Texto 1
Última página de “Os Sertões”
Canudos não se rendeu
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história,
resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a
palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao
entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que
[5] todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens
feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente
5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos
momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamola
[10] sempre profundamente emocionante e trágica; mas
cerramo-la vacilante e sem brilhos.
Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto,
a par de uma perspectiva maior, a vertigem...
Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a
[15] narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres
precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos
filhos pequeninos...
E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da
palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais,
[20] desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na
véspera, e entre eles aquele Antônio Beatinho, que se nos
entregara, confiante — e a quem devemos preciosos
esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa História?
Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir,
[25] desmanchando-lhe as casas, 5.200, cuidadosamente contadas.
Texto II
Os sertões
Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
[5] A terra é seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida é triste nesse lugar
Sertanejo é forte
[10] Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte
Dizia o Poeta assim
Foi no século passado
No interior da Bahia
[15] O Homem revoltado com a sorte
do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
[20] Que a sociedade oferecia
Os Jagunços lutaram
Até o final
Defendendo canudos
Naquela guerra fatal
(Escola de samba em Cima da Hora)
Assinale a opção que indica o verso da letra da música da escola de samba que se refere especificamente ao fato de ser o samba um enredo alheio.