UPF 2017 Inverno
80 Questões
Ao final do ano de 2016, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil divulgou uma campanha de conscientização com o propósito de chamar a atenção dos motoristas para as condutas que mais causam acidentes no trânsito, dentre elas, ultrapassagens irregulares, excesso de velocidade e uso de aparelho celular ao volante.
Pouco tempo depois de ter veiculado na mídia, o material foi retirado do ar por ter sido alvo de interpretações polêmicas. Sabese, contudo, que, em campanhas publicitárias, é comum que o texto tente sensibilizar o público a que se destina, e, para tal, recorre a diferentes estratégias argumentativas.
Analisando a principal estratégia argumentativa utilizada, avalie as afirmativas que seguem sobre os possíveis sentidos dessa campanha.
I. Com o slogan "Gente boa também mata", os anúncios associam crimes de trânsito a pessoas que praticam boas ações, alertando que todos podem cometer imprudências ao volante e, portanto, são passíveis de cometer crimes no trânsito.
II. O texto pode passar a mensagem de que ações negativas podem ser relacionadas a pessoas bem intencionadas, no entanto, se ocorresse a inserção do termo “também”, em uma construção como “Quem faz a alegria das crianças também pode matar”, essa compreensão não seria mais possível.
III. A campanha alerta para o fato de que os acidentes não são provocados apenas pelos motoristas estereotipados como inconsequentes. Mesmo que involuntariamente, qualquer cidadão pode causar acidentes graves e até mortes no trânsito com pequenas atitudes, como, por exemplo, enviar uma mensagem de whatsapp enquanto conduz.
IV. A relação palavra X imagem possibilita a compreensão de que pessoas boas estão autorizadas a matar.
V. Os elementos não verbais utilizados na campanha não se configuram como estratégia argumentativa para influenciar o comportamento dos motoristas ao volante.
Está incorreto apenas o que se afirma em
Os operadores argumentativos de construção contrariam uma posição anteriormente mencionada. A maioria deles descarta imediatamente o conteúdo da primeira oração, no entanto, alguns deles consideram a informação do enunciado anterior para só depois descartá-la. Assinale a opção que apresenta um operador argumentativo que desenvolve esse último processo.
Responda à questão com base no texto “Fiscal que denunciou 'Carne Fraca' diz que descobriu crimes após retaliação”.
Fiscal que denunciou “Carne fraca” diz que descobriu crimes após retaliação
[1] Denúncias do auditor fiscal federal agropecuário Daniel
[2] Gouvêa Teixeira de que carnes estragadas e fora de padrão
[3] eram vendidas por frigoríficos da região de Curitiba foram
[4] a origem da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta
[5] feira (17), na qual funcionários do governo e de grandes
[6] empresas do ramo foram presos.
[7] O auditor afirma que só conseguiu investigar as fraudes, em
[8] 2014, porque foi afastado de atribuições pelos chefes da
[9] Superintendência Federal da Agricultura no Paraná. Ele diz
[10] que essa era uma prática comum com profissionais que
[11] fiscalizaram as empresas corretamente e incomodavam o
[12] esquema.
[13] "A minha ex-chefe tinha me tirado atribuições. Então, eu tive
[14] mais tempo para fiscalizar melhor os frigoríficos. A gente tem,
[15] geralmente, cinco, seis ou sete frigoríficos para cuidar. É
[16] impossível fazer um bom trabalho com esse número. Como
[17] sou mais criterioso e as empresas reclamavam de mim, eu
[18] fiquei só com dois, por retaliação. Foi aí que me debrucei em
[19] toda a pesquisa da fraude”, conta. (...)
[20] O auditor afirma ter notado, durante as fiscalizações, que
[21] dezenas de carretas carregadas com carne mecanicamente
[22] separada – cartilagens e carcaças de frango moídos
[23] utilizados para substituir a “carne suculenta” – constavam a
[24] mais nas planilhas dos frigoríficos. (...)
[25] A partir disso, com o decorrer das investigações, o fiscal narra
[26] ter percebido outros indícios de crimes: a quantidade de carne
[27] moída era muito baixa e as máquinas eram adaptadas para
[28] fraudar as carnes.
[29] Foi quando Teixeira decidiu denunciar o que via à polícia. (...)
(Disponível em: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia.php?c=29673. Adaptado. Acesso em 02 abr. 2017)
Há elementos de coesão que são, nos textos, utilizados para antecipar dados ou para retomar informações ou ideias anteriormente apresentadas. Assinale a alternativa cujo termo ou expressão sublinhado/a indica corretamente um elemento que antecipa uma informação do texto.
Responda às questões 3 e 4 com base no texto “Fiscal que denunciou 'Carne Fraca' diz que descobriu crimes após retaliação”.
