Texto 2
Um dos milagres das recém-descobertas Américas foram as novas cores. Os mexicanos, bem antes da chegada dos espanhóis, haviam observado a cochonilha, pequeno inseto que se alimentava dos cactos. A fêmea, sem asas, ostentava, quando grávida, um tom escarlate de grande intensidade.
Eram necessários 70 mil insetos mortos para produzir somente meio quilo de pó de cochonilha, que, então, podia ser usado para criar corantes muitos vivos. Escarlate era o nome dado a uma cor avermelhada usada em faixas e roupas, mas o novo tom que passou a ser produzido na Inglaterra, com as cochonilhas, chegava a ofuscar a visão.
O novo escarlate tornou-se a palavra do momento, dando origem até mesmo ao nome escarlatina, que na década de 1670 foi diagnosticada pela primeira vez como uma doença com características próprias, e não como um tipo de sarampo ou varíola.
A rota marítima ao redor da África abriu as portas para uma fonte barata da cor azul. O índigo, planta da qual se extraia o melhor azul, era cultivado em Bengala. Cortado nos campos e arrumado em fardos, era transportado em carroças até pátios de secagem e tanques de água, onde liberava indoxil por meio de um processo de fermentação.
Por muitos séculos, remessas pequenas e caras da tintura de índigo provenientes da Índia chegavam de vez em quando ao Mediterrâneo por terra, mas logo começaram a ser entregues em milhares de baús de madeira embarcados em navios holandeses e portugueses.
O índigo produzia uma cor tão brilhante que o azul tradicionalmente extraído de ísatis europeia, também conhecida como pastel-dos-tintureiros, parecia desbotado. Em pouco tempo, nos recintos mais elegantes de Amsterdã e Veneza, homens e mulheres usando chapéus, casacos, capas e túnicas de azul índigo desfilavam como pavões. Até o exército francês abandonou o uniforme castanho avermelhado e vestiu-se de azul.
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2011, p. 202-203. [Fragmento adaptado].
Assinale a pergunta que pode ser respondida com base no texto 2.