PUC-MG 2019/1 Demais Curso
45 Questões
As fake news se espalham porque foram criadas justamente para isso: para atrair público e tornarem-se virais. Isso significa que são sites criados propositadamente para divulgar informações incorretas, mas que soem plausíveis para seu público-alvo, enganando-os a ponto de atrair visitantes e potencialmente transformar parte de seu público em novos propagadores de seu conteúdo. Esses sites atraem a atenção de vasta audiência, que acaba capturada pelas suas manchetes bombásticas sem perceber que elas são inverídicas. Dessa forma, o site falso recebe por anúncios em sua própria plataforma, ou dividem os ganhos de publicidade de sites de redes sociais que recompensam os grandes produtores de conteúdo, como o Facebook.
PAGANOTTI, I. Disponível em: http://www.revista.pucminas.br/materia/fenomeno-noticias-falsas/. Acesso em: 01 ago. 2018. (Adaptado).
Nesse trecho, a produção de informações falsas é atribuída à(ao)
No contexto midiático-político do mundo contemporâneo, os efeitos de sentido da charge remetem ao(s)
Os adolescentes de hoje herdarão um mundo corroído pela mudança climática provocada pelas gerações anteriores, incluindo a de seus pais, onde a água vem se tornando o grande desafio e a paisagem já começa a ser desfigurada. As séries de TV, principal produto cultural e também de entretenimento, expressam o sentimento dessa época: um presente que já é uma distopia e a impossibilidade de imaginar um futuro que não seja apocalíptico. A internet, onde os adolescentes e a maioria dos adultos vivem, arrancou a ilusão sobre o que chamamos de humanidade. Ao permitir que cada um se mostrasse sem máscaras, que cada um pudesse “dizer tudo”, abriu-se uma ferida narcísica cujos impactos levaremos muito tempo para dimensionar.
BRUM, E. https://brasil.elpais.com/brasil/. Acesso em: 10 ago. 2018.
A expressividade do texto é intensificada pela
Livros inusitados
O historiador grego Heródoto nos conta que os citas (povo iraniano que viveu no período de 700 a 300 a.C), por ocasião de uma guerra contra o povo persa, enviaram um mensageiro a Dario, rei dos persas, com um bilhete, cuja mensagem era escrita com animais e objetos: um pássaro, um sapo, um rato e cinco flechas. Assim que recebeu o tal bilhete, Dario interrogou ao mensageiro sobre seu significado, obtendo como resposta que caberia aos persas decifrar o que os citas queriam dizer.
A prepotência de Dario fez com que ele interpretasse que os citas estavam dispostos a se render, pois aquele inusitado conteúdo da mensagem (pássaro, sapo, rato e cinco flechas) só poderia significar que o inimigo entregava suas terras, sua água, seus cavalos e suas armas. O rato vive na terra e se alimenta de trigo, assim como o ser humano. O sapo, por sua vez, vive na água; o pássaro certamente representaria o cavalo; e, por último, as flechas, simbolizavam a entrega das armas.
Esse episódio deixa bem claro que, além de prepotente, Dario não era um bom leitor, pois o que os citas queriam dizer era muito diferente daquilo que o rei dos persas havia decifrado. O significado verdadeiro era: “Se não subirdes aos céus como pássaros, ó persas, se não vos ocultardes na terra como os ratos, se não saltardes aos charcos com os sapos, as nossas flechas vos atingirão e nunca mais vereis a pátria”.
MARTINS, G. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/artigo/livros-inusitados/. Acesso em: 28 ago. 2018. Adaptado.
A discrepância entre a intenção do bilhete e a interpretação do rei persa deve-se à
TEXTO PARA A QUESTÃO
Doar a si próprio
Tenho lidado com problemas de enxerto de pele, fiquei sabendo que um banco de doação de pele não é viável, pois esta, sendo alheia, não adere por muito tempo à pele do enxertado. É necessário que a pele do paciente seja tirada de outra parte de seu corpo, e em seguida enxertada no lugar necessário. Isto quer dizer que no enxerto há uma doação de si para si mesmo.
Esse caso me fez devanear um pouco sobre o número de outros em que a própria pessoa tem que doar a si própria. O que traz solidão, e riqueza, e luta. Cheguei a pensar na bondade que é tipicamente o que se quer receber dos outros – e no entanto às vezes só a bondade que doamos a nós mesmos nos livra da culpa e nos perdoa. E é também, por exemplo, inútil receber a aceitação dos outros, enquanto nós mesmos não nos doamos a autoaceitação do que somos. Quanto à nossa fraqueza, a parte mais forte nossa é que tem que nos doar ânimo e complacência. E há certas dores que só a nossa própria dor, se for aprofundada, paradoxalmente chega a amenizar.
No amor felizmente a riqueza está na doação mútua. O que não significa que não haja luta: é preciso se doar o direito de receber amor. Mas lutar é bom. Há dificuldades que só por serem dificuldades já esquentam o nosso sangue, que este felizmente pode ser doado.
Lembrei-me de outra doação a si mesmo: a da criação artística. Pois em primeiro lugar por assim dizer tenta-se tirar a própria pele para enxertá-la onde é necessário. Só depois de pegado o enxerto é que vem a doação aos outros. Ou é tudo já misturado, não sei bem, a criação artística é um mistério que me escapa, felizmente. Não quero saber muito.
LISPECTOR, C. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
No trecho “No amor felizmente a riqueza está na doação mútua”, o advérbio em destaque
TEXTO PARA A QUESTÃO
Doar a si próprio
Tenho lidado com problemas de enxerto de pele, fiquei sabendo que um banco de doação de pele não é viável, pois esta, sendo alheia, não adere por muito tempo à pele do enxertado. É necessário que a pele do paciente seja tirada de outra parte de seu corpo, e em seguida enxertada no lugar necessário. Isto quer dizer que no enxerto há uma doação de si para si mesmo.
Esse caso me fez devanear um pouco sobre o número de outros em que a própria pessoa tem que doar a si própria. O que traz solidão, e riqueza, e luta. Cheguei a pensar na bondade que é tipicamente o que se quer receber dos outros – e no entanto às vezes só a bondade que doamos a nós mesmos nos livra da culpa e nos perdoa. E é também, por exemplo, inútil receber a aceitação dos outros, enquanto nós mesmos não nos doamos a autoaceitação do que somos. Quanto à nossa fraqueza, a parte mais forte nossa é que tem que nos doar ânimo e complacência. E há certas dores que só a nossa própria dor, se for aprofundada, paradoxalmente chega a amenizar.
No amor felizmente a riqueza está na doação mútua. O que não significa que não haja luta: é preciso se doar o direito de receber amor. Mas lutar é bom. Há dificuldades que só por serem dificuldades já esquentam o nosso sangue, que este felizmente pode ser doado.
Lembrei-me de outra doação a si mesmo: a da criação artística. Pois em primeiro lugar por assim dizer tenta-se tirar a própria pele para enxertá-la onde é necessário. Só depois de pegado o enxerto é que vem a doação aos outros. Ou é tudo já misturado, não sei bem, a criação artística é um mistério que me escapa, felizmente. Não quero saber muito.
LISPECTOR, C. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
No último parágrafo, a associação entre ‘enxerto’ e ‘criação artística’ configura uma concepção de escrita caracterizada por um