Questões de Português - Gramática
Instrução: A questão está relacionada ao texto abaixo.
No momento em que abrimos um livro nos
pomos no reino da palavra escrita,
compartilhando desse sortilégio ........ fala
Verissimo no texto Sinais mortíferos, dessa
[5] mágica de sinais gravados ........ une as
mentes das quais saíram sinais, e outros sinais,
e outros sinais...
Ninguém duvida de que a manifestação
falada é a linguagem primeira, é a linguagem
[10] natural, que prescinde das tábuas e dos sulcos
que um dia os homens inventaram para
cumprir desígnios que foram sendo
estabelecidos, para o bem e para o mal.
Nas sagas que cantou, Homero distinguia
[15] heróis da palavra, heróis que eram os homens
de fala forte, de fala efetiva, de fala eficiente.
Assim como havia heróis excelentes na ação,
havia aqueles excelentes na palavra (porque,
para o épico, excelente em tudo só Zeus!). E
[20] entre eles Homero ressalta muito
significativamente a figura do velho conselheiro
Nestor, sempre à parte dos combates, mas
dono de palavras sábias que dirigiam rumos
das ações. Ele ressalta, entre todos – no foco
[25] da epopeia –, a figura de Odisseu/Ulisses, que
nunca foi cantado como herói de combate
renhido, mas que foi o senhor das palavras
astutas que construíram a Odisseia.
Hoje a força da palavra falada é a mesma,
[30] nada mudou, na história da humanidade,
quanto ao exercício natural da capacidade que
o humano tem de falar e quanto à destinação
natural desse exercício. Mas, que diferença!!
E vem agora o lado prático dessa conversa
[35] inicial: sem discussão, pode-se dizer que a
palavra escrita é sustentáculo da cultura,
embora não ouse supor que as sociedades
ágrafas sejam excluídas da noção de “cultura”,
e que os textos de Homero, que então eram
[40] apenas cantados, não tenham sido sustentáculo
de cultura no mundo grego, exatamente por
onde chegaram ao registro escrito.
Diz Verissimo que a palavra escrita “dá
permanência à linguagem”, e isso se
[45] comprovaria, banalmente, no fato de que hoje
os versos de Homero nos chegam somente
cravados em folha de papel ou em tela de
computador. Mas com certeza o cronista, que
não esqueceu a permanência do texto oral de
[50] Homero, também não terá esquecido que, já
há algum tempo, gravam-se falas, e que,
portanto, a tecnologia humana já soube dar
registro permanente também à palavra falada.
Ocorre que a permanência de que fala
[55] Verissimo é outra: acima do fato de que a
escrita representa um registro concreto
permanente, está o fato de que ela leva a
palavra a “outro domínio”. A palavra falada
povoa um domínio que, já por funcionar
[60] automaticamente segundo o software que
trouxemos à vida com a vida, não desvenda
todos os sortilégios nos quais entramos quando
complicamos o viver. Que digam os versos dos
poetas que no geral se produzem no suporte
[65] gráfico e assim nos chegam (no papel ou em
tela do monitor, insisto), mas vêm carregados
da melodia que lhes dá sentido, e por aí nos
transportam a um mundo particularmente mágico
a que passamos a pertencer com a leitura!!!
[70] Este é, por si, o mundo da palavra mágica!!
E chegamos à função da escola nesse
mundo da mágica da linguagem. Se, como diz
Verissimo, a escrita traz o preço de “roubar a
palavra à sua vulgaridade democrática”, cabe
[75] aos professores, que são aqueles ........ é dado
levar às gerações a força da linguagem e a
força da cultura reverter o processo e reverter
o argumento: cabe-lhes valorizar a democrática
palavra falada, sim, mas sua missão muito
[80] particular é vulgarizar democraticamente a
palavra (escrita) dos livros sem tirar-lhes o
sortilégio: acreditemos ou não em sortilégios...
Adaptado de: MOURA NEVES, M.H. Introdução. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora da Unesp, 2018.
Assinale a alternativa que apresenta relações contextualmente adequadas para Assim como (l. 17), portanto (l. 52) e Se (l. 72), nesta ordem.
Leia a letra da Canção pra Amazônia, composta por Nando Reis e Carlos Rennó, para responder à questão.
Maior floresta tropical da Terra
a toda hora sofre um duro golpe.
Contra trator, corrente, motosserra,
a bela flora clama em vão: “Me poupe!”
[5] Porém tem uma gente surda e cega
para a beleza e o valor da mata,
embora o mundo grite que já chega,
pois é a vida que o desmate mata.
Mais vasta ainda todavia é a devastação e o trauma:
[10] focos de fogo nos sufocam fauna, flora e até a alma.
Amazônia!
Razão de tanta insânia e tanta insônia!
Objeto de omissão e ação errônea!
É sem igual, sem plano B nem clone a
[15] Amazônia!
[...]
Dos povos da floresta sob pressão,
o indígena, seu grande guardião,
em comunhão com ela há milênios,
nos últimos e trágicos decênios,
[20] vem vendo a mata sendo ameaçada
e cada terra deles atacada
por levas de peões de poderosos
com planos de riqueza horrorosos.
É invasão!, destruição!, ódio a quem são seus empecilhos!
[25] Eles não pensam no amanhã nem do planeta nem dos próprios filhos!
https://tinyurl.com/wk2zp473%20Acesso%20em:%2016.08.2023.%20Adaptado.
Na letra dessa canção, ocorre
Para responder à questão de Língua Portuguesa utilize como base os textos a seguir.
Texto 1
Cotado, Dino diz que há vários critérios de indicação ao STF além de raça e gênero
Ministro da Justiça É principal citado para a vaga de Resa Webes, Lula já disse não tee pressa com
sua senha
27 set. 2023 às 12h52 Marianna Holanda
BRASÍLIA ? O ministro Flávio Dino (Justiça) disse nesta quarta-feira (27) que existem vários critérios para a indicação do presidente Lula (PT) à vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) além de raça e gênero.
Dino é o principal cotado hoje na bolsa de apostas de candidatos à sucessão da ministra Rosa Weber, que se aposenta da corte nos próximos dias. O outro nome cotado é o do ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias.
O chefe do Executivo tem sido pressionado pela sociedade civil e por aliados a não diminuir a representatividade feminina na Suprema Corte, que hoje é de 2 mulheres para 9 homens. Há uma ânsia comum na parte que Lula escolha uma mulher negra para o posto.
"Toda reivindicação dos movimentos sociais é legítima, sempre. Agora lembramos que é um sistema. Temos instituições de Justiça com várias instâncias, com vários tribunais, e o presidente tem observado isso, sou testemunha. Ele tem nomeado muitas mulheres, pessoas negras", disse Dino a jornalistas no Palácio do Planalto [...].
"Então, ele [Lula] leva em conta isso como critério, e de fato é algo que nosso governo preza muito. Em relação ao Supremo, é claro, existem vários critérios. E aí é um arbitramento que cabe a ele, né?", completou.
Dino se declarou partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas últimas eleições.
[...]
Além do o presidente ter sinalizado não ter pressa para as indicações, Lula disse nesta semana que gênero e cor não serão critérios para a sua escolha.
"O critério não será mais esse. Eu estou muito tranquilo por isso que eu tô dizendo que eu vou escolher uma pessoa que possa atender aos interesses e expectativas do Brasil. Uma pessoa que possa servir o Brasil. Uma pessoa que tenha respeito com a sociedade brasileira. Uma pessoa que vote adequadamente sem ficar votando pela imprensa. Saber?", afirmou o presidente a jornalistas no Itamaraty nesta semana.
A crítica a quem possa ficar "votando pela imprensa" ocorrerá três semanas depois de o mandatário já ter sugerido que votos de ministros da Suprema Corte façam eco sobre sigilo. À época, ele disse que seria para não criar "animosidade" com os magistrados e que a sociedade não tem que saber como eles votam.
Depois, Lula seguiu e disse que já tem várias pessoas "em mira". Mas, questionado sobre o nome de Dino, o presidente se esquivou e disse que vai indicar a pessoa mais correta que ele conhecer.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/cotado-dino-diz-que-ha-varios-criterios-de-indicacao-ao-stf-alem-de-raca-e-genero.shtml. Acesso em: 10 nov. 2023. (Adaptado)
Texto 2
O retrocesso bate à porta do STF
Diversidade não é bônus ou agrado, é dever indelével de nossos representantes 31.out.2023 às 22h00 Atualizado: 31.out.2023 às 22h58 Sheila Neder Cerezetti e Lívia Gil Guimarães
Diante da aposentadoria da ministra Rosa Weber, proliferam manifestações favoráveis à indicação de uma mulher ao posto. Nada mais natural, dado o enorme retrocesso que opção diversa representaria.
Até um dia antes de sua aposentadoria, o Supremo Tribunal Federal era composto por 9 homens e 2 mulheres; ou seja, o gênero feminino significava apenas 18,2% da mais alta corte do país. Se a vaga for preenchida por um homem, a porcentagem cairá para 9,1%. Dos atuais 10 integrantes, 1 se autoidentifica como pardo, os demais são brancos. Nunca uma mulher negra compôs o tribunal.
