O Brasil não tem sorte com seus centenários. O primeiro, em 1922, teve de conviver com os restos da devastação causada pela gripe espanhola, chegada ao país em 1918. O ano foi ainda marcado pela primeira revolta tenentista e pela decretação do estado de sítio. O segundo centenário, a ocorrer neste ano, virá na cauda de outra pandemia. As mudanças nesses 200 anos foram enormes. No entanto, os analistas que se encarregaram do tema de nossa trajetória reconhecem que há mais continuidades do que rupturas.
José Murilo de Carvalho. 200 anos de Brasil: pouco a celebrar, muito a questionar. In: O Estado de S. Paulo, 1.º/1/2022, p. D20 (com adaptações).
A fixação das fronteiras definitivas do Brasil foi obra diplomática na qual sobressaiu a figura do Barão do Rio Branco, no período inicial da República. Na Colônia, as metrópoles ibéricas buscaram, em negociações conduzidas pelas respectivas chancelarias, acordos quanto à fixação dos territórios americanos que lhes pertenciam. Nesse sentido, tiveram destaque dois tratados assinados no século XVIII: o de Madri (1750) e o de Santo Ildefonso (1777).
Pelo Tratado de Madri, que, na prática, traçou o que veio a ser o perfil territorial do Brasil, exceto por alguns ajustes posteriores, Portugal