Leia o trecho de O crime do Padre Amaro de Eça de Queirós, para responder a questão.
“Já tinha anoitecido quando a diligência, com as lanternas acesas, entrou na Ponte ao trote esgalgado dos seus magros cavalos brancos, e veio parar ao pé do chafariz, por baixo da estalagem do Cruz ; o caixeiro do tio Patrício partiu logo a correr para a Praça com o maço dos Diários Populares; o tio Baptista, o patrão, com o cachimbo negro ao canto da boca, desatrelava, praguejando tranquilamente; e um homem que vinha na almofada, ao pé do cocheiro, de chapéu alto e comprido capote eclesiástico, desceu cautelosamente, agarrando-se às guardas de ferro dos assentos, bateu com os pés no chão para os desentorpecer, e olhou em redor.
– Oh, Amaro! gritou o cônego, que se tinha aproximado, oh ladrão!
– Oh, padre-mestre! disse o outro com alegria. E abraçaram-se, enquanto o coadjutor, todo curvado, tinha o barrete na mão.
Daí a pouco as pessoas que estavam nas lojas viram atravessar a Praça, entre a corpulência vagarosa do cônego Dias e a figura esguia do coadjutor, um homem um pouco curvado, com um capote de padre. Soube-se que era o pároco novo; e disse-se logo na botica que era uma boa figura de homem.”
QUEIRÓS, Eça de. O crime do Padre Amaro. São Paulo: Ática, 1995. p. 23-24.
Analise as sentenças acerca do romance O crime do Padre Amaro e atribua como julgamentos: ‘Falsa (F)’ ou ‘Verdadeira (V)’
1. ( ) O foco narrativo, orientado pela terceira pessoa do discurso, acarreta à narrativa certo distanciamento, reportando o que é chamado de ‘onisciência’ ao narrador, o qual é seletivo, tendencioso e altamente envolvido com os fatos.
2. ( ) Amaro Vieira, personagem protagonista, expressa o que em Literatura é chamado de personagem-tipo, ou seja, um personagem que corporifica ficcionalmente determinada classe social ou grupo de pessoas de determinada instituição.
3. ( ) O espaço na narrativa é determinante na caracterização dos personagens, assim como as longas descrições, que reafirmam a tentativa de comprovação de tese.
4. ( ) Apesar da linguagem adotada no referido romance apresentar rebuscamento, em certas passagens, há introdução de uma linguagem mais cotidiana, que tende à vulgaridade.
5. ( ) A predominância do tempo psicológico é uma dominante nessa obra, assim como ocorre nas obras de escritores contemporâneo de Eça de Queirós, como José Saramago.
6. ( ) Nesta obra fica evidente a influência das ideias que visam a comprovação da influência do meio na conduta dos personagens.
7. ( ) A figura de Amélia, na obra, como a de todas as personagens do sexo feminino, está de acordo com uma figura altiva, forte, determinada, típica dos romances naturalistas.
8. ( ) A obra é considerada combativa, de ação social, em oposição à arte desinteressada e egocêntrica de autores românticos.
9. ( ) É considerada uma narrativa de costumes, já que descreve o ambiente provinciano de Leiria.
10. ( ) A personagem Amélia é induzida à morte graças a uma sociedade hipócrita, preconceituosa e amparada por regras clericais duvidosas.
A alternativa que contempla a sequência correta dos julgamentos das afirmações anteriores é: