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Considere a escultura O Pensador, do francês Auguste Rodin (1840-1917), e a charge do cartunista argentino Quino (1932-).
É correto afirmar que, entre a escultura e a charge, ocorre intertextualidade, pois
A influência africana na estrutura gramatical e no vocabulário é relevante na formação do português brasileiro para além da incorporação de palavras como “caçula”, “moleque”, “cachaça”, “acarajé” e “axé”.
Pesquisadores como Dante Lucchesi, da UFBA, acreditam que muitos preconceitos linguísticos contra o português brasileiro sejam dirigidos a contribuições africanas ao idioma.
“A maior influência do processo de assimilação imposto pelos portugueses aos escravos negros está presente até hoje no português informal, na língua do dia a dia, quando dizemos, por exemplo, ‘Nós pega os peixe’. A variação na concordância nominal e verbal constitui um divisor de águas no cenário sociolinguístico brasileiro. Revela o peso que o contato entre línguas teve no Brasil” – explica Lucchesi.
Ter preconceito linguístico com esse tipo de ocorrência no idioma, segundo o pesquisador, seria a razão do menosprezo do estudo da relevância africana no português.
Com isso, “o estigma social recai sobre as variantes linguísticas mais notáveis da fala popular”, afirma o professor em seu estudo. “Não precisa ter concordância para ter raciocínio lógico. Essa é marca indelével das línguas africanas”.
(Julio Lamas. África resiste. Língua Portuguesa, julho de 2013. Adaptado.)
Pela leitura do texto, preconceito linguístico é
Analise a tirinha e identifique uma situação linguística característica do português falado no Brasil.
Leia o poema Psicologia de um vencido, de Augusto dos Anjos.
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos. Toda poesia, 2011.)
Esse poema evidencia um aspecto constante na obra de Augusto dos Anjos:
Entre os poetas modernistas da Geração de 30, encontra-se Murilo Mendes. Leia um trecho de seu poema A Noiva e o compare ao poema Volúpia, da amazonense Violeta Branca.
E uma visagem
sem cheiro nem cor nem peso
planta-se em frente de Clotilde.
As meias caem das pernas da moça,
a combinação de rendas cai do seu corpo.
A visagem fala.
“Mulher eu vim te buscar
para as núpcias do fogo.
Haverias de ficar
toda a vida na janela
consumindo tua beleza?
O volume do teu seio
pede o ímã de outros dedos…
O cheiro do teu cabelo
não é feito pro travesseiro.
[...]
O sangue de tuas veias
noutro corpo há de ferver.
O teu hálito cheiroso
outro tem de o respirar.”
(Murilo Mendes apud Eucannã Ferraz. Veneno Antimonotonia, 2005.)
O beijo que deste no meu pulso
cobriu de angústia
a forma imaterial dos meus sentidos.
Não percebeste o latejar das veias
ao contato de teus lábios,
e nem adivinhaste
que foi o prazer que me fez silenciar…
Teu beijo teve a agudez
de um estilete inutilizando o meu pudor.
Não viste o sangue
que afluiu à minha boca?
Foi a volúpia falando
na eloquência da cor.
(Violeta Branca. http://razaoeinocencia.blogspot.com.br)
Pode-se identificar como semelhança entre os textos escolhidos:
É aqui [no trapiche*] também que mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia as ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. [...]
Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi desta época que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da Areia, crianças abandonadas que viviam do furto. Nunca ninguém soube o número exato de meninos que assim viviam. Eram bem uns cem e destes mais de quarenta dormiam nas ruínas do velho trapiche.
Vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas.
(Jorge Amado. Capitães da Areia, 2010. Adaptado.)
*trapiche: armazém para depósito de mercadorias
Analisando este trecho do romance Capitães da Areia, conclui-se corretamente que essa obra pretende