Questões de Português - Gramática - Semântica - Antônimos
Texto
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa. Criou uma obra de natureza filosófica sobre a consciência e as suas mais profundas inquietações existenciais. Expressou uma personalidade estética multifacetada por meio dos heterônimos, os quais consistiam em várias identidades que detinham biografia e características psicológicas distintas: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares e Álvaro de Campos, um engenheiro naval, a quem se deve a “Ode triunfal”. Esse heterônimo apresenta uma personalidade estética marcada pelas concepções futuristas e pela intenção de assimilar ao eu lírico a realidade exterior, considerada em suas manifestações mais prosaícas, ao mesmo tempo em que aquele se projeta no mundo.
ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
[5] Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-rr-1 eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
[10] — Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
(Com um excesso contemporâneo de vós, é máquinas!
[15] — Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical —
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força —
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
[20] — Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
“Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
[25] — Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
[30] — Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
AA todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
[35] — Do rodar férreoe cosmopolita
Dos comboios estrênuos,
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
[40] — E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!
Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés — oásis de inutilidades ruidosas
[45] — Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares!
Novos entusiasmos de estatura do Momento!
PESSOA, Fernando. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 144 (texto adaptado).
Assinale a alternativa em que a substituição da palavra ciciante (linha 40) acarretaria uma inversão de sentido:
Coluna 1
Coluna 2
Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo o bem e todo o mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver.
Epicuro. Carta a Meneceu. São Paulo: UNESP, 2002, p. 28.
A Carta a Meneceu é a obra de Epicuro que resume o que pensavam e viviam os epicuristas. Tendo esse excerto de texto como referência inicial, julgue o item.
No primeiro período do texto apresentado, há entre os vocábulos “bem” e “mal” uma relação de
TEXTO
7 MITOS SOBRE REFUGIADOS
Vários países ocidentais, entre eles o Brasil, estão recebendo fluxos de migrantes e de refugiados, e as reações contrárias aos recém-chegados se multiplicam. Mas a vinda deles pode representar boas notícias para quem os recebe.
Por: Unescopress
Hoje o mundo é a casa do maior número de migrantes e refugiados de que se tem registro em qualquer outro momento da história. Tal situação traz desafios complexos para muitos países que tentam gerenciar esse fluxo e acolher com sucesso os novos cidadãos.
Esses desafios se agravam com a falta de informações precisas e acessíveis na mídia, em que mitos e informações incorretas prevalecem. No pior dos casos, o foco está nos desafios envolvidos ou numa ameaça imaginária de um fluxo repentino de estrangeiros. Faltam quase que por completo na cobertura midiática as múltiplas vantagens para os países que acolhem e as inúmeras histórias de indivíduos, muitas vezes, com alto nível de estudos e ávidos por trabalhar, que buscam uma nova vida e contribuem positivamente para as sociedades que os recebem.
A Unesco criou um curso para escolas de jornalismo e mídia: “Reporting Migration with a Focus on Refugees” (Reportar a imigração com foco nos refugiados, em tradução livre). O curso é focado na promoção de parcerias que permitam uma visão mais equilibrada da situação. A seguir, estão alguns dos mitos mais comuns e prejudiciais sobre os refugiados.
1) OS REFUGIADOS SÃO UM PROBLEMA EUROPEU. A Europa acolhe apenas 6% dos refugiados globais, comparados com 39% no Oriente Médio e Norte da África e 29% no resto da África. A grande maioria dos refugiados sírios está em países vizinhos, como Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. Mais de 1 milhão de refugiados chegaram à Europa por mar em 2015, o que representa apenas 0,3% da população total europeia.
2) OS REFUGIADOS NÃO ESTÃO DESESPERADOS. ESTÃO ESCOLHENDO MIGRAR. Por definição, refugiados são pessoas que fogem cruzando fronteiras para escapar de conflitos violentos ou de perseguição. Eles estão fazendo uso de seu direito legal ao asilo, que consta na Declaração Universal de Direitos Humanos. Todos nós temos esse direito como garantia se algum dia ele se fizer necessário. Os enormes riscos pessoais que os refugiados assumem ao escaparem testemunham a gravidade da situação em que se encontram. Os migrantes são de uma categoria mais ampla, que inclui aqueles que migram por razões econômicas e pessoas buscando escapar de desastres ambientais e da fome.
3) A MAIORIA DOS REFUGIADOS SÃO HOMENS JOVENS E FISICAMENTE APTOS. Segundo o Alto Comando das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), mais de 75% dos refugiados sírios são mulheres e crianças. Dos refugiados que chegaram à Europa em 2016, mais da metade eram mulheres e crianças.
4) OS REFUGIADOS ROUBAM OS EMPREGOS DO PAÍS DE ACOLHIMENTO. Os refugiados criam empregos. De acordo com uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), refugiados expandem o mercado doméstico e criam um emprego para cada vaga que ocupam. Em alguns países, eles respondem por quase um terço do crescimento econômico entre 2007 e 2013.
