Mestre Didi inicialmente transpôs, ao meio da arte, peças similares aos artefatos que fabricava para o terreiro e, depois, passou a traduzir, em forma de arte, os conteúdos narrativos da tradição nagô (as peças expostas no circuito artístico não eram sacralizadas). Além disso, ele sentiu a necessidade prática de transformar objetos portáteis e manuseados por pessoas durante o transe religioso em peças estáticas para serem expostas como objetos artísticos. Mestre Didi produziu desde objeto e escultura até monumento e instalação. Ao longo do desenvolvimento dessa produção, ele foi ampliando pouco a pouco seu domínio de matérias, materiais e do vazio, de formas e espaços, de tamanhos e de escalas, para conquistar maior desenvoltura na expressão plástica a partir da simbologia cultural iorubá.
Roberto Conduru. Formações transatlânticas – Mestre Didi Martiniano do Bonfim e a arte da África no Brasil desde os oitocentos. In: 19&20, Rio de Janeiro, v. XVI, n.º 1, jan.-jun./2021 (com adaptações)
Tendo como referência a obra apresentada na imagem e o texto precedentes, julgue o seguinte item.
Os materiais e as formas dessa obra de Mestre Didi ampliam a sacralidade do terreiro ao estendê-la para a arte.