Ao fazer um comentário sobre a interpretação das tiras divulgadas em sua página da Internet, Laerte afirma no Blog “Manual do Minotauro”:
“Tiras, assim como esfihas, podem ser abertas ou fechadas. Segundo o Umberto Eco, que estabeleceu este modelo, tão mais abertas serão quanto mais possibilidades de leitura oferecerem, e tão mais fechadas quanto mais estrito for o campo de interpretação.
Na minha produção, tem de tudo, com vários índices de abertura.
Nestas, de ‘Almanaque’, em especial, tive uma intenção mais ou menos clara, que alcança seu êxito (na leitura) conforme os códigos de quem lê são parecidos com os meus, que as fiz.” (Postado em 10 ago 2010.)
Veja uma das tiras publicadas em “Almanaque”:
Para a interpretação dessa tira, considere que os códigos a que o autor se refere sejam os conhecimentos necessários à interpretação da tira e indique quais, entre os pressupostos abaixo, são mobilizados para o sucesso na leitura.
1. Para a interpretação de tiras, é importante conhecer a distinção entre obra aberta e obra fechada formulada por Umberto Eco.
2. As geladeiras são equipamentos fundamentais para a conservação de produtos que se deterioram se não forem armazenados em temperaturas baixas.
3. Numa sociedade consumista, é comum a aquisição de bens desnecessários.
4. A Terra corre o risco permanente de ser alvo de ataques de armas nucleares.
5. O aquecimento global pode resultar no derretimento das geleiras da Antártida.
Assinale a alternativa correta.
Texto:
Apenas poucos séculos atrás, a mera ideia de resistir à agricultura, ao invés de estimulá-la, pareceria ininteligível. Como teria progredido a civilização sem a limpeza das florestas, o cultivo do solo e a conversão da paisagem agreste em terra colonizada pelo homem? Os reis e grandes proprietários podiam reservar florestas e parques para caça e extração de madeira, mas na Inglaterra Tudor a preservação artificial dos cumes incultos teria parecido tão absurda como a criação de santuários para pássaros e animais que não podiam ser comidos ou caçados. A tarefa do homem, nas palavras do Gênesis (I, 28), era “encher a terra e submetê-la”, derrubar matas, lavrar o solo, eliminar predadores, matar insetos nocivos, arrancar fetos, drenar pântanos. A agricultura estava para a terra assim como o cozimento para a carne crua. Convertia a natureza em cultura. Terra não cultivada significava homens incultos. E quando os ingleses seiscentistas mudaram-se para Massachusetts, parte de sua argumentação em defesa da ocupação dos territórios indígenas foi que aqueles que por si mesmos não submetiam e cultivavam a terra não tinham direito de impedir que outros o fizessem.
Fetos: plantas da espécie que inclui samambaias e avencas.
(THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural. S. Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 17-18.)
Texto:
Antes dos anos 80, o termo biodiversidade não era conhecido. Esse termo, que une as palavras ‘diversidade’ e ‘biológica’, foi popularizado pelo livro Biodiversidade, de 1988, organizado pelo biólogo norte-americano Edward O. Wilson, um dos pioneiros da ecologia, a partir dos debates do Fórum Nacional de Biodiversidade, realizado dois anos antes em Washington (Estados Unidos). O livro foi publicado no Brasil em 1997. No conceito de biodiversidade estão incluídos todos os seres vivos e as relações que esses organismos têm entre si e com o meio físico, transformando e construindo florestas, lagos e todos os elementos da paisagem que normalmente chamamos de natureza. Assim, plantas, animais e ecossistemas passaram a ser entendidos como um complexo integrado, que dá forma e funcionamento à vida no planeta.
A biodiversidade, portanto, não se refere exclusivamente aos organismos em si, mas também ao ambiente criado a partir da presença deles. É como um jogo de xadrez. De que valem as peças se não forem realizadas boas jogadas? Precisamos compreender as complexas regras desse jogo, para evitar ou minimizar nossas interferências nefastas. No caso da Amazônia, precisamos apreender a biodiversidade da região em toda a sua complexidade e dinâmica, entender os efeitos dos processos de mudança e buscar as melhores soluções para a manutenção dessa diversidade.
(A Amazônia está mudando. Ciência Hoje, jul. 2007, p. 40.)
Sobre o conceito de biodiversidade discutido no Texto 2, é correto afirmar:
No final de maio deste ano, a revista Science publicou um trabalho que causou alarde para além dos muros da comunidade científica. Liderado pelo doutor Craig Venter, um grupo de cientistas norte-americanos conseguiu criar em laboratório a primeira célula controlada por um genoma sintético. A descoberta sinaliza para o fato de que a criação de seres vivos inéditos na natureza parece não estar distante, o que despertou a atenção de diversos setores da sociedade. Prova disso foi a atitude do presidente Barack Obama que, após tomar conhecimento do feito, pediu a seus conselheiros especializados em biotecnologia que elaborassem um relatório sobre os possíveis prós e contras da descoberta. O Vaticano, por sua vez, conclamou para o debate ético, ao afirmar que a descoberta “deve ter regras, como tudo o que toca o coração da vida”.
