Questões
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TEXTO
COMO FAZER FELIZ MEU FILHO
Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2002
A partir de uma leitura atenciosa do texto, em que trecho podemos assinalar que é constante a dúvida de ser um bom pai?
TEXTO
COMO FAZER FELIZ MEU FILHO
Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2002
O vocábulo sublinhado nos versos Dar-lhe tudo aquilo que há/ de entontecer um grão-vizir? tem o mesmo sentido em:
TEXTO
COMO FAZER FELIZ MEU FILHO
Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2002
Sobre o texto Como fazer feliz meu filho, podemos analisar em sua estrutura que:
Observe o trecho:
E se depois de tanto mimo
que o atrai, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Assinale a frase abaixo que apresenta, respectivamente, as mesmas funções da partícula SE nas duas situações do trecho exposto no enunciado:
TEXTO
A VOZ DAS EMOÇÕES
Noite morna, vento quente, calor, suor, ofego, sufoco. E cá estou eu maltratando as intimoratas teclas da underwood, catando a voz das emoções mais ocultas. Ontem, fui à tradicional macarronada com galinha à cabidela do vetusto Solar dos Monte. A tarde já ia alta, nas vésperas do anoitecer, meu pai entregoume uma carta na hora do adeus e que ora reproduzo.
Meu filho, hoje quando a velhice me alcança, minando o antes imbatível organismo, resta-me intacta a mente pródiga e a memória onde sepultei amores, ódios, rancores, prazeres.
Sei que um dia tudo estará terminado ou será talvez o começo de uma nova vida? Jamais me preocupei com esta sequência da existência ou não, pois sempre me interessou apenas o que representei no palco desta vida. Eu, você, nossa família, tudo não terá sido uma aventura que a gente só tardiamente reconhece?
Tomo um longo e sôfrego gole de vinho e continuo a ler o maior filósofo vivo da rua Dom Jerônimo:
Sei que não posso me considerar um desses infelizes que nada construíram. Fui, talvez, como um pedreiro que ergue casas, condomínios e não se preocupa em erguer sua própria moradia.
Terei sido um homem bom, solidário com os males dos outros? Emprestei alguma vez os meus braços para ajudar a carregar o peso que esmagava meu companheiro, meu vizinho? Fui um pai presente, afetivo, amoroso e cheio de bondade e compaixão para com meus filhos?
Gostaria, nessa noite de domingo, que você, meu filho, tentasse ou fingisse um perdão por tudo em que mais lhe falhei e magoei. Com o amor de seu pai, Airton Teixeira do Monte.
Engasgado de emoção há tanto tempo represada, acabo de ler a carta do autor de meus dias e sento-me num meio- fio imaginário, abro outra garrafa de vinho e, súbito, desato num choro convulso, um choro despudorado e livre de qualquer ranço de um menino que, noite de Natal, acabou de ver Papai Noel.
(MONTE, Airton. Moça com flor na boca. Fortaleza: editora UFC, 2005)
Sobre a linguagem empregada no texto, podemos afirmar, exceto:
TEXTO
A VOZ DAS EMOÇÕES
Noite morna, vento quente, calor, suor, ofego, sufoco. E cá estou eu maltratando as intimoratas teclas da underwood, catando a voz das emoções mais ocultas. Ontem, fui à tradicional macarronada com galinha à cabidela do vetusto Solar dos Monte. A tarde já ia alta, nas vésperas do anoitecer, meu pai entregoume uma carta na hora do adeus e que ora reproduzo.
Meu filho, hoje quando a velhice me alcança, minando o antes imbatível organismo, resta-me intacta a mente pródiga e a memória onde sepultei amores, ódios, rancores, prazeres.
Sei que um dia tudo estará terminado ou será talvez o começo de uma nova vida? Jamais me preocupei com esta sequência da existência ou não, pois sempre me interessou apenas o que representei no palco desta vida. Eu, você, nossa família, tudo não terá sido uma aventura que a gente só tardiamente reconhece?
Tomo um longo e sôfrego gole de vinho e continuo a ler o maior filósofo vivo da rua Dom Jerônimo:
Sei que não posso me considerar um desses infelizes que nada construíram. Fui, talvez, como um pedreiro que ergue casas, condomínios e não se preocupa em erguer sua própria moradia.
Terei sido um homem bom, solidário com os males dos outros? Emprestei alguma vez os meus braços para ajudar a carregar o peso que esmagava meu companheiro, meu vizinho? Fui um pai presente, afetivo, amoroso e cheio de bondade e compaixão para com meus filhos?
Gostaria, nessa noite de domingo, que você, meu filho, tentasse ou fingisse um perdão por tudo em que mais lhe falhei e magoei. Com o amor de seu pai, Airton Teixeira do Monte.
Engasgado de emoção há tanto tempo represada, acabo de ler a carta do autor de meus dias e sento-me num meio- fio imaginário, abro outra garrafa de vinho e, súbito, desato num choro convulso, um choro despudorado e livre de qualquer ranço de um menino que, noite de Natal, acabou de ver Papai Noel.
(MONTE, Airton. Moça com flor na boca. Fortaleza: editora UFC, 2005)
Sobre o gênero textual da crônica A voz das emoções, podemos apontar como informação incorreta o item: