Acerca do texto, assinale a alternativa correta.
Leia o fragmento a seguir.
“A fumaça que sai da ponta acesa do cigarro possui as mesmas substâncias daquela que o fumante inala, porém algumas encontram-se em concentrações maiores: 50 vezes mais alcatrão e até 5 vezes mais nicotina e monóxido de carbono”.
Com relação ao fragmento, considere as afirmativas a seguir.
I. Os termos “daquela” e “algumas” referem-se, respectivamente, às palavras “fumaça” e “substâncias”.
II. A conjunção “porém” inicia oração que estabelece ideia de conclusão com a anterior.
III. O trecho logo após os dois pontos tem função de aposto explicativo referente à expressão “ponta acesa do cigarro”.
IV. A preposição “até” estabelece um limite para o número de vezes em que certas substâncias estão concentradas.
Assinale a alternativa CORRETA.
Felicidade
Outro dia, falando na vida do caboclo nordestino, eu disse aqui que ele não era infeliz. Ou não se sente infeliz, o que dá o mesmo. Mas é preciso compreender quanto varia o conceito de felicidade entre o homem urbano e essa nossa variedade de brasileiro rural. Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em "ter coisas": ter apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de bem-sucedido. O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser feliz é ser livre, não precisar de trabalhar. E, mormente, não trabalhar obrigado. Trabalhar à vontade do corpo, quando há necessidade inadiável. [...]
A gente entra na casa de um deles: é de taipa, sem reboco, o chão de terra batida. (Sempre muito bem varrida, tanto a casa quanto os terreiros.) Uma sala, onde dormem os homens, a camarinha do casal ou as moças, o minúsculo puxado da cozinha, o fogão de barro armado num jirau de varas. Móveis, às vezes, uma mesa pequena, dois tamboretes. Alguns possuem um baú; porém a maioria guarda os panos do uso num caixote de querosene. [...]
Nessa nudez, nesse despojamento de tudo, dê-lhes Deus um inverno razoável que sustente o legume, um pouco de água no açude e não pedem mais nada. De que é que eles gostam? Gostam de dançar, de ouvir música – pagam qualquer dinheiro por um tocador bom e obrigam o homem a tocar ininterruptamente dois, três dias seguidos. Gostam de festas de igreja, e ainda gostam mais de jogo, baralho ou dados. (Conhecem pouco o jogo-de-bicho.) Namoram sobriamente e, se apreciam mulher, como é natural, pouco falam nisso. Gostam de doces de qualquer espécie, e de aluá, que é uma bebida feita com milho ou arroz fermentado e adoçada com rapadura. Adoram cachaça. Mas, acima de tudo, gostam desta terra velha, ingrata, seca, doida, pobre; e nisso estou com eles, e só por cima dela temos gosto em tirar os anos de vida, e só debaixo dela nos saberá bem o descanso, depois da morte.
(Junco, junho de 1955)
(QUEIROZ, Rachel de. Melhores crônicas de Rachel de Queiroz. Seleção de Heloísa Buarque de Hollanda. São Paulo: Global, 2004. p.143-146.)
Acerca do texto, assinale a alternativa CORRETA.
Felicidade
Outro dia, falando na vida do caboclo nordestino, eu disse aqui que ele não era infeliz. Ou não se sente infeliz, o que dá o mesmo. Mas é preciso compreender quanto varia o conceito de felicidade entre o homem urbano e essa nossa variedade de brasileiro rural. Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em "ter coisas": ter apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de bem-sucedido. O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser feliz é ser livre, não precisar de trabalhar. E, mormente, não trabalhar obrigado. Trabalhar à vontade do corpo, quando há necessidade inadiável. [...]
A gente entra na casa de um deles: é de taipa, sem reboco, o chão de terra batida. (Sempre muito bem varrida, tanto a casa quanto os terreiros.) Uma sala, onde dormem os homens, a camarinha do casal ou as moças, o minúsculo puxado da cozinha, o fogão de barro armado num jirau de varas. Móveis, às vezes, uma mesa pequena, dois tamboretes. Alguns possuem um baú; porém a maioria guarda os panos do uso num caixote de querosene. [...]
Nessa nudez, nesse despojamento de tudo, dê-lhes Deus um inverno razoável que sustente o legume, um pouco de água no açude e não pedem mais nada. De que é que eles gostam? Gostam de dançar, de ouvir música – pagam qualquer dinheiro por um tocador bom e obrigam o homem a tocar ininterruptamente dois, três dias seguidos. Gostam de festas de igreja, e ainda gostam mais de jogo, baralho ou dados. (Conhecem pouco o jogo-de-bicho.) Namoram sobriamente e, se apreciam mulher, como é natural, pouco falam nisso. Gostam de doces de qualquer espécie, e de aluá, que é uma bebida feita com milho ou arroz fermentado e adoçada com rapadura. Adoram cachaça. Mas, acima de tudo, gostam desta terra velha, ingrata, seca, doida, pobre; e nisso estou com eles, e só por cima dela temos gosto em tirar os anos de vida, e só debaixo dela nos saberá bem o descanso, depois da morte.
(Junco, junho de 1955)
(QUEIROZ, Rachel de. Melhores crônicas de Rachel de Queiroz. Seleção de Heloísa Buarque de Hollanda. São Paulo: Global, 2004. p.143-146.)
Considere os períodos a seguir: “Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de bem-sucedido”.
Assinale a alternativa CORRETA quanto às relações de sentido no trecho.