Esse exemplo é apenas um entre os tantos avanços recentes da ciência que suscitam acaloradas discussões. O homem está autorizado a criar seres vivos inéditos na natureza? Quais os dilemas éticos envolvidos? Qual o papel da sociedade e dos cientistas diante desses dilemas? Para discutir essas e outras questões, a CULT entrevistou uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, a geneticista Lygia da Veiga Pereira.
CULT – Com relação ao genoma sintético, é correto falar em “criação” da vida, como a mídia vem fazendo? Lygia da Veiga Pereira – O que esse grupo [pesquisadores norte-americanos liderados pelo doutor Craig Venter] fez foi sintetizar no laboratório um genoma completo de uma bactéria e, ao colocar esse genoma dentro de outra, ele passou a reger a vida dessa bactéria. Então, rigorosamente falando, ele não criou vida, eu diria que ele reprogramou uma vida, pois transformou uma forma de vida A em uma forma de vida B. Trata-se de um grande avanço tecnológico, pois ele mostrou que consegue sintetizar no laboratório um genoma de uma bactéria e que esse genoma funciona quando é posto dentro de outra.
Por que eu digo que é um avanço puramente tecnológico? Eles de fato sintetizaram as moléculas de DNA em laboratório, mas a sequência daquele DNA já existia na natureza. O próximo passo, esse sim revolucionário, será criar um genoma inédito, que a natureza não selecionou. Baseados nos milhares de genes já descritos em bancos de dados, os pesquisadores poderão criar um genoma completamente inédito, inseri-lo em uma bactéria e então vão criar um ser vivo inédito. E para que fazer isso? Porque eles acham que vão conseguir desenhar seres vivos que exerçam funções interessantes para nós, como, por exemplo, captar CO2 da atmosfera ou digerir o petróleo no mar. É um enorme desafio.
CULT – Que implicações éticas você prevê para isso?
Lygia – O dilema ético é que não conseguimos prever se esse ser vivo fará somente o que o pesquisador pretende que ele faça. Não sabemos se aquela bactéria que ele desenhou só para digerir o petróleo na água do mar vai, por exemplo, começar a digerir algas ou será tóxica para alguns peixes e então provocar um desastre ecológico. A questão é que os sistemas biológicos são muito complexos e não conhecemos todas as leis que os regem. Então, se propor a construir novos seres vivos, desenhar novos seres vivos talvez seja uma pretensão ainda muito grande, dado o nosso pouco conhecimento dessas leis. Pode-se ter a melhor das intenções, mas, quando esse ser vivo estiver solto no meio ambiente, ele vai se comportar de forma imprevisível e o tiro pode sair pela culatra. É nisso que devemos prestar atenção.
(CULT, 16 jul. 2010.)
Segundo o texto, é correto afirmar:
No final de maio deste ano, a revista Science publicou um trabalho que causou alarde para além dos muros da comunidade científica. Liderado pelo doutor Craig Venter, um grupo de cientistas norte-americanos conseguiu criar em laboratório a primeira célula controlada por um genoma sintético. A descoberta sinaliza para o fato de que a criação de seres vivos inéditos na natureza parece não estar distante, o que despertou a atenção de diversos setores da sociedade. Prova disso foi a atitude do presidente Barack Obama que, após tomar conhecimento do feito, pediu a seus conselheiros especializados em biotecnologia que elaborassem um relatório sobre os possíveis prós e contras da descoberta. O Vaticano, por sua vez, conclamou para o debate ético, ao afirmar que a descoberta “deve ter regras, como tudo o que toca o coração da vida”.
Esse exemplo é apenas um entre os tantos avanços recentes da ciência que suscitam acaloradas discussões. O homem está autorizado a criar seres vivos inéditos na natureza? Quais os dilemas éticos envolvidos? Qual o papel da sociedade e dos cientistas diante desses dilemas? Para discutir essas e outras questões, a CULT entrevistou uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, a geneticista Lygia da Veiga Pereira.
CULT – Com relação ao genoma sintético, é correto falar em “criação” da vida, como a mídia vem fazendo? Lygia da Veiga Pereira – O que esse grupo [pesquisadores norte-americanos liderados pelo doutor Craig Venter] fez foi sintetizar no laboratório um genoma completo de uma bactéria e, ao colocar esse genoma dentro de outra, ele passou a reger a vida dessa bactéria. Então, rigorosamente falando, ele não criou vida, eu diria que ele reprogramou uma vida, pois transformou uma forma de vida A em uma forma de vida B. Trata-se de um grande avanço tecnológico, pois ele mostrou que consegue sintetizar no laboratório um genoma de uma bactéria e que esse genoma funciona quando é posto dentro de outra.
