Leia o fragmento de texto para responder a QUESTÃO.
Gonzaga ou A revolução de Minas
Ato I
Cena III
Os mesmos e Luís
LUÍS – Senhor!
GONZAGA – Vem cá. (Aos companheiros) Veem este homem?
CLÁUDIO – Por Deus! é um negro.
GONZAGA – Sabem a que classe pertence?
CLÁUDIO – Um escravo ou um liberto.
GONZAGA – Que é ainda um escravo, se este homem tiver a
desgraça de ter mãe, filho, irmã, amante, uma mulher, uma
família, enfim, algum desses fios que prendem o homem à vida
como a estrela ao firmamento. E sabeis por quê? É que a mãe
de cujo seio saiu é escrava e o fruto murcha quando o tronco
sofre, é que a mulher que ele tem no coração é escrava e o
verme que morde o coração mata o corpo, é que o filho de seu
amor é escravo, e o ninho desaba quando o passarinho
estrebucha na agonia. E sabem o que esse homem quer? Qual
o único sonho de sua noite, a única ideia do seu cérebro?
Perguntem-lhe.
CLÁUDIO – Talvez o amor, a ventura sob a forma de um beijo.
LUÍS – Perdoe, meu senhor. Engana-se. Não!
CLÁUDIO – Riqueza para realizar estes castelos doudos de
uma imaginação da África?
LUÍS – Ainda não.
CLÁUDIO – Mulheres como nos haréns do Oriente, como os
príncipes da África sabem ter?
LUÍS – Não, mil vezes não.
CLÁUDIO – Posição, grandeza, talvez uma farda de
Governador. Ainda não? Com mil diabos, és difícil de
contentar.
GONZAGA – Enganas-te. Ele quer pouco, quer o que todos
nós temos, quer sua família, quer sua filha.
Fonte: ALVES, Castro. Gonzaga ou a revolução de Minas. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. p. 586-587 (fragmento)
Assinale a alternativa CORRETA. O texto teatral de Castro Alves apresenta três personagens em um diálogo que expressa: