TEXTO:
A velhice deve ter os seus deuses, assim como a
infância e a juventude têm seus protetores, que inspiram
as proezas do primeiro amor e das aventuras
imprudentes. A velhice invoca outros deuses, e são
5 necessários muitos e longos anos para conhecê-los.
Suas exigências e sua inspiração podem ser de outro
tipo, mas eles, tanto quanto os deuses que visitam a
juventude, não podem ser rejeitados. Sua descoberta e
suas promessas não pertencem apenas à juventude; a
10 idade não é excluída da revelação.
Precisamos reconhecer a extensão em que o
nosso pensar sobre a duração da vida tem sido
emboscado num “idadeísmo” depreciativo — um conceito
de classificação que relega todos os idosos a uma
15 categoria com limites definidos e inescapáveis, por causa
do colapso do organismo e do esgotamento das suas
reservas. A biologia e a economia são o nosso modelo
ocidental básico. Ideias de alma, de caráter individual e
da influência da consciência nos processos vitais
20 tornaram-se acessórios decorativos para aliviar o
desespero e disfarçar a “verdade real” sobre a velhice.
HILLMAN, James. A força do caráter: e a poética de uma vida longa. Tradução Eliana Sabino. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. p. 16. Tradução de: The force og character.
Sobre o segundo parágrafo, está correto o que se afirma em
TEXTO:
A velhice deve ter os seus deuses, assim como a
infância e a juventude têm seus protetores, que inspiram
as proezas do primeiro amor e das aventuras
imprudentes. A velhice invoca outros deuses, e são
5 necessários muitos e longos anos para conhecê-los.
Suas exigências e sua inspiração podem ser de outro
tipo, mas eles, tanto quanto os deuses que visitam a
juventude, não podem ser rejeitados. Sua descoberta e
suas promessas não pertencem apenas à juventude; a
10 idade não é excluída da revelação.
Precisamos reconhecer a extensão em que o
nosso pensar sobre a duração da vida tem sido
emboscado num “idadeísmo” depreciativo — um conceito
de classificação que relega todos os idosos a uma
15 categoria com limites definidos e inescapáveis, por causa
do colapso do organismo e do esgotamento das suas
reservas. A biologia e a economia são o nosso modelo
ocidental básico. Ideias de alma, de caráter individual e
da influência da consciência nos processos vitais
20 tornaram-se acessórios decorativos para aliviar o
desespero e disfarçar a “verdade real” sobre a velhice.
HILLMAN, James. A força do caráter: e a poética de uma vida longa. Tradução Eliana Sabino. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. p. 16. Tradução de: The force og character.
A ideia básica do enunciador sobre a juventude e a velhice, no primeiro parágrafo, é a que está expressa em
TEXTO:
Nossa comunicação caminhou do gesto à palavra,
numa crescente abstratização, e, com a palavra, dos
suportes da mídia primária (corpo) aos suportes da mídia
secundária (impressos), que aumentavam a possibilidade
5 de comunicação a distância. Enfim, chegamos à mídia
terciária, que abole definitivamente os limites espaciais,
eliminando a questão da distância na comunicação (esse
foi um dos motes básicos do discurso publicitário da
internet desde seu surgimento). Chegamos, inclusive,
10 ao jornalismo que, ironicamente, chama-se de “real time”.
A mídia terciária ofereceu os meios necessários
para que a sociedade se transformasse numa sociedade
de voyeurs, instalou o espetáculo em todas as instâncias
comunicativas. Esse fenômeno da comunicação como
15 consumo e produção de imagens espetaculares que se
oferecem à prática voyeur partiu da vida social, das
demandas da cultura industrial, mas acabou por se
instalar, com a internet, também como a nova realidade
da vida privada. Basta que se entre nas salas de
20 bate-papo dos adolescentes ou que se acompanhe o
enorme número de adultos que namoram pela internet
para que se entenda do que se está falando.
[...]
O espetáculo virtual, antes só oferecido pelos mídia
de massa (com uma instância emissora central), agora
25 é também a estética das relações interpessoais. Isso
talvez explique em parte a queda de audiência da TV
em todo o mundo. Finalmente, todos estamos na TV, e
nossos “15 minutos de glória” dependem de que a ligação
telefônica não seja interrompida. Essa talvez seja a
30 transformação da realidade representada em simulacro,
sobre a qual fala J. Baudrillard (1991).
Com a distância, a virtualização, o homem perde a
experiência do tempo presente; livra-se também, por
outro lado, da consciência da transitoriedade. A imagem
35 virtual traz a ilusão da eternização de uma pessoa no
momento mesmo em que, de fato, o que ocorre é a
dissipação do sujeito corporal, de sua identidade
concreta.
Para fugir à finitude humana, à mortalidade
40 (matando o tempo antes que este o mate), o homem
contemporâneo recorre à comunicação virtual,
inaugurando um tempo virtual infinito que foge às leis da
mortalidade, satisfazendo seu instinto/pulsão de poder
e de controle do egoico. Na carne, morremos; na
45 imagem, somos, instantaneamente, ilusoriamente
eternos.
CONTRERA, Malena Segura. O distanciamento na comunicação. In: Mídia em pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2002. p. 53-54.
Sobre a classificação da mídia apresentada pelo texto, está correto o que se afirma em
TEXTO:
Nossa comunicação caminhou do gesto à palavra,
numa crescente abstratização, e, com a palavra, dos
suportes da mídia primária (corpo) aos suportes da mídia
secundária (impressos), que aumentavam a possibilidade
5 de comunicação a distância. Enfim, chegamos à mídia
terciária, que abole definitivamente os limites espaciais,
eliminando a questão da distância na comunicação (esse
foi um dos motes básicos do discurso publicitário da
internet desde seu surgimento). Chegamos, inclusive,
10 ao jornalismo que, ironicamente, chama-se de “real time”.
A mídia terciária ofereceu os meios necessários
para que a sociedade se transformasse numa sociedade
de voyeurs, instalou o espetáculo em todas as instâncias
comunicativas. Esse fenômeno da comunicação como
15 consumo e produção de imagens espetaculares que se
oferecem à prática voyeur partiu da vida social, das
demandas da cultura industrial, mas acabou por se
instalar, com a internet, também como a nova realidade
da vida privada. Basta que se entre nas salas de
20 bate-papo dos adolescentes ou que se acompanhe o
enorme número de adultos que namoram pela internet
para que se entenda do que se está falando.
[...]
O espetáculo virtual, antes só oferecido pelos mídia
de massa (com uma instância emissora central), agora
25 é também a estética das relações interpessoais. Isso
talvez explique em parte a queda de audiência da TV
em todo o mundo. Finalmente, todos estamos na TV, e
nossos “15 minutos de glória” dependem de que a ligação
telefônica não seja interrompida. Essa talvez seja a
30 transformação da realidade representada em simulacro,
sobre a qual fala J. Baudrillard (1991).
Com a distância, a virtualização, o homem perde a
experiência do tempo presente; livra-se também, por
outro lado, da consciência da transitoriedade. A imagem
35 virtual traz a ilusão da eternização de uma pessoa no
momento mesmo em que, de fato, o que ocorre é a
dissipação do sujeito corporal, de sua identidade
concreta.
Para fugir à finitude humana, à mortalidade
40 (matando o tempo antes que este o mate), o homem
contemporâneo recorre à comunicação virtual,
inaugurando um tempo virtual infinito que foge às leis da
mortalidade, satisfazendo seu instinto/pulsão de poder
e de controle do egoico. Na carne, morremos; na
45 imagem, somos, instantaneamente, ilusoriamente
eternos.
CONTRERA, Malena Segura. O distanciamento na comunicação. In: Mídia em pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2002. p. 53-54.
Quanto à relação dos interlocutores com o tempo na mídia, pode-se inferir da leitura do texto:
TEXTO:
Nossa comunicação caminhou do gesto à palavra,
numa crescente abstratização, e, com a palavra, dos
suportes da mídia primária (corpo) aos suportes da mídia
secundária (impressos), que aumentavam a possibilidade
5 de comunicação a distância. Enfim, chegamos à mídia
terciária, que abole definitivamente os limites espaciais,
eliminando a questão da distância na comunicação (esse
foi um dos motes básicos do discurso publicitário da
internet desde seu surgimento). Chegamos, inclusive,
10 ao jornalismo que, ironicamente, chama-se de “real time”.
