Analise o texto publicado recentemente em mídia jornalística.
Imagem de Iemanjá é depredada em praia de São Luís
https://oimparcial.com.br/noticias/2023/07/imagem-de-iemanja-e-depredada-em-praia-de-sao-luis/
A imagem de Iemanjá, presente há pelo menos 30 anos, na Praia do Olho D’água, em São Luís, foi depredada durante um ato de vandalismo.
Essa manifestação pode ser entendida como resultado da
Na década de 80, a canção Mulher (Sexo frágil) fez muito sucesso. Trata-se de uma declaração sobre a força feminina, que se vale do poder que as mulheres têm na relação com os homens. Ao mesmo tempo que a canção mostra a realidade de como a mulher é vista na sociedade, o eu lírico marca a posição de quão equivocada é essa perspectiva.
Mulher (Sexo frágil)
Canção de Erasmo Carlos
Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas
Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça
Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas pra quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito
O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher
Mulher, mulher
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração
Pra decantar você nessa canção
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um dez
Sou forte mas não chego aos seus pés
Mulher, mulher
Mulher, mulher
https://www.letras.mus.br/erasmo-carlos/
A letra da canção deixa transparecer o machismo vigente na sociedade.
Essa assertiva está comprovada nos seguintes versos:
Texto I
[...] A abertura da Perimetral Norte, BR-2010, sem os necessários cuidados de saúde, levou àquela região gripe, sarampo, tuberculose, moléstias de peles e doenças venéreas. [...] O garimpo irrompeu como outra modalidade de doença, subtraindo dos Yanomami mais de 150 toneladas de cassiterita. Os índios reagiram, houve conflitos e as autoridades fizeram recuar os garimpeiros, interrompendo-se as obras da Perimetral Norte. De tudo isso resultou o saldo da morte de vários indígenas.
Carlos Drummond de Andrade (1979)
Texto II
https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/17749/nao-deixem-acabar-com-os-yanomamis
Os dois textos podem ser unidos pela crítica à situação em que se encontra o povo Yanomami em distintos períodos.
Pode-se inferir da leitura comparativa dos textos que
Os casos de feminicídio, no século XXI, têm sido constantemente anunciados na mídia. Embora possa parecer “algo novo”, já se afirmava a violência à mulher em séculos anteriores. Leia os textos sobre o tema. O primeiro descreve as formas de opressão sofridas pelas mulheres; o segundo define o conceito de feminicídio no mundo contemporâneo.
TEXTO I
NAS MÃOS DE UM HOMEM, A LÓGICA É MUITAS VEZES VIOLÊNCIA
0 casamento incita o homem a um imperialismo caprichoso: a tentação de dominar é a mais universal, a mais irresistível que existe; muitas vezes não basta ao esposo ser aprovado, admirado, aconselhar, guiar: ele ordena, representa o papel de soberano. Todos os rancores acumulados em sua infância, durante sua vida, acumulados quotidianamente entre os outros homens cuja existência o freia e fere, ele descarrega em casa, acenando para a mulher com sua autoridade; mima a violência, a força, a intransigência: dá ordens com voz severa, ou grita, bate na mesa; essa comédia é para a mulher uma realidade quotidiana. Ele se acha tão convencido de seus direitos que a menor autonomia conservada pela mulher lhe parece uma rebeldia; gostaria de impedi-la de respirar sem ele.
BEAUVOIR, Simone. Segundo Sexo. São Paulo, Nova Fonteira: 2020.
TEXTO II
O CONCEITO DE FEMINICÍDIO
“Trata-se de um crime de ódio. O conceito surgiu na década de 1970 com o fim de reconhecer e dar visibilidade à discriminação, opressão, desigualdade e violência sistemática contra as mulheres, que, em sua forma mais aguda, culmina na morte. Essa forma de assassinato não constitui um evento isolado e nem repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um processo contínuo de violências, cujas raízes misóginas caracterizam o uso de violência extrema. Inclui uma vasta gama de abusos, desde verbais, físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de mutilação e de barbárie.”
Eleonora Menicucci https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitulos/o-que-e-feminicidio/#o-que-e-feminicidio
Da leitura dos dois textos, pode-se afirmar que Beauvoir já identificava, nos anos 40 do século XX, que a violência contra a mulher sempre foi.
A peça teatral grega, Antígona, é a continuação dramática de Édipo Rei, de Sófocles. Antígona luta pelo direito de prestar o cerimonial de luto do irmão, que fora condenado pelo rei tirano, Creonte, tendo sido proibida de qualquer direito aos ritos religiosos fúnebres, importantes na época, pois se acreditava que a alma ficava vagando. Antígona, religiosa, desobedece ao Rei, ao Estado e enterra o irmão, sendo morta. Na tragédia, estão em conflito as leis divinas e as leis dos homens.
A tragédia exemplifica o Estado e os costumes, determinando a ação da mulher, situação que reflete toda a história até o nosso tempo. Hoje, a filósofa, Judith Butler, interpreta a tragédia de Antígona, de uma perspectiva feminista, considerando outras possibilidades, como referências da pós-modernidade. Afirma a filósofa:
Quem, portanto, é Antígona nesse cenário, e o que devemos fazer de suas palavras, palavras que se tornam eventos dramáticos e atos performativos? Ela não pertence ao humano, porém fala por meio de sua linguagem. Proibida de agir, ela, no entanto, age, e seu ato está longe de ser a simples assimilação de uma norma existente. Ao agir como alguém que não tem o direito de fazêlo, ela perturba o vocabulário do parentesco que é uma precondição do humano, implicitamente levantando a questão, para nós, de quais realmente devem ser essas precondições. Ela fala na linguagem do direito da qual está excluída, participando na linguagem da reivindicação com a qual nenhuma identificação final é possível. Se ela é humana, então o humano entrou em catacrese: já não conhecemos mais seu uso próprio.
Judith Butler. O clamor de Antígona. Parentesco entre a vida e a morte. Florianópolis: UFSC, 2014.
Nesse sentido, Butler, ao tomar Antígona como referência desse mundo pós-moderno, no que se refere às perspectivas do feminismo, apresenta a crítica de que o movimento feminista deve
Democracia representativa e participação política das mulheres no Brasil
A participação política nas democracias representativas, dentre outras formas, materializa-se no direito constitucional de votar e ser votado, em eleições livres e periódicas, com regras pré-definidas. Porém, esse direito básico só foi conquistado pelas mulheres no “Código Eleitoral (Decreto nº 21.076), em 1934, que garantiu às mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas em todo o território nacional. Esses direitos políticos foram assentados em bases constitucionais por meio da segunda Constituição da República, em 1934”.
(Justiça Eleitoral, disponível em https://www.justicaeleitoral.jus.br/tse-mulheres/ Acesso em 23 de jun. de 2023. Adaptado).
Entre 2016 e 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres, 33% de candidaturas femininas e 15% de eleitas, focando os dados nas eleições gerais de 2022, 18% das vagas no poder legislativo foram ocupadas por mulheres (Id. Ibid. Adaptado). O texto acima apresenta dados sobre a conquista dos direitos políticos femininos a partir de 1934. Tendo como base esses dados, é possível inferir que a participação das mulheres na vida política brasileira é
I) equânime à participação masculina, pois ambos os gêneros compõem as estruturas políticas.
II) desfavorecida quando comparada à participação dos homens, haja vista que as mulheres são sub- representadas.
III) consequência de uma sociedade excludente, na qual as mulheres candidatas são preferidas, quando comparadas aos homens.
IV) reflexo de uma sociedade desigual, na qual as mulheres ocupam menos postos de poder.
Estão corretas, apenas, as afirmativas