones, que já estão por aí há muito tempo. Jamais, em qualquer circunstância, uma tecnologia, mesmo o arado ou a foice, foi disponível para todos os humanos. Imaginar um mundo linear, inteiramente plano e pleno em suas necessidades é uma das mais insistentes utopias humanas. Jamais veremos toda uma humanidade conectada, letrada, com os mesmos padrões de comportamento e de conhecimento. Nem a palavra escrita, que já tem 5 mil anos, nem o livro, seu mais perfeito hardware, foram capazes desta proeza. Independentemente de fatores como a distribuição de renda e os níveis de escolaridade, os internautas continuarão a ser parte do mundo, como os letrados. É nessas horas que o termo “vanguarda” e o conceito de inovação distinguem uns de outros, e uma parte do todo se destaca, mesmo não sendo maioria ou regra dominante.
(“A sociedade da informação”. https://super.abril.com.br, 31.10.2016. Adaptado.)
Ao analisar o impacto das tecnologias no cotidiano da humanidade, o texto enfatiza que elas