TEXTO
Gabriel, o Pensador
Que tiro foi esse?
Não, não vou cair no chão, pelo menos agora
Eu também sou brincalhão, mas brincadeira tem hora
Lá fora, no meu Rio, cada vez mais gente chora
[5] E cada vez mais gente boa tem vontade de ir embora
O Rio que a gente adora comemora o carnaval
E a violência apavora, ou você acha normal?
A boca que explode, o silêncio do medo
O suspiro da morte banal
[10] O lamento de um povo que implora
Por uma vitória do bem sobre o mal
Atenção: confusão, invasão
Tiroteio fechando a avenida outra vez
Muita bala voando e acertando
[15] Até mesmo as crianças; às vezes, bebês
Criança, meu irmão, não é estatística, é gente
(...)
E os valores são invertidos
Se o desonesto é malandro
[20] O menor também quer ser bandido
Alguns, né, a minoria.
(...)
A mãe desmaiou no enterro
Você não desmaiaria?
[25] Que força você teria pra enterrar o seu garoto?
Que forças ainda temos
Pra nos amar uns aos outros?
E nos armar de indignação por justiça e educação
(...)
[30] Pra que essas crianças não tenham morrido em vão
Sofia, Maria Eduarda, Caíque, Fernanda
Arthur, Paulo Henrique, Renan
Eduardo, Vanessa, Vitor
Esses foram ano passado
[35] Quem será que vai ser amanhã?
(https://genius.com/13846436. Acesso em 24 de fevereiro 2018)
Observa-se, na canção de Gabriel, o Pensador, o uso de linguagem oral, a utilização de rimas e interpelação ao leitor.
Todos esses três elementos NÃO estão presentes somente em
TEXTO
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar
que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura
e simples" para alcançar uma almejada "civilização",
calcada sobre relações livres, iguais e fraternas, típicas do
[5] homem culto. Um olhar sobre a história, no entanto, põe em
xeque esta visão utópica. Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com
apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram,
[10] ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência,
propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. Nos
ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como,
desde a antiguidade e ao longo da história humana, a
violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
[15] poder, seja entre Estado e cidadãos, entre livres e
escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes
religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos
como a violência se manifesta na religiosidade, durante o
movimento das Cruzadas. Ou, hoje, no caso dos
[20] movimentos sociais, como ela acontece em relação aos
excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação
do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste,
[25] também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com
significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar
[30] uma sociedade em determinado momento. (...) Essas
variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após
julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de
sua humanidade, o réu era declarado homo sacer. Ou
[35] seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.
Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme
propósito de fazer da morte dos condenados um
espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido
religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
[40] manutenção e ratificação das relações de poder." (...) O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos
que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. "Desde Voltaire
até Kant e Hegel, acreditava-se no contínuo
[45] aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha
inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto,
perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, deixou claro que a luta pela dignidade humana é
um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) E,
[50] sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia,
Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os
homens nesse começo do século XXI." O historiador
prossegue: "De forma paradoxal, a globalização, conforme
[55] se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, é
fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e
incompreensões crescentes. Na Bósnia ou em Kosovo, na
Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de
[60] entendimento chegou a seu mais baixo nível de tolerância,
e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." Como nem tudo se limita às
questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as
formas que a violência assume nas relações de gênero,
[65] na religião, na cultura e aborda também a questão dos
direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes
sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Da leitura global do texto, só é correto o que se afirma em:
TEXTO
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar
que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura
e simples" para alcançar uma almejada "civilização",
calcada sobre relações livres, iguais e fraternas, típicas do
[5] homem culto. Um olhar sobre a história, no entanto, põe em
xeque esta visão utópica. Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com
apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram,
[10] ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência,
propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. Nos
ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como,
desde a antiguidade e ao longo da história humana, a
violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
[15] poder, seja entre Estado e cidadãos, entre livres e
escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes
religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos
como a violência se manifesta na religiosidade, durante o
movimento das Cruzadas. Ou, hoje, no caso dos
[20] movimentos sociais, como ela acontece em relação aos
excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação
do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste,
[25] também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com
significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar
[30] uma sociedade em determinado momento. (...) Essas
variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após
julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de
sua humanidade, o réu era declarado homo sacer. Ou
[35] seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.
Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme
propósito de fazer da morte dos condenados um
espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido
religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
[40] manutenção e ratificação das relações de poder." (...) O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos
que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. "Desde Voltaire
até Kant e Hegel, acreditava-se no contínuo
[45] aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha
inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto,
perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, deixou claro que a luta pela dignidade humana é
um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) E,
[50] sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia,
Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os
homens nesse começo do século XXI." O historiador
prossegue: "De forma paradoxal, a globalização, conforme
[55] se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, é
fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e
incompreensões crescentes. Na Bósnia ou em Kosovo, na
Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de
[60] entendimento chegou a seu mais baixo nível de tolerância,
e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." Como nem tudo se limita às
questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as
formas que a violência assume nas relações de gênero,
[65] na religião, na cultura e aborda também a questão dos
direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes
sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Assinale a alternativa em que o termo em destaque foi utilizado com a função de apresentar um juízo de valor.