A ausência de indicação de uma mulher reforçaria o fato de que o Brasil está longe de alcançar equidade de gênero, sendo reflexo do descaso do Estado brasileiro em relação à situação de discriminação a que mulheres e meninas estão submetidas diariamente. É sob o prisma de evidente subvalorização do gênero feminino refletida nos índices de violência, desigualdade salarial e diminuta participação em espaços de poder que deve ser discutida a presença de ministras no STF
O debate deve centrar-se no imperativo de uma sociedade mais justa e igualitária, em que a exclusão de determinados grupos sociais seja constantemente rechaçada e combatida. Inexiste justificativa plausível para que homens sigam em pujante maioria nos altos postos públicos.
Por uma questão de igualdade distributiva e de reconhecimento, mulheres devem ter a oportunidade de contribuir ativamente nos espaços de tomada de decisão que dizem respeito às questões mais fundamentais da sociedade. Pensar diferente disso apenas revela o profundo descompasso do Brasil com instrumentos internacionais como a Cedaw (Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher) e o objetivo 5 da Agenda 2030 da ONU. Não podemos mais faltar com atenção à necessidade de combater preconceitos e discriminações que persistem na trajetória de mulheres.
Os marcadores sociais da diferença "raça" e "etnia" não devem ser entendidos como acessórios nessa análise: o Brasil historicamente secundarizou o exercício da cidadania de pessoas negras e indígenas, porque subalternizou- as em um projeto político e econômico. Na ótica interseccional, gênero e raça despontam como fatores de discriminação indevida e representam preconceitos e vivências de exclusão na dinâmica histórica brasileira.
Em perspectiva comparada, o Brasil possui posição bastante fragilizada. A ocupação feminina de apenas um assento no Supremo colocaria o país em penúltimo lugar na lista daqueles com maior desigualdade de gênero em cortes supremas da América Latina, à frente apenas da Argentina, segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Isso sem falar na comparação, por exemplo, com Canadá e Estados Unidos, em que mulheres ocupam 44,4% desses espaços.
Em 2022, esses países acompanharam inéditas indicações de juízas de suprema corte que levaram em consideração os marcadores sociais da diferença etnia e raça em intersecção com gênero. No caso canadense, houve a primeira mulher oriunda de povos originários e, nos EUA, a primeira mulher negra. Vê-se que as discussões sobre maior diversidade em cortes estão em pauta, especialmente em momentos de necessária oposição ao obscurantismo.
Perdemos reiteradamente oportunidades de melhorar os números nacionais e de favorecer a igualdade com as últimas indicações de homens brancos ao STF Diversidade não é bônus ou agrado; é dever permanente de nossos representantes, assim como o é o combate às desigualdades impregnadas nas estruturas das instituições estatais e privadas deste país.
A indicação de uma mulher progressista é ato inegociável de promoção da participação de brasileiras na vida pública. É a única medida aceitável se não quisermos compactuar com o gritante retrocesso que se avizinha e que poderá durar longos cinco anos até a próxima aposentadoria. Opções qualificadas não faltam ao presidente Lula.
Sheila Neder Cerezetti Professora de direito comercial da Faculdade de Direito da USP, é coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos de Inclusão na Academia (Gpeia-USP)
Lívia Gil Guimarães Doutora e mestra em direito constitucional (USP), é autora da tese "Mulheres na Composição de Cortes Supremas: Um Estudo sobre a Desigualdade de Gênero"; coordenadora do Gpeia- USP e pesquisadora do grupo Constituição, Política e Instituições (Copi-USP)
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/10/o-retrocesso-bate-a-porta-do-stf.shtml.Acesso em: 10 nov. 2023. (Adaptado)
No quarto parágrafo do texto 2, as palavras "rechaçada" e "pujante" podem ser substituídas, mantendo-se o mesmo sentido, por
O navio negreiro
Castro Alves
(...)
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Na penúltima estrofe anteriormente apresentada do poema O navio negreiro, de Castro Alves, as formas verbais ‘Vibrai’ e ‘Fazei’
Leia o texto para responder à questão.
Pintado com terra e cinzas das florestas, o professor e ativista indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que atuava como guardião da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, agora tem a sua imagem gravada em um paredão, nos arredores da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo.
A pintura foi uma iniciativa do ativista e grafiteiro Thiago Mundano para os 469 anos de São Paulo. Ele, junto com outros artistas, fez a releitura da obra Bananal, de Lasar Segall, trazendo o ativista indígena como protagonista da intervenção.
https://tinyurl.com/2s4f37v6%20Acesso%20em:%2025.08.2023.%20Adaptado.
As preposições assumem diferentes sentidos, dependendo do contexto em que são empregadas.
Isso pode ser observado nas expressões “com terra e cinzas”, “com outros artistas” e “em um paredão”, cujas preposições denotam, respectivamente,
O navio negreiro
Castro Alves
(...)
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
No início da penúltima estrofe anteriormente apresentada do poema O navio negreiro, de Castro Alves, a expressão “No entanto” veicula o mesmo sentido de