TEXTO
Lhe concordo, doutor: sou eu que invento minhas doenças. Mas eu, velho e sozinho, o que posso fazer? Estar doente é minha única maneira de provar que estou vivo. É por isso que frequento o hospital, vezes e vezes, a exibir minhas maleitas. Só nesses momentos, doutor, eu sou atendido. Mal atendido, quase sempre. Mas nessa infinita fila de espera, me vem a ilusão de me vizinhar do mundo. Os doentes são a minha família, o hospital é meu tecto e o senhor é o meu pai, pai de todos meus pais.
Desta feita, porém, é diferente. Pois eu, de nome posto de Sexta-Feira, me apresento hoje com séria e verídica queixa. Venho para aqui todo desclaviculado, uma pancada quase me desombrou. Aconteceu quando assistia ao jogo do Mundial de Futebol. Desde há um tempo, ando a espreitar na montra do Dubai Shoping, ali na esquina da Avenida Direita. É uma loja de tevês, deixam aquilo ligado na montra para os pagantes contraírem ganas de comprar. Sento-me no passeio, tenho meu lugar cativo lá. Junto comigo se sentam esses mendigos que todas sexta-feiras invadem a cidade à cata de esmola dos muçulmanos. Lembra? Foi assim que ganhei meu nome de dia da semana. Veja bem: eu, que sempre fui inútil, acabei adquirindo nome de dia útil.
[...]
(COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 81-82.)
No Texto, diz-se: “infinita fila de espera”, para se dizer que a fila é imensa. Na Matemática, podemos dizer que o infinito tem uma descrição precisa e, por vezes, pode até mesmo ser caracterizado. Por exemplo, podemos mostrar que o intervalo ]-1,1[ tem a mesma quantidade de elementos que a reta real (R), isto é, que esses dois conjuntos possuem o mesmo tipo de infinito. Para tanto, estabelecemos a função f: R → ]-1,1[ definida por f(x) = x/1+|x|. Analise as seguintes afirmativas sobre a função f:
I-f é sobrejetora.
II-f é injetora.
III-f é bijetora.
IV-f é estritamente decrescente
Assinale a única alternativa correta: