FELICIDADE INTERNA BRUTA
E se fosse possível medir o nível de felicidade das pessoas? Foi o que fez o rei do
Butão, pequeno país do Himalaia, questionando se o Produto Interno Bruto seria o melhor
índice para designar o desenvolvimento de uma nação. O conceito de Felicidade Interna
Bruta (FIB) nasceu em 1972 e atraiu a atenção do mundo como uma nova fórmula para o
[5] cálculo de riqueza de um país que considera aspectos como a conservação do meio ambiente
e a qualidade de vida das pessoas. O FIB tem quatro pilares: economia, cultura, meio
ambiente e boa governança.
Em uma pesquisa de 2005 no Butão, 97% da população disse estar entre ‘Feliz’ e
‘Muito Feliz’. Ao passar a aferir os índices do FIB e criar políticas públicas para atacar os
[10] problemas encontrados, o país conseguiu dar um salto em seus indicadores sociais e chamar
a atenção do mundo para essa experiência inovadora.
A felicidade também foi motivo de pesquisa em duas revistas internacionais. A
Journal of Reserch in Personality e o Journal of Hapiness Studies apontaram em 2008 que
dois fatores são determinantes para o nível de felicidade do ser humano: a genética,
[15] responsável por 50% desse sentimento, e o comportamento positivo diante da vida, que
equivale a 40%. Já os 10% restantes, segundo a pesquisa, são referentes a circunstâncias
como beleza, dinheiro, fama e prestígio, tão desejadas pela maioria das pessoas.
Susan Andrews, psicóloga e antropóloga formada pela Universidade de Harvard e
coordenadora do FIB no Brasil (www.felicidadeinternabruta.org.br), sintetiza a questão:
[20] “Estamos vivendo numa época única da história. Temos prédios mais altos, mas ‘pavios mais
curtos’; mais conveniências, porém menos tempo. Compramos mais, mas desfrutamos
menos. Estamos conectados por satélites e internet, mas nos sentimos mais solitários do que
nunca. E as pessoas estão sentindo esse doloroso paradoxo nas suas vidas pessoais. O Brasil
está se tornando uma potência mundial. É a hora de refletir: Qual o caminho que o nosso país
[25] deveria seguir? Seria o curso traçado pelos EUA, onde o PIB aumentou três vezes desde os
anos 1950, mas onde a felicidade das pessoas de fato declinou? Onde uma em quatro pessoas
é infeliz ou deprimida? Onde durante esse mesmo período quando o PIB triplicou, o número
de divórcios duplicou, o de suicídios entre adolescentes triplicou, o de crimes violentos
quadruplicou, e a população carcerária quintuplicou? Os americanos aumentaram sua
[30] riqueza dramaticamente, mas no processo perderam algo muito mais precioso – seu sentido
de comunidade. E é exatamente isso que as pesquisas psicológicas constatam ser a
verdadeira e duradoura fonte de felicidade: laços harmoniosos e amorosos entre as pessoas.
Será que o Brasil deveria perseguir o “Sonho Americano”, que agora com essa crise está se
tornando um pesadelo? Ou será que poderíamos optar por um caminho de desenvolvimento
[35] holístico e integrado como esse que o FIB representa, e mostrar um novo modelo para o
mundo? Acredito que a hora para decidir isso é agora”.
Fonte: Editorial - Extraclasse, ano 14, n. 138, out. 2009, pág 2.
Observe as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I- O articulador “E”, empregado no início do texto, cria uma perspectiva de um continuum discursivo, ligando o que vai ser apresentado a outro(s) texto(s) sobre a mesma temática e ao conceito utilizado como título.
II- A substituição do travessão da linha 30 por vírgula ou por dois pontos implica alteração no sentido da frase.
III- O elemento referencial “isso” (linha 31) dá a ideia de comunidade e antecipa o conceito que será apresentado a seguir para a expressão referida.
IV- O elemento coesivo “essa” (linha 33) remete a um conteúdo extratextual