5) OS REFUGIADOS E OS MIGRANTES FRAUDAM O SISTEMA SOCIAL. A maioria dos refugiados paga mais aos cofres públicos do que retira deles. Pesquisas feitas em Portugal, Espanha, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Grécia mostram que os refugiados são menos ou igualmente dependentes dos fundos públicos em relação aos moradores locais.
6) OS REFUGIADOS E OS MIGRANTES TRAZEM O TERRORISMO. Dos ataques terroristas no mundo, durante os últimos anos, a vasta maioria foi feita por cidadãos nascidos nos países envolvidos. “Não é o fluxo de refugiados que causa o terrorismo, são o terrorismo, a tirania e a guerra que criam os refugiados”, afirma Antônio Guerra, secretário-geral da ONU. Criar divisões entre as pessoas e estimular o ódio entre grupos é parte da estratégia do terrorismo, em primeiro lugar.
7) OS PAÍSES DESENVOLVIDOS SÃO SUPERPOPULOSOS E NÃO PODEM ACOLHER MAIS PESSOAS. O crescimento da população nativa na maioria dos países desenvolvidos está em declínio, um problema que pode ter os fluxos migratórios como solução. Refugiados e migrantes podem sustentar os níveis populacionais e trazer uma base de pessoas em idade produtiva para sustentar o número crescente de aposentados dos países que os recebem.
Fonte: Revista Planeta, ano 27, edição 542, 2018, p. 54-55.
O antônimo da palavra COMPLEXOS, destacada no primeiro parágrafo do Texto, é
TEXTO:
Eles já foram acusados de tudo: distraídos,
superficiais e até egoístas. Mas se preocupam com o
ambiente, têm fortes valores morais e estão prontos
para mudar o mundo.
[05] São impacientes, preocupados consigo próprios,
interessados em construir um mundo melhor e, em
pouco tempo, vão tomar conta do planeta.
Com 20 e poucos anos, esses jovens são os
representantes da chamada Geração Y, um grupo
[10] que está, aos poucos, provocando uma revolução
silenciosa. Sem as bandeiras e o estardalhaço das
gerações dos anos 60 e 70 do século passado, mas
com a mesma força poderosa de mudança.
Eles sabem que as normas do passado não
[15] funcionam –– e as novas estão inventando sozinhos.
Folgados e insubordinados são outros adjetivos
menos simpáticos para classificar os nascidos entre
1978 e 1990. Concebidos na era digital, democrática
e da ruptura da família tradicional, essa garotada está
[20] acostumada a pedir e ter o que quer.
LOIOLA, Rita. Geração Y. Disponível em: < http://revistagalileu.globo. com/Revista/Galileu/0,,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y. html>. Acesso em: 5 jun. 2019. Adaptado.
Opõem-se quanto ao sentido os termos transcritos em
A ciência contra a incerteza
O ovo é benigno ou um vilão da nutrição? Suplementos vitamínicos são milagrosos ou inócuos para a saúde? Uma visita ao repertório de pesquisas científicas trará respostas contraditórias a essas e a muitas outras questões da medicina. Para contornar a incerteza, foram criadas as metanálises – compilações estatísticas de um mesmo assunto em busca da melhor evidência possível. Reportagem em VEJA. com mostra que esse tipo de estudo tem desvendado erros e falhas de método, ao revelar que as conclusões a que chegam alguns cientistas não estão amparadas nos dados que eles próprios coletaram. Mais importante, as metanálises aumentam o grau de confiança que se pode atribuir a certas teses: uma avaliação abrangente de 27 estudos sobre suplementos de vitaminas, por exemplo, demonstrou que não existe nenhuma evidência estatística de sua eficácia sobre a longevidade, a prevenção do câncer ou doenças cardiovasculares.
Revista Veja. 25/03/2016, p. 9
Analise as seguintes frases do texto e os termos destacados.
I. “O ovo é benigno ou um vilão da nutrição?”
II. “Suplementos vitamínicos são milagrosos ou inócuos para a saúde?”
III. “... esse tipo de estudo tem desvendado erros e falhas de método...”
IV. “Para contornar a incerteza foram criadas... em busca da melhor evidência possível.”
Observando o contexto em que os pares de palavras estão destacados, as frases em que essas palavras se opõem, semanticamente, são
Instrução: A questão toma por base uma passagem do livro A vírgula, do filólogo Celso Pedro Luft (1921-1995).
A vírgula no vestibular de português
“Mas, esta, não é suficiente.”
“Porque, as respostas, não satisfazem.”
“E por isso, surgem as guerras.”
“E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
“Pois, o homem é um ser social.”
“Muitos porém, se esquecem que...”
“A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”
Que é que você acha de quem virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa.
Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do pensamento e de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes, incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem, no pensar e na expressão.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
As quatro palavras destacadas nesta frase, se substituídas, na ordem adequada, pelas palavras da relação abaixo, produzem outra frase, de sentido oposto:
I. disciplina.
II. organização.
III. bom.
IV. corretas.
Aponte a alternativa que indica a ordem em que se deve fazer a
substituição:
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