Releia a 4ª. estrofe do texto de Eliane Potiguara a seguir.
“Era gente de todas as caras
Era gente de todas as correntes
Era gente comum
Era uma gente crente!”
Assinale a alternativa correta quanto ao recurso estilístico-expressivo presente nos termos grifados.
O texto a seguir é um poema de Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa. Leia-o para responder à questão.
Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Com o Inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o Estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa —
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
Fernando Pessoa. Odes de Ricardo Reis. Lisboa: Ática, 1959. p. 108
Analise as afirmativas a seguir sobre o poema “Quando, Lídia, vier o nosso Outono”, e classifique-as como Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
( ) Quando se fala em nosso outono, os termos primavera, outono, verão e estio não indicam mais as estações do ano, mas as fases da existência.
( ) Ao comparar a existência humana às estações do ano, o poeta sugere que as fases da existência humana são circulares, como as épocas do ano, que se sucedem indefinidamente.
( ) O termo futura, referindo-se à primavera, mostra que a circularidade em relação ao ser humano é diferente da que ocorre na natureza, pois o que se sucede na humanidade são as gerações.
( ) O poema é um convite para aproveitar cada uma das fases da vida no que elas têm de específico, de singular, de diferente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
Leia a tirinha de Quino para responder a questão.
A partir da tirinha e de conhecimentos pessoais, avalie as afirmações a seguir.
I. O personagem adulto oferece goma de mascar/chiclete para o personagem pequeno e alerta para não engolir o produto. Entretanto, Mafalda, menina ingênua e desligada, interpreta os verbos “mastigar” e “engolir” como se fizessem referência à fala de alguém, sem nexo com a realidade.
II. Discurso é composto pelo repertório que o falante constrói ao longo da vida, inclusive o ponto de vista sobre determinado assunto que pode divergir da visão de outros falantes.
III. “Mastigar” um discurso é ter paciência para compreendê-lo, refleti-lo, além de ter liberdade para aceitá-lo ou repudiá-lo. Já “engolir” um discurso é ouvir/ler o que alguém diz e não poder reagir, mesmo que discorde. Engolir discurso é comum em situações de ameaça, como ditaduras, por exemplo.
É correto o que se afirma em:
Leia fragmentos do texto de Ailton Krenac para responder as questões 33 e 34.
O Amanhã não está à venda
Autor: Ailton Krenak (Texto escrito em 09 de out. 2020)
Parei de andar mundo afora, cancelei compromissos. Estou com a minha família na aldeia Krenak, no médio rio Doce (MG). Há quase um mês, nossa reserva indígena está isolada. Quem estava ausente regressou, e sabemos bem qual é o risco de receber pessoas de fora. Sabemos o perigo de ter contato com pessoas assintomáticas. Estamos todos aqui e até agora não tivemos nenhuma ocorrência.
A verdade é que vivemos encurralados e refugiados no nosso próprio território há muito tempo, numa reserva de 4 mil hectares — que deveria ser muito maior se a justiça fosse feita –, e esse confinamento involuntário nos deu resiliência, nos fez mais resistentes. Como posso explicar a uma pessoa que está fechada há um mês num apartamento numa grande metrópole o que é o meu isolamento? Desculpem dizer isso, mas hoje já plantei milho, já plantei uma árvore […].
Faz algum tempo que nós, na aldeia Krenak, já estávamos de luto pelo nosso rio Doce. Não imaginava que o mundo nos traria esse outro luto. Está todo mundo parado. Quando engenheiros me disseram que iriam usar a tecnologia para recuperar o rio Doce, perguntaram a minha opinião. Eu respondi: “A minha sugestão é muito difícil de colocar em prática. Pois teríamos de parar todas as atividades humanas que incidem sobre o corpo do rio, a cem quilômetros nas margens direita e esquerda, até que ele voltasse a ter vida”. Então um deles me disse: “Mas isso é impossível”. O mundo não pode parar. E o mundo parou.
Vivemos hoje esta experiência de isolamento social, como está sendo definido o confinamento, em que todas as pessoas têm de se recolher. Se durante um tempo éramos nós, os povos indígenas, que estávamos ameaçados da ruptura ou da extinção do sentido da nossa vida, hoje estamos todos diante da iminência de a Terra não suportar a nossa demanda. Assistimos a uma tragédia de gente morrendo em diferentes lugares do planeta, a ponto de na Itália os corpos serem transportados para a incineração em caminhões.
Essa dor talvez ajude as pessoas a responder se somos de fato uma humanidade. Nós nos acostumamos com essa ideia, que foi naturalizada, mas ninguém mais presta atenção no verdadeiro sentido do que é ser humano. É como se tivéssemos várias crianças brincando e, por imaginar essa fantasia da infância, continuassem a brincar por tempo indeterminado. Só que viramos adultos, estamos devastando o planeta, cavando um fosso gigantesco de desigualdades entre povos e sociedades. De modo que há uma sub-humanidade que vive numa grande miséria, sem chance de sair dela — e isso também foi naturalizado [...].
Esse vírus está discriminando a humanidade. Basta olhar em volta. O melão-de-são-caetano continua a crescer aqui do lado de casa. A natureza segue. O vírus não mata pássaros, ursos, nenhum outro ser, apenas humanos. Quem está em pânico são os povos humanos e seu mundo artificial, seu modo de funcionamento que entrou em crise [...].
Michel Foucault tem uma obra fantástica, Vigiar e punir na qual afirma que essa sociedade de mercado em que vivemos só considera o ser humano útil quando está produzindo. Com o avanço do capitalismo, foram criados os instrumentos de deixar viver e de fazer morrer: quando o indivíduo para de produzir, passa a ser uma despesa. Ou você produz as condições para se manter vivo ou produz as condições para morrer [...].
Tomara que não voltemos à normalidade, pois, se voltarmos, é porque não valeu nada a morte de milhares de pessoas no mundo inteiro. Depois disso tudo, as pessoas não vão querer disputar de novo o seu oxigênio com dezenas de colegas num espaço pequeno de trabalho. As mudanças já estão em gestação. Não faz sentido que, para trabalhar, uma mulher tenha de deixar os seus filhos com outra pessoa. Não podemos voltar àquele ritmo, ligar todos os carros, todas as máquinas ao mesmo tempo. Seria como se converter ao negacionismo, aceitar que a Terra é plana e que devemos seguir nos devorando. Aí, sim, teremos provado que a humanidade é uma mentira.
Disponível em: https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/krenak-o- -amanha-nao-esta-a-venda/. Acesso em: 31 mar. 2021.
A partir do texto de Ailton Krenak e de conhecimentos prévios, avalie as afirmações a seguir e marque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O confinamento que antes era restrito aos indígenas, que corriam risco de extinção, passou a ser um desafio para pessoas de todo o planeta, por causa da disseminação da Covid-19. Tecnologia e capacidade humana foram insuficientes contra a propagação do vírus.
( ) O excerto “A minha sugestão é muito difícil de colocar em prática. Pois, teríamos de parar todas as atividades humanas que incidem sobre o corpo do rio, a cem quilômetros nas margens direita e esquerda, até que ele voltasse a ter vida” revela que, com a paralisação generalizada, a sugestão do indígena foi respeitada.
( ) O autor estabelece relação de intertextualidade ao citar o filósofo Michel Foucault, que escreveu o livro “Vigiar e punir”. E seu texto (de Krenak) está escrito em discurso direto, predominantemente, e oscila em primeira pessoa do singular e do plural. ( ) Ao afirmar “tomara que não voltemos à normalidade”, Ailton Krenak deseja a continuidade do confinamento social para que as pessoas possam transformar seus comportamentos em relação aos outros.
( ) O autor indígena critica o capitalismo reducionista, cuja visão define o ser humano como útil apenas enquanto trabalha e produz para gerar riquezas. Quando para de produzir, a pessoa vira estorvo e gera prejuízo. Essa visão tem sido evidenciada por um número de empresários e governantes durante a pandemia Covid-19.
( ) Ailton Krenak revela postura consciente e crítica em defesa da vida do ser humano e de outros seres do planeta. Essa consciência não é novidade para ele, uma vez que inúmeros povos indígenas, há tempo, têm defendido os bens naturais como as florestas e as águas, além de uma vida sem consumismo desenfreado.
Está correta a alternativa que apresenta a sequência correta, marcada de cima para baixo.
Leia fragmentos do texto de Ailton Krenac para responder a questão.
O Amanhã não está à venda
Autor: Ailton Krenak
(Texto escrito em 09 de out. 2020)
Parei de andar mundo afora, cancelei compromissos. Estou com a minha família na aldeia Krenak, no médio rio Doce (MG). Há quase um mês, nossa reserva indígena está isolada. Quem estava ausente regressou, e sabemos bem qual é o risco de receber pessoas de fora. Sabemos o perigo de ter contato com pessoas assintomáticas. Estamos todos aqui e até agora não tivemos nenhuma ocorrência.
A verdade é que vivemos encurralados e refugiados no nosso próprio território há muito tempo, numa reserva de 4 mil hectares — que deveria ser muito maior se a justiça fosse feita –, e esse confinamento involuntário nos deu resiliência, nos fez mais resistentes. Como posso explicar a uma pessoa que está fechada há um mês num apartamento numa grande metrópole o que é o meu isolamento? Desculpem dizer isso, mas hoje já plantei milho, já plantei uma árvore […].
Faz algum tempo que nós, na aldeia Krenak, já estávamos de luto pelo nosso rio Doce. Não imaginava que o mundo nos traria esse outro luto. Está todo mundo parado. Quando engenheiros me disseram que iriam usar a tecnologia para recuperar o rio Doce, perguntaram a minha opinião. Eu respondi: “A minha sugestão é muito difícil de colocar em prática. Pois teríamos de parar todas as atividades humanas que incidem sobre o corpo do rio, a cem quilômetros nas margens direita e esquerda, até que ele voltasse a ter vida”. Então um deles me disse: “Mas isso éimpossível”. O mundo não pode parar. E o mundo parou.
