Considerando-se a progressão do tema apresentado no texto 5,
O pano abre na casa de EURICO ARÁBE, mais conhecido como
EURICÃO ENGOLE-COBRA.
[...] CAROBA – E foi então que o patrão dele disse: “Pinhão, você sele o cavalo e vá na minha frente procurar Euricão...”
EURICÃO – Euricão, não. Meu nome é Eurico.
CAROBA – Sim, é isso mesmo. Seu Eudoro Vicente disse: “Pinhão, você sele o cavalo e vá na minha frente procurar Euriques...” EURICÃO – Eurico!
CAROBA – “Vá procurar Euríquio...”
EURICÃO – Chame Euricão mesmo.
CAROBA – “Vá procurar Euricão Engole-Cobra...”
EURICÃO – Engole cobra é a mãe! Não lhe dei licença de me chamar de Engole-Cobra, não! Só de Euricão!
CAROBA – “Vá na minha frente procurar Euricão para entregar essa carta a ele.”
EURICÃO – Onde está a carta? Dê cá! Que quererá Eudório Vicente comigo?
PINHÃO – Eu acho que é dinheiro emprestado.
EURICÃO – (Devolvendo a carta.) Hein?
PINHÃO – Toda vez que ele me manda assim na frente, a cavalo, é para isso. [...]
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005. (Primeiro Ato).
O texto é, predominantemente,
[...]
Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o
cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,
[3] convidados que entravam. Lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns
tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d'água benta, o fechar
[6] a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até
o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do
coche, o rodar dos carros, um a um...
[...]
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra completa. v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 562.
As escolhas lexicais presentes no texto permitem afirmar que
[...]
Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o
cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,
[3] convidados que entravam. Lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns
tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d'água benta, o fechar
[6] a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até
o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do
coche, o rodar dos carros, um a um...
[...]
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra completa. v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 562.
No texto,
“Mando na frente meu criado Pinhão, homem de toda confiança para avisá-lo de minha chegada aí. Mas quero logo avisá-lo: pretendo privá-lo de seu mais precioso tesouro!” (p. 39-40)
A avareza da personagem central da peça O santo e a porca está representada na seguinte fala:
Mistério
À memória do pequeno alberto
Sei que tu'alma carinhosa e mansa
Voou, sorrindo, para o Azul celeste;
Sei que teu corpo virginal descansa
Aqui da terra n'um cantinho agreste.
Tudo isto sei: mas tu não me disseste
Se lá no céu, na pátria da Esperança,
Ou aqui no mundo, à sombra do cipreste,
Deixaste o coração, loura criança!
Desceu acaso como corpo à terra
Ele tão puro e que só a luz encerra ?
Não creio nisso e ninguém crê decerto...
Enquanto, eu cismo que, num vale ameno,
Talvez o seio de um jasmim pequeno
Sirva de berço ao coração de Alberto.
Macaíba - março de 1895
SOUZA, Auta de. Horto, outros poemas e ressonâncias: obras reunidas. Natal, RN: EDUFRN - Editora de UFRN,
2009, p. 82
Da leitura do poema “Mistério”, de Auta de Souza, conclui-se que