AFA 2014
64 Questões
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
[5] redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
_ Não posso por quê?
[10] _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
[15] entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
[20] Nós, que estávamos perto, quase respondemos
por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
[25] cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
[30] panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
[35] De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint-
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
[40] que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
[45] Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)
O texto, embora escrito seguindo as regras da norma padrão culta da língua, apresenta, em várias momentos, estruturas com características de informalidade e coloquialismo. Assinale a alternativa em que o trecho NÃO está de acordo com a afirmativa acima.
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
[5] redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
_ Não posso por quê?
[10] _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
[15] entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
[20] Nós, que estávamos perto, quase respondemos
por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
[25] cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
[30] panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
[35] De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint-
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
[40] que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
[45] Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)
O termo sublinhado nos trechos retirados do texto, pode ser substituído pelo que está entre parênteses sem que haja prejuízo do sentido original, nas alternativas abaixo, EXCETO em
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
[5] redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
_ Não posso por quê?
[10] _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
[15] entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
[20] Nós, que estávamos perto, quase respondemos
por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
[25] cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
[30] panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
[35] De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint-
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
[40] que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
[45] Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)
A partir da leitura do texto pode-se inferir que
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
[5] redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
_ Não posso por quê?
[10] _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
[15] entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
[20] Nós, que estávamos perto, quase respondemos
por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
[25] cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
[30] panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
[35] De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint-
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
[40] que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
[45] Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)
A variação de grau das palavras é, muitas vezes, utilizada para expressar outras ideias que não o aumento ou diminuição das proporções. Assim, elas são utilizadas para expressar depreciação, carinho, simpatia, intensificação, etc.
Assinale a alternativa em que o diminutivo expressa uma ideia DIFERENTE das demais.
TEXTO I
A MOÇA E A CALÇA
Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
[5] redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
_ Não posso por quê?
[10] _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
_ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
[15] entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
_ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
[20] Nós, que estávamos perto, quase respondemos
por ele: _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
[25] cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
[30] panamericanas.
_ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
[35] De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint-
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
[40] que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
_ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
[45] Outra calça, naturalmente.
(Stanislaw Ponte Preta)
Assinale a alternativa que apresenta apenas uma infração à norma padrão da língua.
TEXTO II
A FAVOR DA DIFERENÇA, CONTRA TODA DESIGUALDADE *
A maioria das pessoas acredita que está isenta
de preconceitos. No entanto até sua linguagem contradiz
esta crença. De modo especial, o corpo, que deveria ser
um elemento de agregação e de comunicação, se torna
[5] elemento de discriminação.
Coube-me fazer uma pesquisa com dez
adolescentes sobre a presença da violência na escola
através da palavra. Todos afirmaram que já agrediram e
foram agredidos com palavras. Surpreende que os
[10] adolescentes veem no corpo um elemento de
discriminação. A obesidade, a altura, pequenos defeitos
físicos são motivos de preconceito.
Acontece que nossa sociedade seleciona um
determinado corpo como modelo e quem não obedece a
[15] este padrão está fora de cogitação. Num país de pobres
que não conseguem ter uma alimentação equilibrada e
nem os cuidados mínimos com a saúde, a consequência
é a marginalização.
As pessoas com necessidades especiais
[20] também são consideradas anormais. É muito comum
agredir verbalmente as pessoas chamando-as de
retardadas. Até os pobres entram na dança da agressão.
Um xingamento comum é o de vileiro ou favelado. E o
que dizer dos adolescentes homossexuais?
[25]
Diferença x desigualdade
Existe a visão de que a diferença se identifica
com a desigualdade. Há um padrão de ser humano
[30] estandardizado e único que deve servir de metro para o
julgamento das pessoas. O grande desafio para a
educação é descobrir este currículo oculto verdadeiro e
forte para enfrentá-lo adequadamente.
Há pessoas que dizem que só a educação é
[35] capaz de salvar e desenvolver um país. Até aqui todos
estão de acordo. Contudo é importante se perguntar
qual é o tipo de educação necessária para um país
como o Brasil, que tem uma das maiores concentrações
de renda do mundo. Há pessoas que tiveram acesso a
[40] todos os estudos possíveis e, no entanto, continuam
defendendo uma sociedade livre sem ser justa, o que,
convenhamos é uma grande possibilidade.
Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do MEC,
[45] demonstrou que quanto mais preconceito e práticas
discriminatórias existem numa escola, pior é o
desempenho de seus estudantes. Foram entrevistadas
18.500 pessoas entre alunos, pais, diretores,
professores e funcionários de 501 escolas de todo o
[50] Brasil. Do total de estudantes entrevistados, 70% têm
menos de 20 anos.
Esta pesquisa revela que praticamente todos os
entrevistados (99,3%) têm preconceito em algum nível.
Sobre contra quem eles admitem ter preconceito,
[55] revelaram: homossexual, deficiente mental, cigano,
deficiente físico.
Enquanto a educação não enfrentar essas
questões, o que está acontecendo em nossas escolas é
apenas uma transmissão de conteúdos, um verniz
[60] colorido que não penetra o profundo, a consciência e o
coração das pessoas. (...)
SANDRINI, Marcos. Mundo jovem. Realidade brasileira Fevereiro de 2013.
Assinale a alternativa que apresenta uma inferência INCORRETA.