Com base nos discursos apresentados nos quadrinhos, assinale a alternativa que completa corretamente a seguinte frase: O propósito comunicativo está em...
Considerando os critérios de coesão e coerência, dadas as afirmativas sobre a tirinha,
I. Mesmo sem a presença de palavras, a tirinha pode ser considerada um texto que apresenta tanto coesão quanto coerência.
II. A coesão textual se justifica porque as imagens estão todas relacionadas e seguem uma ordenação lógica.
III. A coerência, no contexto referente, é marcada pela temática abordada de modo claro e progressivo: o posicionamento do garoto para arremessar a bola, a trajetória da bola e a derrubada dos pinos.
verifica-se que está(ão) correta(s)
HOJE NA HISTÓRIA: 1913 – IGOR STRAVINSKY ESTREIA EM PARIS SEU POLÊMICO BALÉ 'A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA'
Quando as cortinas do recém-inaugurado – e arquitetonicamente controverso – Teatro de Champs-Elysees se abriram, parecia que toda a sociedade parisiense ali estava. Havia uma grande expectativa cercando a nova produção. A publicidade do espetáculo dizia ser arte real e verdadeira que desprezava os tradicionais limites de espaço e tempo.
Assim que os primeiros acordes e os primeiros passos se viram e ouviram, a plateia começou a reagir ruidosamente com assobios, vaias e gritos. Originalmente intitulado A Vítima, o balé de Stravinsky representava uma celebração pagã em que uma virgem se sacrifica ao deus da primavera. A música era dissonante e estranha, enquanto a coreografia de Nijinsky marcava um radical afastamento do balé clássico, os bailarinos dobrando os dedões dos pés e seus membros movimentando-se mecanicamente em ângulos em vez de suaves e sinuosos movimentos.
A incontrolável plateia tornou-se tão participante do espetáculo quanto os bailarinos e músicos. Cerca de um quarto dos que protestavam foram levados para fora à força, porém não foi suficiente para sufocar o distúrbio. As luzes do auditório foram totalmente acesas, mas o barulho continuou.
A dançarina Piltz representava a moça do sacrifício executando sua estranha dança de histeria religiosa num palco ofuscado pelas luzes fulgurantes da plateia, aparentemente acompanhando os desconexos desvarios de uma multidão de homens e mulheres encolerizados. A cobertura pela imprensa do balé – que hoje é considerado uma das grandes realizações musicais do século 20 – foi gritantemente negativa. A música foi qualificada como mero barulho e a dança como uma paródia horrivelmente feia do balé tradicional. [...]
Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2015.
O evento referido pelo texto, a estreia do ballet A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, ocorreu em 1913. A partir das informações do texto, é possível ler esse evento como um dos mais emblemáticos exemplos de
Dadas as afirmativas a respeito dos recursos expressivos empregados nos discursos do personagem da tira,
I. O personagem usa a conjunção conformativa, na primeira fala (1º quadrinho) e, logo em seguida, questiona sua afirmação, colocando-a em oposição à ideia inicial.
II. Em: “Mas eu não posso pensar nisso como algo ruim” (2º quadrinho) aparece, para enfatizar a ideia, uma ação executada num presente momentâneo, uma vez que o personagem utilizou o verbo auxiliar “poder” unido a uma forma nominal do verbo “pensar”.
III. No último quadrinho, a característica atribuída a “livros” foi intensificada por um advérbio.
verifica-se que está(ão) correta(s)
O suor e a lágrima
Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase 41. No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais quente deste verão que inaugura o século e o milênio. Cheguei ao Santos Dumont, o voo estava atrasado, decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio, são raros esses engraxates, só existem nos aeroportos e em poucos lugares avulsos.
Sentei-me naquela espécie de cadeira canônica, de coro de abadia pobre, que também pode parecer o trono de um rei desolado de um reino desolante.
O engraxate era gordo e estava com calor – o que me pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos, cromo italiano, fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o pouco, em parte para poupá-lo, em parte porque quando posso estou sempre de tênis.
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e a calva. Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante. Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo instante o usava para enxugar-se – caso contrário, o suor inundaria o meu cromo italiano.
E foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo ficaram manchadas de graxa e o meu sapato adquiriu um brilho de espelho à custa do suor alheio. Nunca tive sapatos tão brilhantes, tão dignamente suados. Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo o que eu viesse a precisar nos restos dos meus dias.
Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano, salgado como lágrima.
CONY, Carlos Heitor. Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de folha. Publifolha: São Paulo, 2001, p. 319.
Dadas as afirmativas acerca do texto,
I. Ao problematizar uma situação cotidiana, o narrador faz referência a dois elementos que, à primeira vista, são incompatíveis do ponto de vista semântico: suor e lágrima.
II. Apesar da narrativa não ser linear, o autor, pela sucessão de ações que descrevem o ambiente e os personagens, cria uma relação de ideias em cada trecho do texto.
III. O gênero textual em questão é uma crônica, por apresentar um certo subjetivismo na linguagem.
IV. As marcas de subjetividade que aparecem no texto comprometem a consistência da argumentação apresentada pelo autor.
verifica-se que está(ão) correta(s) apenas
É possível inferir que esse gênero textual focaliza