FMC 2018/1
58 Questões
Texto
O PULSO
Peste bubônica câncer pneumonia
Raiva rubéola tuberculose anemia
Rancor cisticercose caxumba difteria
Encefalite faringite gripe leucemia
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Hepatite escarlatina estupidez paralisia
Toxoplasmose sarampo esquizofrenia
Úlcera trombose coqueluche hipocondria
Sífilis ciúmes asma cleptomania
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Reumatismo raquitismo cistite disritmia
Hérnia pediculose tétano hipocrisia
Brucelose febre tifoide arteriosclerose miopia
Catapora culpa cárie câimbra lepra afasia
E o pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco
(ANTUNES, Arnaldo. Como é que se chama o nome disso: antologia. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 239)
Arnaldo Antunes é poeta, compositor e artista plástico com forte expressão na contemporaneidade brasileira. Seu poema apresenta, misturadas a uma longa lista de doenças, algumas emoções ("rancor", "estupidez", "ciúmes", "culpa"). Isso significa que
Texto
O PULSO
Peste bubônica câncer pneumonia
Raiva rubéola tuberculose anemia
Rancor cisticercose caxumba difteria
Encefalite faringite gripe leucemia
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Hepatite escarlatina estupidez paralisia
Toxoplasmose sarampo esquizofrenia
Úlcera trombose coqueluche hipocondria
Sífilis ciúmes asma cleptomania
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Reumatismo raquitismo cistite disritmia
Hérnia pediculose tétano hipocrisia
Brucelose febre tifoide arteriosclerose miopia
Catapora culpa cárie câimbra lepra afasia
E o pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco
(ANTUNES, Arnaldo. Como é que se chama o nome disso: antologia. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 239)
Os recursos sonoros, ou fônicos, contribuem para reforçar ou recriar elementos significativos. No verso "Encefalite faringite gripe leucemia" (v.4) e, no fragmento de verso "catapora culpa cárie câimbra ..." (v.16), destacam-se, respectivamente, as figuras:
Texto
O PULSO
Peste bubônica câncer pneumonia
Raiva rubéola tuberculose anemia
Rancor cisticercose caxumba difteria
Encefalite faringite gripe leucemia
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Hepatite escarlatina estupidez paralisia
Toxoplasmose sarampo esquizofrenia
Úlcera trombose coqueluche hipocondria
Sífilis ciúmes asma cleptomania
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Reumatismo raquitismo cistite disritmia
Hérnia pediculose tétano hipocrisia
Brucelose febre tifoide arteriosclerose miopia
Catapora culpa cárie câimbra lepra afasia
E o pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco
(ANTUNES, Arnaldo. Como é que se chama o nome disso: antologia. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 239)
Em "O pulso ainda pulsa", "pulso" e "pulsa" são:
Texto
Os perigos da literatura
Literatura, isto é, escrever sem publicar, é
uma espécie de vício secreto. Pequena perversão.
Que nem colecionar calcinhas de mulher. Seus
praticantes estão sujeitos a muitos males. Olhai uns
[5] pares deles.
(...)
COMPLEXO DE MACHADO DE ASSIS –
Manifesta-se em um desejo irreprimível de entrar
para o Serviço Público. Levar vida reservada e
tímida. Ter atitudes ambíguas sobre os problemas
[10] da comunidade. Esperar a glória pacientemente.
Alguns casos mais graves levam os pacientes a
fundar academias.
(...)
MAL DE ROSA: Só faz vítimas entre
membros do Corpo Diplomático.
[15] O paciente imagina que é um jagunço do
sertão.
Conta causos estranhos, numa linguagem
meio antiga e meio sertaneja. E diz em entrevistas
na Europa:
[20] - Nós, no sertão...
SÍNDROME DE BORGES – O escritor
paciente imagina-se dentro de um livro, atacado por
citações, vidas de outros séculos. Para o paciente
afetado desta moléstia, o céu não tem estrelas.
[25] Tem asteriscos.
Ocorre de o paciente, andando em círculos,
tropeçar numa vírgula, engolir o parágrafo e bater
com a cabeça no travessão.
Devem ser constantemente vigiados.
[30] Se não melhorarem, o jeito é encaderná-los e
doá-los a uma Biblioteca Pública.
(LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios. 2.ed.ampl. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2012. p. 178-179.)
''Literatura, isto é, escrever sem publicar, é uma espécie de vício secreto. Pequena perversão. Que nem colecionar calcinhas de mulher. Seus praticantes estão sujeitos a muitos males. Olhai uns pares deles.'' (linhas 1-5)
O enunciado acima sublinhado veicula ideia de
Texto
Os perigos da literatura
Literatura, isto é, escrever sem publicar, é
uma espécie de vício secreto. Pequena perversão.
Que nem colecionar calcinhas de mulher. Seus
praticantes estão sujeitos a muitos males. Olhai uns
[5] pares deles.
(...)
COMPLEXO DE MACHADO DE ASSIS –
Manifesta-se em um desejo irreprimível de entrar
para o Serviço Público. Levar vida reservada e
tímida. Ter atitudes ambíguas sobre os problemas
[10] da comunidade. Esperar a glória pacientemente.
Alguns casos mais graves levam os pacientes a
fundar academias.
(...)
MAL DE ROSA: Só faz vítimas entre
membros do Corpo Diplomático.
[15] O paciente imagina que é um jagunço do
sertão.
Conta causos estranhos, numa linguagem
meio antiga e meio sertaneja. E diz em entrevistas
na Europa:
[20] - Nós, no sertão...
SÍNDROME DE BORGES – O escritor
paciente imagina-se dentro de um livro, atacado por
citações, vidas de outros séculos. Para o paciente
afetado desta moléstia, o céu não tem estrelas.
[25] Tem asteriscos.
Ocorre de o paciente, andando em círculos,
tropeçar numa vírgula, engolir o parágrafo e bater
com a cabeça no travessão.
Devem ser constantemente vigiados.
[30] Se não melhorarem, o jeito é encaderná-los e
doá-los a uma Biblioteca Pública.
(LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios. 2.ed.ampl. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2012. p. 178-179.)
No enunciado: ''Manifesta-se em um desejo irreprimível de entrar para o Serviço Público. Levar vida reservada e tímida. Ter atitudes ambíguas sobre os problemas da comunidade. Esperar a glória pacientemente'', as orações sublinhadas desempenham a função de
Texto
Os perigos da literatura
Literatura, isto é, escrever sem publicar, é
uma espécie de vício secreto. Pequena perversão.
Que nem colecionar calcinhas de mulher. Seus
praticantes estão sujeitos a muitos males. Olhai uns
[5] pares deles.
(...)
COMPLEXO DE MACHADO DE ASSIS –
Manifesta-se em um desejo irreprimível de entrar
para o Serviço Público. Levar vida reservada e
tímida. Ter atitudes ambíguas sobre os problemas
[10] da comunidade. Esperar a glória pacientemente.
Alguns casos mais graves levam os pacientes a
fundar academias.
(...)
MAL DE ROSA: Só faz vítimas entre
membros do Corpo Diplomático.
[15] O paciente imagina que é um jagunço do
sertão.
Conta causos estranhos, numa linguagem
meio antiga e meio sertaneja. E diz em entrevistas
na Europa:
[20] - Nós, no sertão...
SÍNDROME DE BORGES – O escritor
paciente imagina-se dentro de um livro, atacado por
citações, vidas de outros séculos. Para o paciente
afetado desta moléstia, o céu não tem estrelas.
[25] Tem asteriscos.
Ocorre de o paciente, andando em círculos,
tropeçar numa vírgula, engolir o parágrafo e bater
com a cabeça no travessão.
Devem ser constantemente vigiados.
[30] Se não melhorarem, o jeito é encaderná-los e
doá-los a uma Biblioteca Pública.
(LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios. 2.ed.ampl. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2012. p. 178-179.)
Na expressão ''causos estranhos'', revela-se uma variante linguística: