Prólogo
No princípio era o pântano,com valas de agrião e rãs coaxantes. Hoje é o parque do
Anhangabaú, todo ele relvado, com ruas de asfalto, [...] a Eva de ]recheret, a estátua de um
adolescente nu que corre - e mais coisas. Autos voam pela via central, e cruzam-se
pedestres em todas as direções. Lindo parque, civilizadíssimo.
[5] Atravessando-o certa tarde, vi formar-se ali um bolo de gente, rumo ao qual vinha vindo
um polícia apressado.
Fagocitose, pensei. A rua é artéria; os passantes, o sangue. O desordeiro, o bêbado, o
gatuno são os micróbios maléficos, perturbadores do ritmo circulatório. O soldado da polícia
é o glóbulo branco - o fagócito de Metchennikoff. Está de ordinário parado no seu posto,
[10] circunvagando olhares atentos. Mal se congestiona o tráfego pela ação anti-social do
desordeiro, o fagócito move-se, caminha, corre, cai a fundo sobre o mau elemento e arrasta-
o para o xadrez.
Foi assim naquele dia.
[...]
[15] Alguém perturba a paz do jardim, e em redor desse rebelde logo se juntou um grupo
de glóbulos vermelhos, vulgo passantes. E lá se vinha fagócito fardado restabelecer a
harmonia universal.
LOBATO, Monteiro. O físico (Conto de Natal). In:_____. Negrinho. São Paulo: Globo, 2008. p. 63-64
“[...] vi formar-se ali um bolo de gente [...]” (linha 5)
O segmento textual em destaque está reescrito corretamente, mantendo-se a informação original, na opção: