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A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
Qual das frases abaixo apresenta verbo no presente expressando futuro, como em O cinema completa 122 anos na semana que vem. (linha 1)?
A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
Qual das alternativas abaixo apresenta redação que preserva o sentido da frase Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo. (linhas 1 e 2)?
A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
Analisando a estrutura e o sentido dos vocábulos destacados abaixo, é correto afirmar que
A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
Quanto ao uso dos sinais de pontuação no texto, é correto afirmar que
A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
A sinonímia mais aproximada, considerando o sentido de uso no texto, é mantida pela substituição de
A questão refere-se ao texto abaixo.
A aventura do cinema continua
Roger Lerina, em 20 de dezembro de 2017
O cinema completa 122 anos na semana que vem. Foi em 28 de dezembro de 1895, em Paris, que
os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública paga de seu fabuloso invento: o cinematógrafo.
Os espectadores daquela sessão inaugural assistiram maravilhados, muitos deles aturdidos, à locomotiva
e sua composição que marchava célere do fundo da tela em direção à plateia. “A Chegada de um Trem na
[05] Estação” marca oficialmente o surgimento da expressão artística que melhor encarnou o espírito do século
XX – e que teima em encantar ainda hoje. Desde seu nascimento, a chamada sétima arte vem superando
obstáculos como limitações técnicas, descrédito intelectual, ataques moralistas, crises financeiras, atrações
concorrentes. Sua morte já foi decretada diversas vezes, mas seus supostos matadores nunca conseguiram
finalizar o serviço – a televisão, a internet, a TV a cabo, as séries na Netflix, mesmo a chegada do cinema
[10] falado. Os novos meios e formatos abalam e influenciam a produção cinematográfica, mas a demanda por
filmes é uma fome que por enquanto segue insaciada. Basta ver as extensas filas para assistir a “Star Wars:
Os Últimos Jedi”, formadas tanto por senhores que acompanham a saga como eu desde o primeiro título,
lançado em 1977, até moleques que só descobriram na semana passada o universo interestelar criado pelo
cineasta George Lucas.
[15] Dois exemplos de filmes recentes que ajudam a entender esse fascínio pelo cinema, o primeiro já em
cartaz em Porto Alegre, o outro deve estrear nesta quinta-feira: “Lumière! A Aventura Começa” (2016) e
“Corpo e Alma” (2017). A princípio, pouco em comum há entre o documentário que compila filmetes pioneiros
rodados pela empresa de Auguste e Louis Lumière e a ficção contemporânea húngara pré-selecionada para
o próximo Oscar de longa estrangeiro. Em ambos, no entanto, somos capturados pela força de imagens
[20] capazes de nos remeter a lugares e estados de espírito que transcendem o registro visual na tela.
Diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cinema de Cannes, o francês Thierry Frémaux compilou e
comentou 108 curtas dos 1.422 filmados pelos irmãos inventores e seus cinegrafistas entre 1895 e 1905. São
filmes de 50 segundos no máximo, recuperados e restaurados por instituições de preservação chanceladas
por nomes como o do diretor norte-americano Martin Scorsese. Em “Lumière! A Aventura Começa”, o beabá
[25] do cinema é balbuciado diante dos nossos olhos: as noções intuitivas de enquadramento, a busca por
organizar os personagens e os objetos diante da câmera, a procura incansável pelos melhores ângulos,
as maneiras inventivas de driblar a fixidez e mudar a câmera de lugar – no começo, o equipamento não
podia ser movido. O encantamento do cinema já está todo lá em sua primeira infância: a documentação das
paisagens naturais e urbanas, o mundo do trabalho e do lazer, os folguedos em família nas casas de campo
[30] que lembram quadros de Renoir e a mundanidade parisiense que parece saída das páginas de um romance
de Proust, as cidades cujo panorama estava sendo rapidamente alterado pelo progresso e as regiões do
planeta ainda exóticas aos olhares ocidentais. Cartões postais do passado em preto e branco e silentes,
precários, mas dotados de uma beleza eloquente que sobrepassa a função de meramente catalogar uma
época, dialogando com nossa percepção atual da sociedade e das coisas que nos circundam.
[35] Mais de 120 anos depois das experiências desbravadoras dos Lumière, “Corpo e Alma” reafirma a
duradoura potência do cinema como veículo de narrações e emoções. Vencedor do Urso de Ouro, do
prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico do Festival de Berlim deste ano, o drama da diretora
húngara Ildikó Enyedi seduz o espectador logo de início com sua estranheza ao mesmo tempo encantadora
e desconfortável. A história se desenrola no ambiente de um moderno abatedouro bovino, no qual trabalha
[40] o diretor financeiro Endre (Géza Morcsányi). A rotina do local é alterada com a chegada de Mária (Alexandra
Borbély), nova inspetora de qualidade que, além do rigor em seu ofício, chama a atenção por conta de seu
comportamento arredio e metódico. Endre tenta socializar com Mária, mas as abordagens são frustradas
por conta da dificuldade da bela jovem em interagir com outras pessoas. Quando, porém, descobrem
estar dividindo os mesmos sonhos, protagonizados por um casal de cervos à beira de um lago nevado, os
[45] solitários colegas ensaiam uma aproximação mútua cautelosa, dolorosa e cheia de percalços.
A sensação que “Corpo e Alma” provoca é ambivalente: às idílicas cenas oníricas de efeito
tranquilizador, o filme contrapõe incômodas imagens explícitas e documentais de como o gado é
desmembrado e processado para o posterior consumo humano. É sobre essa instabilidade desconcertante
como a vida que “Corpo e Alma” equilibra seu romance, conto agridoce de um homem e uma mulher,
[50] tentando transformar o sonho em realidade.
Acredito que, enquanto o cinema souber manejar essa mágica que nos faz trafegar entre um mundo e
outro, do sonho à realidade e vice-versa, sua aventura continuará tendo futuro.
Disponível em: http://rogerlerina.com.br/post/120/a-aventura-do-cinema-continua. Acesso em: 29 mar. 2019. (Adaptado.)
A partir da análise das estratégias usadas por Roger Lerina na construção do texto, é correto afirmar que