Fiscal que denunciou “Carne fraca” diz que descobriu crimes após retaliação
[1] Denúncias do auditor fiscal federal agropecuário Daniel
[2] Gouvêa Teixeira de que carnes estragadas e fora de padrão
[3] eram vendidas por frigoríficos da região de Curitiba foram
[4] a origem da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sextafeira
[5] (17), na qual funcionários do governo e de grandes
[6] empresas do ramo foram presos.
[7] O auditor afirma que só conseguiu investigar as fraudes, em
[8] 2014, porque foi afastado de atribuições pelos chefes da
[9] Superintendência Federal da Agricultura no Paraná. Ele diz
[10] que essa era uma prática comum com profissionais que
[11] fiscalizaram as empresas corretamente e incomodavam o
[12] esquema.
[13] "A minha ex-chefe tinha me tirado atribuições. Então, eu tive
[14] mais tempo para fiscalizar melhor os frigoríficos. A gente tem,
[15] geralmente, cinco, seis ou sete frigoríficos para cuidar. É
[16] impossível fazer um bom trabalho com esse número. Como
[17] sou mais criterioso e as empresas reclamavam de mim, eu
[18] fiquei só com dois, por retaliação. Foi aí que me debrucei em
[19] toda a pesquisa da fraude”, conta. (...)
[20] O auditor afirma ter notado, durante as fiscalizações, que
[21] dezenas de carretas carregadas com carne mecanicamente
[22] separada – cartilagens e carcaças de frango moídos
[23] utilizados para substituir a “carne suculenta” – constavam a
[24] mais nas planilhas dos frigoríficos. (...)
[25] A partir disso, com o decorrer das investigações, o fiscal narra
[26] ter percebido outros indícios de crimes: a quantidade de carne
[27] moída era muito baixa e as máquinas eram adaptadas para
[28] fraudar as carnes.
[29] Foi quando Teixeira decidiu denunciar o que via à polícia. (...)
(Disponível em: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia.php?c=29673. Adaptado. Acesso
em 02 abr. 2017)
“O auditor afirma que só conseguiu investigar as fraudes, em 2014, porque foi afastado de atribuições pelos chefes da Superintendência Federal da Agricultura no Paraná.” (linhas 07- 09)
“Como sou mais criterioso e as empresas reclamavam de mim, eu fiquei só com dois, por retaliação.” (linhas 16-18)
As duas orações sublinhadas, mesmo estando em estruturas sintáticas diferentes, apresentam uma ideia de
Responda à questão com base no texto “Tolerância zero”.
Tolerância zero
[01] Caso de abuso sexual praticado pelo ator José Mayer contra uma subordinada mostra como as celebridades se sentem intocáveis
[02] e imunes a qualquer tipo de punição. Até que a vítima conseguiu reagir e a solidariedade feminina mostrou a sua força.
[03] Ele vivia no olimpo, trabalhando há 37 anos na maior emissora de tevê da América Latina, com 25 novelas no currículo, a maior ia
[04] delas atuando como protagonista. Era o galã viril, o pegador, o garanhão. Por anos a fio, os brasileiros se acostumaram a ouvir
[05] comentários sobre como o ator José Mayer contracenava com as mais belas atrizes do elenco. A cada trama, formava par romântico
[06] com duas, três intérpretes. A fama era tanta que ele virou até motivo de piada nos humorísticos da casa. Confortável no seu status
[07] de estrela global, considerado um dos artistas mais queridos do País, José Mayer pairava acima do bem e do mal, onde costumam
[08] ficar a maioria das super celebridades. Até que, na sexta-feira 31 de março, o depoimento da figurinista Susllem Tonani, 28 anos,
[09] mostrou a face de assediador contumaz do ator de 67 anos, deflagrou uma onda de indignação feminina e culminou com a decisão
[10] da Rede Globo de suspender um de seus principais atores por tempo indeterminado. Um caso chavão e muito didático: o artista
[11] poderoso e intocável, acostumado a ter seus desejos prontamente satisfeitos, persegue violentamente a subalterna, que, intimidada,
[12] tem dificuldade de emitir qualquer tipo de reação e sofre quieta por meses, até não aguentar mais. “Também chama a atenção a
[13] presunção de impunidade, pois ele ofendeu a figurinista na frente de testemunhas, sem preocupação com uma possível punição”,
[14] afirma Daniela Marques Grelin, gerente do Instituto Avon.