Felicidade
Outro dia, falando na vida do caboclo nordestino, eu disse aqui que ele não era infeliz. Ou não se sente infeliz, o que dá o mesmo. Mas é preciso compreender quanto varia o conceito de felicidade entre o homem urbano e essa nossa variedade de brasileiro rural. Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em "ter coisas": ter apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de bem-sucedido. O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser feliz é ser livre, não precisar de trabalhar. E, mormente, não trabalhar obrigado. Trabalhar à vontade do corpo, quando há necessidade inadiável. [...]
A gente entra na casa de um deles: é de taipa, sem reboco, o chão de terra batida. (Sempre muito bem varrida, tanto a casa quanto os terreiros.) Uma sala, onde dormem os homens, a camarinha do casal ou as moças, o minúsculo puxado da cozinha, o fogão de barro armado num jirau de varas. Móveis, às vezes, uma mesa pequena, dois tamboretes. Alguns possuem um baú; porém a maioria guarda os panos do uso num caixote de querosene. [...]
Nessa nudez, nesse despojamento de tudo, dê-lhes Deus um inverno razoável que sustente o legume, um pouco de água no açude e não pedem mais nada. De que é que eles gostam? Gostam de dançar, de ouvir música – pagam qualquer dinheiro por um tocador bom e obrigam o homem a tocar ininterruptamente dois, três dias seguidos. Gostam de festas de igreja, e ainda gostam mais de jogo, baralho ou dados. (Conhecem pouco o jogo-de-bicho.) Namoram sobriamente e, se apreciam mulher, como é natural, pouco falam nisso. Gostam de doces de qualquer espécie, e de aluá, que é uma bebida feita com milho ou arroz fermentado e adoçada com rapadura. Adoram cachaça. Mas, acima de tudo, gostam desta terra velha, ingrata, seca, doida, pobre; e nisso estou com eles, e só por cima dela temos gosto em tirar os anos de vida, e só debaixo dela nos saberá bem o descanso, depois da morte.
(Junco, junho de 1955)
(QUEIROZ, Rachel de. Melhores crônicas de Rachel de Queiroz. Seleção de Heloísa Buarque de Hollanda. São Paulo: Global, 2004. p.143-146.)
A partir da leitura do texto e com base na obra Melhores crônicas de Rachel de Queiroz, considere as afirmativas a seguir.
I. Apesar de os textos se vincularem ao gênero crônica, a linguagem é formal e distanciada do cotidiano.
II. Suas crônicas apresentam um certo grau de intimidade e proximidade com o leitor, parecendo casos verídicos contados entre amigos.
III. A autora apresenta uma simplicidade estilística, aproximando-se do despojamento da vida no sertão.
IV. Os temas relacionados ao sertão são recorrentes, num tom de saudosismo.
Assinale a alternativa CORRETA.
Cosme disse para dar um tempo que depois esticaria pra todo mundo de uma vez. O intruso arriscou pedir uma dose de uísque. Silva mandou que se servisse. O bruto encheu o copo até transbordar. Bebeu tudo em dois goles, sob o olhar reprovador dos presentes acerca de sua desmesura. Permaneceram como se nada estivesse acontecendo. Fumaram outro baseado, em seguida Silva esticou cinco carreiras, consumiu a sua e passou o prato para o intruso junto com o canudo feito numa nota de cinco cruzeiros. As suas mãos bêbadas deixaram o prato cair no chão. Vacilo de morte no meio da bandidagem. Cosme fez menção de agredi-lo, porém Silva o impediu de esbofetear o intruso.
– Qualé, meu cumpádi, vai se arengar com o cara só por causa de brizola? Caiu, caiu, cumpádi... Deixa pra lá. Vamos tomar uma cerva lá embaixo pra lavar o estômago.
Chinelo Virado foi o primeiro a descer para ver se estava tudo limpeza. Verificou a área, acenou para os amigos. Os cinco desceram ligeiros, tomaram o rumo da birosca que havia no Bloco Nove. Andariam cem metros. Caminhavam mudos diante do pique-esconde das crianças, dos carros na pista, das janelas dos primeiros andares na hora do jantar e novela. Silva adiantou-se para ver o que havia além da esquina que iria surgir diante de todos, seus olhos viram apenas a noite também se esticando ao longo duma viela mal iluminada. Silva virou-se para os que o seguiam. O intruso ainda viu a lua cheia de Ogum esconder-se atrás duma nuvem rala, um segundo antes de receber um tiro no peito disparado do revólver do Silva. Rodopiou e caiu lentamente em decúbito frontal. Cosme deu-lhe uma geral, conseguiu apenas alguns trocados. O corpo ficou estirado em cima da grama fria. Silva ficou nervoso com a maneira como o corpo do intruso se portou após o tiro. Quem cai de bruços quer vingança.
(LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.113-114.)
Com base no texto e no romance, considere as afirmativas a seguir.
I. A expressão “Vacilo de morte no meio da bandidagem” assinala o rompimento, por parte do intruso, de uma norma do tráfico para a qual não se obtém perdão.
II. A presença de palavras do tipo “qualé”, “cumpadi” e “cerva” assinala que os níveis culturais do narrador e o das personagens são muito semelhantes.
III. O termo “brizola”, presente em todo o romance, faz parte da gíria utilizada pelos personagens traficantes e quer dizer “cocaína”.
IV. Ao ficar nervoso com a forma como o corpo do intruso caíra após o tiro, Silva, na verdade, temia uma possível reação armada da vítima.
Assinale a alternativa CORRETA.