Texto I – OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de
mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
No maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(MÁRIO QUINTANA – Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Regina Zilberman. – São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação, páginas 22/ 23. 1982)
Texto II - POESIA
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – in Nova Reunião: 19 livros de poesia/Carlos Drummond de Andrade. – Rio de Janeiro: José Olympio Editora, página 20. 1983)
Texto III - INANIA VERBA
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ah! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?
(OLAVO BILAC– Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Norma Goldstein.- São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação. Página 19.1980)
Texto I – OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de
mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
No maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(MÁRIO QUINTANA – Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Regina Zilberman. – São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação, páginas 22/ 23. 1982)
Texto II - POESIA
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – in Nova Reunião: 19 livros de poesia/Carlos Drummond de Andrade. – Rio de Janeiro: José Olympio Editora, página 20. 1983)
Texto III - INANIA VERBA
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ah! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?
(OLAVO BILAC– Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Norma Goldstein.- São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação. Página 19.1980)
I- Nos textos I e II, percebe-se que seus autores adotam um modo pessoal de falar, ao contrário do ocorre no texto III, em que se constata uma maneira mais impessoal de expressão.
II- No texto III, embora constante a inutilidade das palavras para a “expressão de tudo”, a voz poética assume diante delas uma atitude de encantamento, distante da pura aflição evidenciada pela voz poética do texto II.
III- Da comparação entre os textos, fica evidente, no texto III, o seu alto de grau de formalismo (inexistente nos demais) decorrente, entre outros aspectos, do emprego de versos isométricos, identificados como decassílabos.