Texto
É possível saber a classe social da pessoa só de ouvi-la? (Parte 2)
Livia Oushiro
Em um estudo recente em São Paulo, investiguei quais significados se associam a duas pronúncias de R no final de sílaba – o retroflexo, chamado popularmente de “r caipira”, e o tepe, prototipicamente paulistano –, para além de estereótipos relacionados à origem geográfica dos falantes. Os ouvintes, novamente sem saber que estavam avaliando os mesmos falantes, atribuíram diferentes áreas de residência e status social a depender de qual pronúncia de R ouviram numa gravação: bairros mais periféricos e classe mais baixa quando ouviram o “r caipira”. Eles também atribuíram aos falantes características pessoais tanto positivas e negativas, como “sofisticado” e “metido” quando um falante foi ouvido com o “r paulistano”, e “simples” e “trabalhador” quando ouvido com o “r caipira”.
Por outro lado, os resultados também mostraram que os ouvintes avaliam os falantes diferentemente de acordo com suas próprias características sociais. Por exemplo, os moradores de bairros de periferia não diferenciam as pronúncias de R tão drasticamente quanto os moradores de áreas nobres, e os migrantes de outros estados consideram o “r caipira” tão paulistano quanto o tepe. As experiências sociais dos indivíduos sem dúvida estão na base de tais julgamentos.
Fonte: Disponível em: http://www.roseta.org.br/pt/2018/05/13/e-possivel-saber-a-classe-social-de-umapessoa-so-de-ouvi-la/. Acesso em 19 de abril de 2020. Adaptado.
Os resultados encontrados pela pesquisadora demonstram que os ouvintes: