A grande final da última Copa do Mundo de Futebol, protagonizada pelas seleções da Alemanha e da Argentina, foi realizada no dia 13 de julho de 2014, no Estádio Maracanã e contou com um público total de 74.738 pessoas de diferentes países. Estimativas oficiais sobre a distribuição das nacionalidades deste público indicam que 18,9% dos presentes eram alemães; 20,7% eram argentinos e os demais eram de outras nacionalidades (dentre elas a brasileira). Suponha que todos os conterrâneos dos países finalistas realmente torceram pela seleção de seu país. Suponha também que exatamente 25% do público das outras nacionalidades optou por apenas assistir ao jogo (sem torcer por nenhuma seleção finalista) e que 3/5 do restante deste público optou por torcer pela Alemanha. De acordo com as informações acima, analise as proposições.
I. 41,7% do público presente na final da Copa torceu pela seleção da Alemanha.
II. 38,82% do público presente na final da Copa torceu pela seleção da Argentina.
III. De ntre os presentes na final da Copa, o número de torcedores da seleção alemã é superior em 7,26% ao número de torcedores da seleção da Argentina.
Assinale a alternativa correta.
TEXTO 1
[1] Emilie já está cordada? – perguntei.
– Dizem que tua avó há muito tempo não dorme; ela sonha dia e noite contigo, com
teu irmão e com os peixes que vai comprar de manhãzinha no mercado; a essa hora já
deve estar de volta para conversar com os animais.
[5] A conversa com os animais, os sonhos de Emilie, o passeio ao mercado na hora
que o sol revela tantos matizes do verde e ilumina a lâmina escura do rio. Na fala da
mulher que permanecera diante de mim, havia uma parte da vida passada, um inferno
de lembranças, um mundo paralisado à espera de movimento. Sim, com certeza Emilie
já lhe havia contado algo a nosso respeito. A mulher sabia que éramos irmãos e que
[10] Emilie nos havia adotado. Talvez já soubesse da existência dos quatro filhos de Emilie:
Hakim e Samara Délia, que passaram a ser nossos tios, e os outros dois, inomináveis,
filhos ferozes de Emilie, que tinham o demônio tatuado no corpo e uma língua de fogo.
Já eram quase sete horas quando resolvi sair de casa. Retirei do alforje o caderno,
o gravador e as cartas que me enviaste da Espanha e coloquei tudo sobre uma
[15] mesinha de ônix, ao lado do desenho afixado na sala. Por distração ou hábito, deixei no
pulso o relógio. Nunca imaginei que naquele dia iria consultá-lo mil vezes, muitas
inutilmente, outras para que o tempo voasse ou desse um salto inesperado. Lá fora, a
claridade ainda era tênue, e, ao olhar para a vegetação estática do jardim, a mulher
opinou: “Só mais tarde é que vai chover”.
Hatoum, Milton. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 9.
Analise as proposições em relação à obra Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum, e ao Texto 1, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
( ) O sinal gráfico da crase no período “um mundo paralisado à espera de movimento” (linha 8) é opcional, devido ao sentido da palavra espera.
( ) A palavra “que” (linha 11) é o referencial anafórico de “filhos de Emilie” (linha 10).
( ) Infere-se da leitura da obra que ela é composta por narrativas memorialísticas, em que a lembrança é o fio condutor de um emaranhado de conflitos, fatos e imagens que são apresentados por uma narradora que vive de lembranças – Emilie.
( ) Da leitura do período “Na fala da mulher que permanecera diante de mim, havia uma parte da vida passada, um inferno de lembranças, um mundo paralisado à espera de movimento” (linhas 6, 7 e 8), depreende-se que a memória representa a incessante tentativa de resgate pelo passado e pela história da família.
( ) Da leitura da obra, depreende-se que a narrativa é mesclada por um multiculturalismo - tradições culturais, raciais, culinárias e símbolos – o que tendencia o leitor a refletir acerca das diferenças.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
TEXTO 2
[1] O comissário Mattos passou a maior parte do dia procurando obter informações
sobre Anastácio, o Cegueta, e sobre o presidiário Bolão. Quem acabou lhe dando a
informação fidedigna que queria foi um repórter de O Radical, que recebia dinheiro do
bicheiro Ilídio, dono dos pontos próximos da sede do jornal, no centro.