TEXTO
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar
que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura
e simples" para alcançar uma almejada "civilização",
calcada sobre relações livres, iguais e fraternas, típicas do
[5] homem culto. Um olhar sobre a história, no entanto, põe em
xeque esta visão utópica. Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com
apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram,
[10] ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência,
propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. Nos
ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como,
desde a antiguidade e ao longo da história humana, a
violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
[15] poder, seja entre Estado e cidadãos, entre livres e
escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes
religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos
como a violência se manifesta na religiosidade, durante o
movimento das Cruzadas. Ou, hoje, no caso dos
[20] movimentos sociais, como ela acontece em relação aos
excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação
do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste,
[25] também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com
significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar
[30] uma sociedade em determinado momento. (...) Essas
variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após
julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de
sua humanidade, o réu era declarado homo sacer. Ou
[35] seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.
Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme
propósito de fazer da morte dos condenados um
espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido
religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
[40] manutenção e ratificação das relações de poder." (...) O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos
que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. "Desde Voltaire
até Kant e Hegel, acreditava-se no contínuo
[45] aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha
inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto,
perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, deixou claro que a luta pela dignidade humana é
um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) E,
[50] sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia,
Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os
homens nesse começo do século XXI." O historiador
prossegue: "De forma paradoxal, a globalização, conforme
[55] se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, é
fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e
incompreensões crescentes. Na Bósnia ou em Kosovo, na
Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de
[60] entendimento chegou a seu mais baixo nível de tolerância,
e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." Como nem tudo se limita às
questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as
formas que a violência assume nas relações de gênero,
[65] na religião, na cultura e aborda também a questão dos
direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes
sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Pela leitura do texto, pode-se inferir que o livro Violência na História apresenta textos que
TEXTO
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar
que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura
e simples" para alcançar uma almejada "civilização",
calcada sobre relações livres, iguais e fraternas, típicas do
[5] homem culto. Um olhar sobre a história, no entanto, põe em
xeque esta visão utópica. Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com
apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram,
[10] ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência,
propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. Nos
ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como,
desde a antiguidade e ao longo da história humana, a
violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
[15] poder, seja entre Estado e cidadãos, entre livres e
escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes
religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos
como a violência se manifesta na religiosidade, durante o
movimento das Cruzadas. Ou, hoje, no caso dos
[20] movimentos sociais, como ela acontece em relação aos
excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação
do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste,
[25] também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com
significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar
[30] uma sociedade em determinado momento. (...) Essas
variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após
julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de
sua humanidade, o réu era declarado homo sacer. Ou
[35] seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.
Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme
propósito de fazer da morte dos condenados um
espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido
religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
[40] manutenção e ratificação das relações de poder." (...) O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos
que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. "Desde Voltaire
até Kant e Hegel, acreditava-se no contínuo
[45] aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha
inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto,
perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, deixou claro que a luta pela dignidade humana é
um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) E,
[50] sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia,
Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os
homens nesse começo do século XXI." O historiador
prossegue: "De forma paradoxal, a globalização, conforme
[55] se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, é
fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e
incompreensões crescentes. Na Bósnia ou em Kosovo, na
Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de
[60] entendimento chegou a seu mais baixo nível de tolerância,
e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." Como nem tudo se limita às
questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as
formas que a violência assume nas relações de gênero,
[65] na religião, na cultura e aborda também a questão dos
direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes
sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Assinale a alternativa em que a palavra ou expressão sugerida entre parênteses, ao substituir o que está destacado, provoca significativa mudança de sentido no Texto.
TEXTO
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar
que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura
e simples" para alcançar uma almejada "civilização",
calcada sobre relações livres, iguais e fraternas, típicas do
[5] homem culto. Um olhar sobre a história, no entanto, põe em
xeque esta visão utópica. Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, o livro
Violência na História, publicado pela Mauad Editora com
apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram,
[10] ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência,
propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. Nos
ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como,
desde a antiguidade e ao longo da história humana, a
violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
[15] poder, seja entre Estado e cidadãos, entre livres e
escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes
religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos
como a violência se manifesta na religiosidade, durante o
movimento das Cruzadas. Ou, hoje, no caso dos
[20] movimentos sociais, como ela acontece em relação aos
excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação
do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste,
[25] também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com
significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência
revolucionária, usada como forma de se tentar transformar
[30] uma sociedade em determinado momento. (...) Essas
variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após
julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de
sua humanidade, o réu era declarado homo sacer. Ou
[35] seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses.
Segundo a pesquisadora Norma Mendes, "havia o firme
propósito de fazer da morte dos condenados um
espetáculo de caráter exemplar, revestido de sentido
religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
[40] manutenção e ratificação das relações de poder." (...) O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos
que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. "Desde Voltaire
até Kant e Hegel, acreditava-se no contínuo
[45] aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha
inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto,
perpetrado em um dos países mais avançados e cultos à
época, deixou claro que a luta pela dignidade humana é
um esforço contínuo e, pior de tudo, lento. (...) E,
[50] sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia,
Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os
homens nesse começo do século XXI." O historiador
prossegue: "De forma paradoxal, a globalização, conforme
[55] se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias, é
fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e
incompreensões crescentes. Na Bósnia ou em Kosovo, na
Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de
[60] entendimento chegou a seu mais baixo nível de tolerância,
e transpor uma linha, imaginária ou não, entre bairros
pode representar a morte." Como nem tudo se limita às
questões políticas e às guerras, o livro ainda analisa as
formas que a violência assume nas relações de gênero,
[65] na religião, na cultura e aborda também a questão dos
direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes
sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Assinale a alternativa cuja palavra em destaque possui sentido denotativo.