A mídia terciária ofereceu os meios necessários
para que a sociedade se transformasse numa sociedade
de voyeurs, instalou o espetáculo em todas as instâncias
comunicativas. Esse fenômeno da comunicação como
15 consumo e produção de imagens espetaculares que se
oferecem à prática voyeur partiu da vida social, das
demandas da cultura industrial, mas acabou por se
instalar, com a internet, também como a nova realidade
da vida privada. Basta que se entre nas salas de
20 bate-papo dos adolescentes ou que se acompanhe o
enorme número de adultos que namoram pela internet
para que se entenda do que se está falando.
[...]
O espetáculo virtual, antes só oferecido pelos mídia
de massa (com uma instância emissora central), agora
25 é também a estética das relações interpessoais. Isso
talvez explique em parte a queda de audiência da TV
em todo o mundo. Finalmente, todos estamos na TV, e
nossos “15 minutos de glória” dependem de que a ligação
telefônica não seja interrompida. Essa talvez seja a
30 transformação da realidade representada em simulacro,
sobre a qual fala J. Baudrillard (1991).
Com a distância, a virtualização, o homem perde a
experiência do tempo presente; livra-se também, por
outro lado, da consciência da transitoriedade. A imagem
35 virtual traz a ilusão da eternização de uma pessoa no
momento mesmo em que, de fato, o que ocorre é a
dissipação do sujeito corporal, de sua identidade
concreta.
Para fugir à finitude humana, à mortalidade
40 (matando o tempo antes que este o mate), o homem
contemporâneo recorre à comunicação virtual,
inaugurando um tempo virtual infinito que foge às leis da
mortalidade, satisfazendo seu instinto/pulsão de poder
e de controle do egoico. Na carne, morremos; na
45 imagem, somos, instantaneamente, ilusoriamente
eternos.
CONTRERA, Malena Segura. O distanciamento na comunicação. In: Mídia em pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2002. p. 53-54.
A alternativa em que o fragmento transcrito funciona como termo explicativo, no contexto do período, é a
TEXTO:
Nossa comunicação caminhou do gesto à palavra,
numa crescente abstratização, e, com a palavra, dos
suportes da mídia primária (corpo) aos suportes da mídia
secundária (impressos), que aumentavam a possibilidade
5 de comunicação a distância. Enfim, chegamos à mídia
terciária, que abole definitivamente os limites espaciais,
eliminando a questão da distância na comunicação (esse
foi um dos motes básicos do discurso publicitário da
internet desde seu surgimento). Chegamos, inclusive,
10 ao jornalismo que, ironicamente, chama-se de “real time”.
A mídia terciária ofereceu os meios necessários
para que a sociedade se transformasse numa sociedade
de voyeurs, instalou o espetáculo em todas as instâncias
comunicativas. Esse fenômeno da comunicação como
15 consumo e produção de imagens espetaculares que se
oferecem à prática voyeur partiu da vida social, das
demandas da cultura industrial, mas acabou por se
instalar, com a internet, também como a nova realidade
da vida privada. Basta que se entre nas salas de
20 bate-papo dos adolescentes ou que se acompanhe o
enorme número de adultos que namoram pela internet
para que se entenda do que se está falando.
[...]
O espetáculo virtual, antes só oferecido pelos mídia
de massa (com uma instância emissora central), agora
25 é também a estética das relações interpessoais. Isso
talvez explique em parte a queda de audiência da TV
em todo o mundo. Finalmente, todos estamos na TV, e
nossos “15 minutos de glória” dependem de que a ligação
telefônica não seja interrompida. Essa talvez seja a
30 transformação da realidade representada em simulacro,
sobre a qual fala J. Baudrillard (1991).
Com a distância, a virtualização, o homem perde a
experiência do tempo presente; livra-se também, por
outro lado, da consciência da transitoriedade. A imagem
35 virtual traz a ilusão da eternização de uma pessoa no
momento mesmo em que, de fato, o que ocorre é a
dissipação do sujeito corporal, de sua identidade
concreta.
Para fugir à finitude humana, à mortalidade
40 (matando o tempo antes que este o mate), o homem
contemporâneo recorre à comunicação virtual,
inaugurando um tempo virtual infinito que foge às leis da
mortalidade, satisfazendo seu instinto/pulsão de poder
e de controle do egoico. Na carne, morremos; na
45 imagem, somos, instantaneamente, ilusoriamente
eternos.
CONTRERA, Malena Segura. O distanciamento na comunicação. In: Mídia em pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2002. p. 53-54.
O fragmento em que ocorre o uso da vírgula separando orações coordenadas com sujeitos diferentes é o transcrito em