[5] “Levo um arame desse puto porque o jornal não me paga e minha mulher, você
sabe, está internada tuberculosa em Belo Horizonte.”
“Eu sei, eu sei.”
“Mattos, você não recebe o levado, eu sei, mas é uma das poucas exceções, está
todo mundo na gaveta dos bicheiros. Tem político, juiz, gente que se eu dissesse o
[10] nome você não acreditaria. Daria uma reportagem do caralho. O diabo é que ninguém
publicaria. Nem eu sou maluco de botar isso no papel.”
“Esse Cegueta trabalha para o Ilídio? Você tem certeza?”
“Sem a menor dúvida. O Bolão também.”
Antes de se despedir, Mattos ouviu pacientemente, enquanto seu estômago ardia,
[15] o repórter contar suas vicissitudes e sofrimentos.
Fonseca, Rubem. Agosto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 237.
Analise as proposições em relação à obra Agosto, Rubens Fonseca, e ao Texto 2.
I. Em “O Bolão também” (linha 13) com a palavra destacada, em relação à formação de palavras, ocorre derivação imprópria, o que ocorre também com a palavra destacada em “Esse Cegueta trabalha” (linha 12).
II. A narrativa fonsequiana mescla história real e ficção, pois retrata personagens participantes dos episódios políticos do período getulista (agosto 1954) como se fossem protagonistas do romance.
III. O comissário Mattos tem como pista do assassinato do empresário Gomes Aguiar um anel de ouro, pelos negros, um sabonete e um lenço.
IV. Da leitura da obra, infere-se que o autor procurou ressaltar, na sua narrativa, o suborno como prática cotidiana tanto do povo quanto no meio político (poder), a corrupção e o protecionismo, enfim o momento caótico vivenciado do país.
V. A leitura da obra leva o leitor a inferir que úlcera, dores de estômago, azia do comissário Mattos eram a somatização da repulsa que ele sentia pela podridão do sistema que o circundava.
Assinale a alternativa correta.
(1) Agosto, Rubem Fonseca
(2) Agosto, Ferreira Gulart
(3) Agosto, Rubem Fonseca e Agosto, Ferreira Gulart
( ) Há uma nítida crítica, cujo alvo principal é a realidade circundante, que retrata as mazelas provenientes dos fatos sociais, de uma forma geral.
( ) A estrutura despojada do texto mostra os problemas de forma sucessiva, remetendo a uma imagem de cadeia, que resulta no efeito poético.
( ) Retrata períodos significativos na história do Brasil. O escritor acolhe o chamado do momento político e transforma a sua produção literária em arma de luta e resistência.
( ) Há denúncia dos problemas, das desigualdades sociais do país – suscitadas, especialmente, pelo momento político vivenciado no período denominado Estado Novo.
( ) Os acontecimentos do período varguista levam o escritor a refletir não apenas sobre a situação do ser humano, mas também a respeito da realidade, principalmente sobre o sistema que o governa.
( ) Apresenta ironia, humor e fragmentação da realidade; enunciação de flashes cinematográficos aparentemente desconexos, ruptura com os padrões tradicionais da linguagem, novas estruturas, fundamentadas na associação formal dos vocábulos e em sua disposição espacial na página, substituindo a sintaxe convencional.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
TEXTO 3
[1] Dois dias depois foram para a Tijuca. Venancinha ia menos alegre do que
prometera; provavelmente era o exílio, ou pode ser também que algumas saudades. Em
todo caso, o nome de Vasco subiu a Tijuca, se não em ambas as cabeças, ao menos
na da tia, onde era uma espécie de eco, um som remoto e brando, alguma coisa que
[5] parecia vir do tempo da Stoltz e do ministério Paraná. Cantora e ministério, coisas
frágeis, não o eram menos que a ventura de ser moça, e onde iam essas três
eternidades? Jaziam nas ruínas de trinta anos. Era tudo o que D. Paula tinha em si e
diante de si.