Vivemos hoje esta experiência de isolamento social, como está sendo definido o confinamento, em que todas as pessoas têm de se recolher. Se durante um tempo éramos nós, os povos indígenas, que estávamos ameaçados da ruptura ou da extinção do sentido da nossa vida, hoje estamos todos diante da iminência de a Terra não suportar a nossa demanda. Assistimos a uma tragédia de gente morrendo em diferentes lugares do planeta, a ponto de na Itália os corpos serem transportados para a incineração em caminhões.
Essa dor talvez ajude as pessoas a responder se somos de fato uma humanidade. Nós nos acostumamos com essa ideia, que foi naturalizada, mas ninguém mais presta atenção no verdadeiro sentido do que é ser humano. É como se tivéssemos várias crianças brincando e, por imaginar essa fantasia da infância, continuassem a brincar por tempo indeterminado. Só que viramos adultos, estamos devastando o planeta, cavando um fosso gigantesco de desigualdades entre povos e sociedades. De modo que há uma sub-humanidade que vive numa grande miséria, sem chance de sair dela — e isso também foi naturalizado [...].
Esse vírus está discriminando a humanidade. Basta olhar em volta. O melão-de-são-caetano continua a crescer aqui do lado de casa. A natureza segue. O vírus não mata pássaros, ursos, nenhum outro ser, apenas humanos. Quem está em pânico são os povos humanos e seu mundo artificial, seu modo de funcionamento que entrou em crise [...].
Michel Foucault tem uma obra fantástica, Vigiar e punir na qual afirma que essa sociedade de mercado em que vivemos só considera o ser humano útil quando está produzindo. Com o avanço do capitalismo, foram criados os instrumentos de deixar viver e de fazer morrer: quando o indivíduo para de produzir, passa a ser uma despesa. Ou você produz as condições para se manter vivo ou produz as condições para morrer [...].
Tomara que não voltemos à normalidade, pois, se voltarmos, é porque não valeu nada a morte de milhares de pessoas no mundo inteiro. Depois disso tudo, as pessoas não vão querer disputar de novo o seu oxigênio com dezenas de colegas num espaço pequeno de trabalho. As mudanças já estão em gestação. Não faz sentido que, para trabalhar, uma mulher tenha de deixar os seus filhos com outra pessoa. Não podemos voltar àquele ritmo, ligar todos os carros, todas as máquinas ao mesmo tempo. Seria como se converter ao negacionismo, aceitar que a Terra é plana e que devemos seguir nos devorando. Aí, sim, teremos provado que a humanidade é uma mentira.
Disponível em: https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/krenak-o- -amanha-nao-esta-a-venda/. Acesso em: 31 mar. 2021.
Leia as afirmações seguintes, retiradas do texto de Ailton Krenak, para responder a pergunta.
I. Em “parei de andar mundo afora, cancelei compromissos”, temos um período composto por coordenação com duas orações assindéticas.
II. A oração “mas ninguém mais presta atenção”, é coordenada sindética adversativa.
III. No trecho “ou você produz as condições para se manter vivo ou produz as condições para morrer”, o conectivo “ou” / “ou” evidencia que há alternância entre as opções disponíveis e “para” estabelece sentido de finalidade.
IV. No trecho “é como se tivéssemos várias crianças brincando”, o verbo em destaque está na forma nominal particípio.
V. Em “faz algum tempo que nós, na aldeia Krenak, já estávamos de luto pelo nosso rio Doce. Não imaginava que o mundo nos traria esse outro luto”, o termo destacado, “nós”, funciona como sujeito composto; e a expressão em destaque “ esse outro luto” é um objeto indireto que se refere ao verbo “traria”.
É correto o que se afirma em:
Leia o texto para responder a questão.
A partir do texto de Tyagão e de conhecimentos pessoais, avalie as afirmações a seguir.
I. O texto apresenta duas pessoas conversando com auxílio de uma ferramenta que sugere brinquedo de criança, comumente denominado telefone sem fio. Elas abordam sobre o auxílio de curta duração, benefício de assistência social do governo federal às pessoas vulneráveis, no período da pandemia Covid-19.
II. O cenário, a ação e o discurso dos dois personagens criticam o governo federal por disponibilizar a inscrição no Cadastro Único (CadÚnico) apenas via internet, embora milhares de brasileiros vulneráveis não tenham acesso a aparelho celular e internet. Então, os dois supostos moradores de rua, ao dizerem que é fácil receber o auxílio fazem isso de maneira irônica, reforçada pela utilização de um brinquedo de criança.
III. Quanto ao gênero, é um texto jornalístico que, com humor, retrata questões do comportamento das pessoas no cotidiano, inclusive no período da pandemia.
É correto o que se afirma em: