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A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
O surgimento de novas palavras, neologismos, é um fenômeno linguístico bastante frequente, especialmente em dadas condições de produção e em situações enunciativas que permitem essa criação. Uma das características do neologismo é a atribuição de maior força comunicativa à mensagem. Posto isso, no texto em questão, pode ser considerada um neologismo a palavra
A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
No trecho “Não transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um lenço-correio” (linhas 13 a 15), a expressão lenço correio foi construída por uma analogia com a expressão pombo-correio.Das alternativas abaixo, em qual delas o mesmo processo não ocorre?
A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
Na passagem “Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada” (linhas 27 e 28), os operadores argumentativos pois e já que são, respectivamente, usados para expressar
A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
No trecho “O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia” (linha 23), as palavras consolo e enaltecia poderiam ser substituídas, respectivamente, sem perda de sentido, por
A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
Segundo o texto, podemos inferir que
I – quem se dedica às ciências exatas tende a dar respostas mais exatas.
II – aqueles que usam a palavra com vistas a fins poéticos têm o desafio de fazer dela apenas um recurso para transmitir um recado.
III – o regime militar da China, no século XV, só durou porque os chineses tinham medo de usar a palavra.
IV – a liberdade de expressão do mundo moderno prejudica o poder persuasivo da palavra.
Assinale a alternativa correta.
A palavra mágica
Luís Fernando Veríssimo
Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e
disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica. E ele disse a palavra
“mágica”. Soltei-o em seguida. Um adulto teria procurado outra palavra, uma
encantação que o libertasse. Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou.
Disse o que eu pedi. (Não, não, hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e
compositor). Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor.
Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela
na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos. Impostura
no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação.
Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento. Mas quem quer usar a
palavra não para fascinar mas para transmitir um pensamento ou apenas contar
uma história tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não
transformar o lenço em pomba mas usar o lenço para dar o recado, um
lenço-correio. Cuidando, o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais
importantes do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça, ou não
atrapalhe.
O Mario Quintana disse que estilo é uma dificuldade de expressão. Na época
em que a gente não podia escrever tudo o que queria, estilo muitas vezes era
disfarce. Apelava-se para metáforas, elipses, entrelinhas, e dê-lhe parábolas sobre
déspotas militares - na China do século 15. Uma impostura maior, a do poder
ilegítimo, obrigava à impostura da meia palavra, do truque mais ou menos óbvio.
O consolo era que o medo da palavra de certa forma a enaltecia: estava implícito
que o regime só sobrevivia porque a palavra não podia exercer todo o seu
sortilégio. Hoje, livres da obrigação de dissimular, podendo ser econômicos e
precisos sem artifício, nos descobrimos sem nem estilo nem muita relevância,
mais impostores do que nunca. Pois pode-se escrever tudo e - já que, na manhã
seguinte, o Brasil e o mundo continuam do mesmo jeito - não adianta nada. A
palavra “mágica” é só a palavra “mágica”.
Espero que você, ao menos, tenha entendido tudo isso porque eu estou
perdido desde o segundo parágrafo.
Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de setembro de 2001, página A4.
De acordo com o texto, não se pode afirmar que,