Já se entende que o outro Vasco, o antigo, também foi moço e amou. Amaram-se,
[10] fartaram-se um do outro, à sombra do casamento, durante alguns anos, e, como o
vento que passa não guarda a palestra dos homens, não há meio de escrever aqui o
que então se disse da aventura. A aventura acabou; foi uma sucessão de horas doces e
amargas, de delícias, de lágrimas, de cóleras, de arroubos, drogas várias com que
encheram a esta senhora a taça das paixões. D. Paula esgotou-a inteira e emborcou-a
[15] depois para não mais beber. A saciedade trouxe-lhe a abstinência, e com o tempo foi
esta última fase que fez a opinião. Morreu-lhe o marido e foram vindo os anos. D. Paula
era agora uma pessoa austera e pia, cheia de prestígio e consideração.
Assis, Machado de. Várias histórias. São Paulo: Martin Claret, 2013, p. 127.
Analise as proposições em relação à obra Várias histórias e ao seu autor, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
( ) Machado de Assis, em sua primeira fase de escritor, apresenta obras com tendências ainda românticas.
( ) Alguns contos que compõem a obra Várias histórias, como O enfermeiro e A cartomante, apresentam, além do apuro linguístico, a análise do comportamento humano.
( ) Além de contos, Machado de Assis escreveu romances que o consagraram, a exemplo, D. Casmurro, Quincas Borba, Triste Fim de Policarpo Quaresma.
( ) A obra Várias histórias, contém uma narrativa – Um apólogo, que poderia ser denominado parábola, fábula ou epopeia; pois apólogo, parábola, fábula e epopeia são narrativas que apresentam as mesmas características literárias.
( ) A maior preocupação de Machado de Assis, ao criar suas personagens, era com a vida cotidiana de cada uma delas; não havia a preocupação com a reação que elas poderiam ter diante dos conflitos humanos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
TEXTO 4
[1] A Ilha Grande não merecia ser um presídio. Desde as casas brancas dos
pescadores que foram ficando para trás, lá embaixo, no Abraão, até os caminhos
sinuosos que vão cortando as montanhas, tudo parece um cenário de liberdade. Olho
para baixo e lá está o azul para se mergulhar, aquela faixa molhada da praia onde
[5] costumamos caminhar para refrescar os pés, o toque da brisa. Além do mais há mato,
vegetação, verde. Tudo aqui é tão selvagem, tão natural, como é que poderiam ter
imaginado um presídio nesta Ilha? Teria sido um requinte de crueldade, deixar que os
punidos se lembrem diariamente da água, da areia, da brisa e do mato?
Quando chegamos, todos os presos que tinham vista para a entrada estavam
[10] colados nas grades das celas. Queriam ver as novas caras. A Ilha seria o presídio de
muitos anos, o lugar onde ficaríamos, talvez para sempre. Íamos olhando todo aquele
cenário curioso, mas também com uma certa calma de quem vai reencontrá-lo muitas
vezes. Passamos a guarda na entrada, penetramos no prédio branco, ganhamos
uniformes e fomos introduzidos na galeria dos presos políticos.
Gabeira, Fernando. O que é isso, companheiro? Rio de Janeiro: Codecri, 1979, p. 181.
Analise as proposições em relação à obra O que é isso, companheiro?, Fernando Gabeira, e ao Texto 4.
I. Na língua portuguesa, alguns substantivos mudam de sentido quando se alteram seus gêneros, a exemplo, “a guarda” (linha 13), o guarda. O mesmo ocorre com os substantivos a cabeça, o cabeça; a moral, o moral; a estigma, o estigma.
II. Da leitura do sintagma “Queriam ver as novas caras “(linha 10) infere-se que os detentos, que se encontravam na Ilha, ansiavam por ver somente os presos de pouca idade que lá chegavam.
III. A obra, apesar de ter sido escrita no período pós-modernista, apresenta vocabulário rebuscado, remetendo-a aos moldes do estilo barroco.
IV. Da leitura da passagem “Teria sido um requinte de crueldade, deixar que os punidos se lembrem diariamente da água, da areia, da brisa e do mato?” (linhas 7 e 8) depreende-se um tom irônico que sugere o tratamento dado ao preso político à época.
V. Em “lá embaixo, no Abraão, até os caminhos” (linha 2) as vírgulas foram usadas para separar adjuntos adverbiais.
Assinale a alternativa correta.