Por que eu digo que é um avanço puramente tecnológico? Eles de fato sintetizaram as moléculas de DNA em laboratório, mas a sequência daquele DNA já existia na natureza. O próximo passo, esse sim revolucionário, será criar um genoma inédito, que a natureza não selecionou. Baseados nos milhares de genes já descritos em bancos de dados, os pesquisadores poderão criar um genoma completamente inédito, inseri-lo em uma bactéria e então vão criar um ser vivo inédito. E para que fazer isso? Porque eles acham que vão conseguir desenhar seres vivos que exerçam funções interessantes para nós, como, por exemplo, captar CO2 da atmosfera ou digerir o petróleo no mar. É um enorme desafio.
CULT – Que implicações éticas você prevê para isso?
Lygia – O dilema ético é que não conseguimos prever se esse ser vivo fará somente o que o pesquisador pretende que ele faça. Não sabemos se aquela bactéria que ele desenhou só para digerir o petróleo na água do mar vai, por exemplo, começar a digerir algas ou será tóxica para alguns peixes e então provocar um desastre ecológico. A questão é que os sistemas biológicos são muito complexos e não conhecemos todas as leis que os regem. Então, se propor a construir novos seres vivos, desenhar novos seres vivos talvez seja uma pretensão ainda muito grande, dado o nosso pouco conhecimento dessas leis. Pode-se ter a melhor das intenções, mas, quando esse ser vivo estiver solto no meio ambiente, ele vai se comportar de forma imprevisível e o tiro pode sair pela culatra. É nisso que devemos prestar atenção.
(CULT, 16 jul. 2010.)
Avalie se as afirmativas a seguir correspondem ao ponto de vista expresso por Lygia da Veiga Pereira na entrevista a propósito da criação em laboratório de seres não existentes na natureza:
1. A criação de seres vivos inéditos pode ser avaliada positivamente, uma vez que esses seres podem ser projetados para exercer funções benéficas para os homens e outros seres vivos.
2. Antes de criar novos seres vivos, a ciência deve priorizar o estudo e a preservação da diversidade biológica existente.
3. É necessário ampliar o conhecimento sobre os sistemas biológicos antes de colocar na natureza seres criados em laboratório.
4. A criação de seres vivos inéditos representa uma ingerência humana injustificável nos processos naturais de evolução biológica.
Assinale a alternativa correta.
As expressões assinaladas no parágrafo inicial da entrevista fazem a retomada de informações apresentadas previamente no texto.
No final de maio deste ano, a revista Science publicou um trabalho que causou alarde para além dos muros 1 da comunidade
científica. Liderado pelo doutor Craig Venter, um grupo de cientistas norte-americanos conseguiu criar em laboratório a primeira
célula controlada por um genoma sintético. A descoberta sinaliza para o fato de que a criação de seres vivos inéditos na natureza
parece não estar distante, o que despertou a atenção de diversos setores da sociedade. Prova disso foi a atitude do presidente
[5] Barack Obama que, após tomar conhecimento do feito, pediu a seus conselheiros especializados em biotecnologia que
elaborassem um relatório sobre os possíveis prós e contras da descoberta. O Vaticano, por sua vez, conclamou para o debate
ético, ao afirmar que a descoberta “deve ter regras, como tudo o que toca o coração da vida”.
Assinale a alternativa que NÃO estabelece de forma adequada a relação entre a expressão destacada e a informação que essa expressão retoma.
Numere as frases a seguir, indicando a sequência em que devem ser ordenadas para compor um texto coeso e coerente.
( ) Embora essa seja uma característica de municípios pequenos e médios, é observada também em duas capitais: Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC).
( ) Mesmo levando em conta essas vantagens e reconhecendo a importância das motos para a mobilidade das pessoas, especialistas alertam para o aumento das mortes de motociclistas no país, que saltaram de 725 em 1996 para mais de 8 000 em 2009.
( ) O índice se limitava a 26% no começo da década.
( ) Essa preferência pela moto como principal meio de transporte em um número tão alto de municípios e mesmo em duas capitais da Região Norte pode ser explicada também pelo preço e facilidade de financiamento, com prestações que às vezes se limitam a 100 reais.
( ) Office-boys substituídos por motoboys, jegues por motos, táxis por mototáxis, preferência pela moto como um recurso para escapar de engarrafamentos, ônibus caros, lentos e desconfortáveis.
( ) O fenômeno, já observado desde os anos 90 está perto de se tornar predominante: quase metade das cidades brasileiras – 46% – já tem mais motocicletas que carros.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.