[15] (...) Não foram só as funcionárias da Globo que se manifestaram em favor de Susllem Tonani. A hashtag “mexeu com uma, mexeu
[16] com todas” inundou as redes sociais e as rodas de conversa de todo o País, num movimento crescente e constante. (...) Imerso
[17] num país extremamente atrasado e machista, eclode o grito das mulheres, que deve bradar cada vez mais alto. O exemplo de
[18] Susllem Tonani mostra isso. Diz um trecho de sua carta: “Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e
[19] árduas antes. Sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas as vezes em que, constrangida, lidei com o
[20] assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de
[21] trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado,
[22] vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou
[23] quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez? Tenho de repetir o mantra:
[24] a culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima. E me sentiria eternamente culpada se não falasse. Precisamos falar. Precisamos
[25] mudar a engrenagem.” E Su Tonani finaliza: “Meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos
[26] vocês por muito, muito tempo (...).”
(CRIVELLARO, Débora. Tolerância Zero. 07 de abril de 2017. Disponível em: http://istoe.com.br/tolerancia-zero/. Adaptado. Acesso em 08 abr. 2017)
Sabemos que os sinais de pontuação organizam as relações sintático-semânticas de um texto. Observando três ocorrências do texto Tolerância zero, associe a coluna da esquerda (com os sinais de pontuação) com a da direita (com o sentido construído).
1. Vírgula (linha 5)
2. Dois pontos (linha 10)
3. Dois pontos (linha 18)
4. Interrogação (linha 21)
5. Aspas (linhas 15 e 16)
(__) Apresenta uma explicação.
(__) Introduz uma fala.
( _ ) Provoca uma resposta.
( ) Separa uma expressão temporal deslocada.
( _ ) Dá ênfase e destaca a frase.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Responda à questão com base no texto “Tolerância zero”.
Tolerância zero
[01] Caso de abuso sexual praticado pelo ator José Mayer contra uma subordinada mostra como as celebridades se sentem intocáveis
[02] e imunes a qualquer tipo de punição. Até que a vítima conseguiu reagir e a solidariedade feminina mostrou a sua força.
[03] Ele vivia no olimpo, trabalhando há 37 anos na maior emissora de tevê da América Latina, com 25 novelas no currículo, a maior ia
[04] delas atuando como protagonista. Era o galã viril, o pegador, o garanhão. Por anos a fio, os brasileiros se acostumaram a ouvir
[05] comentários sobre como o ator José Mayer contracenava com as mais belas atrizes do elenco. A cada trama, formava par romântico
[06] com duas, três intérpretes. A fama era tanta que ele virou até motivo de piada nos humorísticos da casa. Confortável no seu status
[07] de estrela global, considerado um dos artistas mais queridos do País, José Mayer pairava acima do bem e do mal, onde costumam
[08] ficar a maioria das super celebridades. Até que, na sexta-feira 31 de março, o depoimento da figurinista Susllem Tonani, 28 anos,
[09] mostrou a face de assediador contumaz do ator de 67 anos, deflagrou uma onda de indignação feminina e culminou com a decisão
[10] da Rede Globo de suspender um de seus principais atores por tempo indeterminado. Um caso chavão e muito didático: o artista
[11] poderoso e intocável, acostumado a ter seus desejos prontamente satisfeitos, persegue violentamente a subalterna, que, intimidada,
[12] tem dificuldade de emitir qualquer tipo de reação e sofre quieta por meses, até não aguentar mais. “Também chama a atenção a
[13] presunção de impunidade, pois ele ofendeu a figurinista na frente de testemunhas, sem preocupação com uma possível punição”,
[14] afirma Daniela Marques Grelin, gerente do Instituto Avon.
[15] (...) Não foram só as funcionárias da Globo que se manifestaram em favor de Susllem Tonani. A hashtag “mexeu com uma, mexeu
[16] com todas” inundou as redes sociais e as rodas de conversa de todo o País, num movimento crescente e constante. (...) Imerso
[17] num país extremamente atrasado e machista, eclode o grito das mulheres, que deve bradar cada vez mais alto. O exemplo de
[18] Susllem Tonani mostra isso. Diz um trecho de sua carta: “Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e
[19] árduas antes. Sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas as vezes em que, constrangida, lidei com o
[20] assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de
[21] trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado,
[22] vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou
[23] quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez? Tenho de repetir o mantra:
[24] a culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima. E me sentiria eternamente culpada se não falasse. Precisamos falar. Precisamos
[25] mudar a engrenagem.” E Su Tonani finaliza: “Meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos
[26] vocês por muito, muito tempo (...).”
(CRIVELLARO, Débora. Tolerância Zero. 07 de abril de 2017. Disponível em: http://istoe.com.br/tolerancia-zero/. Adaptado. Acesso em 08 abr. 2017)
Ao se manifestar sobre o assédio sofrido e sobre a denúncia feita, a figurinista afirmou: “Meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos vocês por muito, muito tempo.” (linhas 25-26). Sobre sua fala, é correto afirmar que