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Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
O enunciado do texto: “Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer.” (linha 9) expressa, de forma implícita, que
Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
A autora do texto cita a máxima “não ver, não ouvir e não dizer nada de mau” (linhas 12-13). As máximas expressam
Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
De acordo com o texto, os sentimentos de arrogância, vaidade e prepotência
Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
Na imagem que acompanha o texto, o macaco que tapa a boca representa mais adequadamente a atitude positiva, segundo a autora, da
Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
Para conferir maior credibilidade e apoio às ideias que expressa, a autora lança mão de todos estes recursos, EXCETO
Leia o texto abaixo, para responder à questão.
Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer
Betty Milan*
[1] Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no
trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania
de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que
fazer.
[5] Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos
moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa
dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte, e a luta contra eles não
leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade,
[10] pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro
cobre os olhos, o segundo as orelhas, e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi
introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não
ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o
cego, o surdo e o mudo — Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
[15] Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo o
que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude
construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica — impelidos por um gozo
masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho
em que a vida desabrocha.
[20] Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão,
como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do
inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós
não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas
[25] continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que
tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para
se perpetuar.
(Veja, 12/1/2011)
* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.
Quanto à estruturação desse texto, é INCORRETO afirmar que