Durante este período de depressão contemplativa, uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?
Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios de velha carpideira, desenhada em angústia – a súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma gota de cera pelo fuste de um círio...
Depois cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos.
Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembro-me bem de o ver ao banho: tinha as escápulas magras para fora, como duas asas!
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. 16ª ed., São Paulo: Ática, 1996 (adaptado).
No poema, há as palavras “corpo” (v. 05), “cabelos” (v. 07) e “pés” (v. 09), considerando a primeira associada à segunda e à terceira, estabelecendo, assim, uma relação semântica de