Texto I
P. S. no 2 – Imagino Tia Çãozinha e os leitores perguntando: –– Hilda Furacão continua um mistério. Por que ela foi para a Zona Boêmia num dia 1º de abril, quando era a garota do Maiô Dourado e por que saiu cinco anos depois, também num 1º de abril?
Devo informar que fiz essas perguntas a Hilda Furacão quando a encontrei em Buenos Aires e ela fugiu do assunto; quando disse que precisava de uma explicação para dar aos leitores, pois ia escrever um romance a seu respeito, ela retrucou, esquecida da velha promessa de revelar seu segredo;
–– Por que você não diz aos leitores que, tal como contou no seu romance, eu, Hilda Furacão, nunca existi e sou apenas um 1º de abril que você quis passar nos leitores? Por que não diz isso?
DRUMMOND, Roberto. Hilda Furacão. 18ª Ed. São Paulo: Editorial. 2008. p.291-292.
Texto II
De 1971 a 2002 - ao longo, portanto, de 31 anos – convivi com Roberto Drummond e suas fantasias. Uma vez critiquei com dureza um livro dele e ele parou de falar comigo por oito anos. Era um passional. Em 1986 convidei-o para ser cronista do Caderno 2 do Estadão ao lado de Caio Fernando Abreu, Rachel de Queiroz e Susana Kakowicz, cronista imaginária, pseudônimo que eu mesmo usava. Apaixonou-se platonicamente por Susana, para quem chegou a escrever algumas cartas.
Naquela noite, em Vinhedo, quando garantia para os estudantes que Hilda tinha existido, sim, e devia estar viva e linda em algum lugar – aos 65 anos? –, ele me perguntou por Susana. Não tive coragem, claro, de lhe dizer que Susana era eu.”
Emediato, Luiz Fernando. In: DRUMMOND, Roberto. Hilda Furacão. 18ª Ed. São Paulo: Editorial. 2008.
Assinale o provérbio que sintetiza a relação existente entre os textos I e II.